“Porque alguns homens com sabedoria,
Usam buçal acatando infames”
Pedro Ortaça
Nossa inteligência está pasma com a situação,
mas a maior culpada é ela.
Não há maneira mais fácil de dividir para
conquistar do que dominar uma elite usando argumentos como medo, preconceito e
rancor.
A frase do senador Cristovam Buarque – “sou
golpista, mas não sou corrupto”, define bem a situação. Um homem com trajetória
política, defensor da educação como ferramenta de transformação, preferiu
corromper seus princípios a se posicionar com bravura diante dos argumentos que
os espertos jogaram sobre a inteligência. Além de golpista, é corrupto, não por
dinheiro, mas por rancor. Nunca digeriu sua demissão do Ministério da Educação.
Países tão díspares como Finlândia, Islândia,
Cuba e Coréia do Sul fizeram uma revolução na educação usando as ideias de
Paulo Freire. Nenhuma escola no Brasil aplica o método, porque educação no
Brasil não é para libertar, mas dominar.
A Coréia do Sul promove o maior seminário
internacional sobre Paulo Freire. O tigre asiático viu seus alunos terem
excelentes notas nas provas do Pisa, mas descobriu que as competências
matemáticas e gramaticais eram insuficientes para seu projeto de país. Incluiu
Paulo Freire e a capacidade de gerir, trabalhar em grupo e perceber a realidade
foi que fez a verdadeira revolução educacional no país.
Basta ver os resultados do Enem e vamos
entender a preocupação sul-coreana. Nossas escolas têm excelentes notas na
educação formal, mas se estratificarmos as notas de redação, veremos que as
escolas com as melhores notas se preocupam com o ensino formal clássico –
matemática e português, preparam os alunos para o Enem, não para a vida. A
Finlândia, por exemplo, é apenas a quinta colocada em matemática no Pisa, mas é
destaque na educação e conhecimento.
Enquanto isso, no Brasil, nossas escolas
estão voltando aos métodos do século 18.
Os conservadores brasileiros seguem a teoria
de Mao Tse Tung de que o proletariado é o motor da sociedade, mas a fagulha que
gera a explosão que o faz funcionar é a classe média, a inteligência. Essa é
que deve ser dominada, porque o proletariado reage a ação, ao trabalho, às
realizações. A classe média reage ao sonho, ao medo, ao temor do desconhecido.
Como o proletariado nem sempre reage racionalmente aos resultados, a revolução
só acontece com a manipulação da classe média, que sempre seguirá o dominador
por sonhar ser ele um dia.
Basta dar uma olhadinha nas redes sociais e nos movimentos histriônicos patéticos para constatar que o Brasil se enquadra perfeitamente nesta realidade.
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