Cincopes

on 24 janeiro 2018

PROSA - JANELAS DA LIBERDADE

“Porque alguns homens com sabedoria,
Usam buçal acatando infames”
Pedro Ortaça
Nossa inteligência está pasma com a situação, mas a maior culpada é ela.
Não há maneira mais fácil de dividir para conquistar do que dominar uma elite usando argumentos como medo, preconceito e rancor.
A frase do senador Cristovam Buarque – “sou golpista, mas não sou corrupto”, define bem a situação. Um homem com trajetória política, defensor da educação como ferramenta de transformação, preferiu corromper seus princípios a se posicionar com bravura diante dos argumentos que os espertos jogaram sobre a inteligência. Além de golpista, é corrupto, não por dinheiro, mas por rancor. Nunca digeriu sua demissão do Ministério da Educação.

Países tão díspares como Finlândia, Islândia, Cuba e Coréia do Sul fizeram uma revolução na educação usando as ideias de Paulo Freire. Nenhuma escola no Brasil aplica o método, porque educação no Brasil não é para libertar, mas dominar.
A Coréia do Sul promove o maior seminário internacional sobre Paulo Freire. O tigre asiático viu seus alunos terem excelentes notas nas provas do Pisa, mas descobriu que as competências matemáticas e gramaticais eram insuficientes para seu projeto de país. Incluiu Paulo Freire e a capacidade de gerir, trabalhar em grupo e perceber a realidade foi que fez a verdadeira revolução educacional no país.
Basta ver os resultados do Enem e vamos entender a preocupação sul-coreana. Nossas escolas têm excelentes notas na educação formal, mas se estratificarmos as notas de redação, veremos que as escolas com as melhores notas se preocupam com o ensino formal clássico – matemática e português, preparam os alunos para o Enem, não para a vida. A Finlândia, por exemplo, é apenas a quinta colocada em matemática no Pisa, mas é destaque na educação e conhecimento.
Enquanto isso, no Brasil, nossas escolas estão voltando aos métodos do século 18.
Os conservadores brasileiros seguem a teoria de Mao Tse Tung de que o proletariado é o motor da sociedade, mas a fagulha que gera a explosão que o faz funcionar é a classe média, a inteligência. Essa é que deve ser dominada, porque o proletariado reage a ação, ao trabalho, às realizações. A classe média reage ao sonho, ao medo, ao temor do desconhecido. Como o proletariado nem sempre reage racionalmente aos resultados, a revolução só acontece com a manipulação da classe média, que sempre seguirá o dominador por sonhar ser ele um dia.
Basta dar uma olhadinha nas redes sociais e nos movimentos histriônicos patéticos para constatar que o Brasil se enquadra perfeitamente nesta realidade.