Cincopes

on 29 julho 2020

PLANEJAMENTO - A SACUDIDA

“Toda a crise possui três elementos: uma solução, um prazo de validade e uma lição de vida”, Alex Nascimento.

A crise colocou em cheque a capacidade de gestores, seus planejamentos e a própria estrutura organizacional das empresas.

Quem achou que era uma crisezinha, que ia passar logo, vai sofrer para superar este momento ainda sem data para acabar.


O imediatismo nas atitudes de gestores e empreendedores não serve para temporadas incertas, tanto pela gravidade quanto pela duração.

São os despreparados que estão mais preocupados, muitas das vezes por sua gestão temerária, sem planejamento, sem níveis de responsabilidade gerencial e sem comprometimento financeiro de reserva para momentos difíceis.

As sequelas vão se estender por um longo tempo. Muitas quebrarão ou serão vendidas nos próximos anos por imprevidência ou erros de gestão durante a crise.

Em plena pandemia e com demanda retraída, a Gucci anunciou a redução de 110 para 38 o número de representantes na Itália com a finalidade de manter o valor de seus produtos, vendendo o desejo pela marca mais do que pelo produto. Essa estratégia deve ser replicada em suas operações em todo o mundo.

Óbvio que estamos falando de mercado de alto luxo, mas em menor escala, o princípio serve para qualquer empresa, no todo ou em parte.

Simplificando, a estratégia da Gucci é manter o que tem, aumentar seu ticket médio e a rentabilidade de cada produto.

Se você não está muito bem alavancado, vai gastar o que tem ou o que não tem nesse período em busca de novos consumidores. Passada a crise, você terá fôlego para enfrentar as empresas que estrategicamente se preocuparam em manter seus clientes? Você terá energia para transformar consumidores da concorrência em seus clientes? Você terá caixa para enfrentar a disputa do cliente baseado no menor custo?

O preço será o grande diferencial pós crise, seja pela falta de recursos, seja pela incerteza que nos acompanhará pelos próximos dois anos.  A vantagem estará com quem tiver uma política estratégica de relacionamento com seu cliente e poder (caixa) para administrar seus preços.

Quando oferecemos ao mercado um portfólio muito variado temos dificuldade em calcular os custos específicos de cada um, o que nos leva a aplicar uma margem de lucro “desonesta”, para mais ou para menos.

E sem manter um controle sobre a rentabilidade de cada um, é difícil saber o que vale a pena continuar a oferecer ou avaliar com apuro o diferencial para melhorar seu desempenho.

Essa é a lição de casa da crise.

É o momento de avaliar seu portfólio, repensar seu relacionamento com o cliente, analisar sua estrutura, mensurar sua operação e projetar um cenário futuro para suas operações avaliando seu negócio, a reação da concorrência, o quadro econômico, o novo perfil do consumidor e o momento político.

Serão tempos de novos tipos de consumidores, pouco crédito, capital caro, muito desemprego, instabilidade política e piora do cenário social.

Não é fatalismo, é uma possibilidade real.