Estamos
completando quase um ano de governo Temer e voltamos a constatar que tudo continua
igual, ou pior.
O
Brasil segue vivendo ciclos periódicos de duas síndromes que postergam ações
afirmativas que possam realmente encaminhar soluções para os problemas do país.
Não
sei quem primeiro usou os termos, mas falo da SÍNDROME DA RESPONSABILIZAÇÃO REGRESSIVA (SRR) e da SINDROME DA REIVINDICAÇÃO SUCESSIVA
(SRS).
A
SRR é caracterizada pela transferência da culpa de qualquer coisa para o
antecessor. Talvez eles tenham razão, porque nossos problemas são novos. Nunca
tivemos problemas com o inchaço do estado, com a desigualdade social, com a
concentração de renda, com os oligopólios, com a política fisiológica, as
desigualdades regionais, com a falta de infraestrutura, com a tributação, com a
falta de gestão na saúde, com a ausência de investimento e organização na
educação, com uma segurança pública sem estratégia nacional e sem integração entre
os estados e as polícias, com um judiciário paquidérmico e omisso, com um
legislativo fisiológico, com uma legislação anacrônica e dezenas de outras
mazelas. O discurso é que as mudanças não podem ser feitas pela herança, pelos
problemas ou pelas atitudes do antecessor. Até parece que os eleitos chegaram
ao poder vindos de outro planeta.
A
SRS, muito usada quando não cabe a desculpa anterior, espertamente, demonstra a
“vontade” política em resolver o problema, condicionando sua execução se outras
medidas forem tomadas. Diante do risco de ser colocado frente a frente com sua
incompetência, surgem os Grupos de Trabalho (os famigerados GTs), programas com
nomes pomposos, agenda positiva e outras panaceias com o intuito claro de
empurrar o problema com a barriga, ganhar algumas manchetes (nossa imprensa
adora isso) e faturar dividendos políticos e financeiros.
Durante
a guerra fria, corria uma piada sobre o encontro de dois líderes russos,
antecessor e sucessor, onde o novato recebia três envelopes numerados de 1 a 3
com a orientação de ler na ordem numérica, cada vez que a situação política
ficasse insustentável.
No
primeira grande crise, ele abriu o primeiro envelope. Em uma grande folha
branca estava escrito apenas “ponha a culpa em mim”. Ele fez o sugerido em rede
nacional, o povo se acalmou e o problema foi empurrado com a barriga.
Veio
a segunda crise, maior que a primeira e ele se socorre da experiência do
antecessor, abrindo o envelope de número 2. Em folha única, em letras
garrafais, lia-se “CRIE UM COMITÊ GESTOR DA CRISE”. O comitê não resolveu nada,
mas o povo ficou satisfeito por vê-lo agir.
Passado
algum tempo, chegou o grande problema. Colocado num beco sem saída, sem apoio e
sem opção, abre o terceiro envelope, onde estava escrito apenas “ESCREVA TRÊS CARTAS”.
Enquanto
o povo não encontrar uma cura para essas síndromes, seguiremos assistindo um filme
que se repete, repete, repete...
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