Cincopes

on 01 maio 2017

PLANEJAMENTO - COMPROMISSO E RESPONSABILIDADE

Cedo aprendi a diferença entre compromisso e responsabilidade.
Em minha pré-adolescência me envolvi em atividades diversas como tarefas em casa, escola, teatro, futebol, coral e basquete.
Em nenhum momento me senti pressionado, sempre cumprindo minha agenda com prazer e envolvimento. Claro que a tenra idade facilita a recuperação de energia, adaptação quase imediata a novos ambientes e um aprendizado inconsciente quanto as regras específicas de cada lugar. Importante, também, foi a satisfação em viver isso, sem a cobrança de excelência ou cumprimento de metas, com exceção dos estudos, a não ser a convivência, a ampliação de horizontes e a socialização.
Lembrei disso ao ser convocado a participar da festa pelos cinquenta anos dos Canarinhos do São Luiz, coral formado por trinta e seis jovens entre oito e quatorze anos, do Colégio marista do mesmo nome, de Santa Cruz do Sul-RS.
Cheguei ao coral com nove anos e só saí aos catorze, porque meu pai foi transferido para Porto Alegre. Uma época rica de vivências e experiências, esfuziante, alegre e cheia de descobertas. Lembro da emoção de cada viagem, do frio na barriga antes de entrar no palco, da recompensa dos aplausos, da euforia com o disco recém lançado, do uniforme novo ou quando o então irmão Carmo, regente, depois de muito ensaio, aprovava a música nova para ser incluída no repertório.
Eu estudava pela manhã, tinha ensaio às seis da tarde e corria para o ginásio do Clube Coríntians de Santa Cruz, onde jogava basquete na equipe da categoria infanto.
O treinador era um uruguaio, Cigano, que exigia da gente como se fôssemos profissionais. Treinávamos de terça à sexta, das 19 h às 21h, e jogávamos amistosos e disputávamos o campeonato estadual nos domingos pela manhã.
Então, meu final de semana era show, muitas vezes com viagens, nas sextas ou sábados à noite, basquete no domingo pela manhã e ainda sobrava tempo para as reuniões dançantes na casa de alguém ou no clube Aliança, no final de tarde.
Mesmo com tudo isso, tínhamos tempo para jogar futebol num campinho atrás do cemitério, onde brincávamos de esconder à noite. O campinho era em terreno inclinado, então jogávamos um tempo lomba acima e virava pra jogar lomba abaixo.
O que tem a ver minhas reminiscências com o título deste artigo? Tudo!
Hoje, como gestor, noto como é importante fazer as pessoas entenderem a diferença entre compromisso e responsabilidade.
O compromisso é comprado pelo salário, mas a responsabilidade é que leva à produtividade.
O compromisso é cumprir a burocracia, chegar na hora, cumprir o horário, preencher as planilhas, atender mecanicamente o cliente.
A responsabilidade é estar envolvido com os valores e a missão da empresa, ser proativo, participativo e buscar sempre o aprimoramento pessoal e do sistema de trabalho.
O compromisso é tácito, contratual, mas a responsabilidade tem que ser incentivada pelo gestor. Promover a participação, ter um bom ambiente de trabalho, criar ferramentas de análise e gestão de pessoas, ser coach de sua equipe e reconhecer o esforço e o desempenho individual são tarefas que o bom gestor tem que estar preparado para desempenhar. Ser apenas o chefe não vai fazer você ter um time, mas apenas funcionários loucos que chegue a hora de ir embora.
Isso é o que aprendi na minha juventude e que pratico há longos anos gerindo pessoas, liderando equipes e cumprindo metas. Nem sempre é fácil, mas qualificação e empatia são primordiais.
Mesmo sendo um jovem com uma série de tarefas, nunca as senti como compromisso, mas as cumpria com responsabilidade. E acho que tive sucesso, porque em todas fui feliz.