As redes sociais colocaram o pensar humano e o livre arbítrio no limbo.
Decidir causa ansiedade, se entender causa frustração, falar causa ódio.
Vivemos a era da comparação, colocando em risco nossa saúde mental.
Antes, nos comparávamos pessoalmente, nossa inveja tava na vizinhança, em nossa família. Inveja da grama mais verde do vizinho, seu salário, seu carro... Tudo era mensurável. Alguns artistas criavam moda de roupas e cabelos, mas eles eram inalcançáveis e sabíamos disso.
Hoje, invejamos a personagem, o virtual, a AI, o photoshop, coisas que não existem no mundo real, pessoas que não conhecemos e que nem falam o nosso idioma. São inalcançáveis e parece não sabermos disso.
O cara perde o emprego e fala em final de ciclo e que tá tudo bem. A mulher sai de uma relação, e trata o rompimento de um sentimento básico das relações humanas, o amor, como se fosse uma libertação sem sequelas. O inverso também é verdadeiro.
O mundo está cheio de Polianas, Peter Pans, Gabrielas e Amélias com relações rasas e felicidades bobas. Falsamente, se mostram sem medo de perder.
Tratam perder como ganho, em segundos viram a chave sem passar pelas etapas de mal-estar, recomposição pessoal, readequação de espaços, avaliação de sua vida e reorganização de propósitos.
Há um desejo incontrolável de ser o que não é, parecer com os outros e se mostrar com uma capacidade de reação sobre-humana, beirando a idiotice.
A primeira coisa que me vem à cabeça quando vejo esse tipo de reação: infantilidade.
- Nem doeu!
Quem nunca disse isso contendo as lágrimas e a dor para parecer forte diante do agressor?
Só crescemos e amadurecemos quando pós-queda o levantar é acompanhado de um processo de diagnóstico, convalescença e cura.
Levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima é amadurecimento, mas tudo tem seu tempo, não precisa ter pressa para levantar.
O sofrimento nos acompanha na vida.
A dor pontua nossa vida.
Perder é da vida!
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