Cincopes

on 07 dezembro 2020

PLANEJAMENTO - GERENCIANDO GERAÇÕES

É chavão dizer que o novo milênio é da tecnologia, mas ouso dizer que será a era do desenvolvimento das relações humanas, da proximidade entre as pessoas com afinidades afetivas, ideológicas, de propósito, de interesses. Essa proximidade não será necessariamente física e acontecerá graças a tecnologia.

O home office acabou de chegar e logo será substituído pelo anywhere office. Os ambientes de trabalho estão rejuvenescendo, se expandindo e se fragmentando, causando um impacto geracional e gerencial na vida das empresas.

Como na educação brasileira, os locais de trabalho têm muitas pessoas do século XX, ensinadas por pessoas e técnicas do século IXX, orientando jovens do século XXI, a Geração Y ou Millenials.

Quando ouço a frase “no meu tempo não era assim”, sei que o problema não é a nova maneira de fazer, apenas o autor da frase está fora do lugar. Esse mundo não é mais dele, está sendo desenhado, modificado e construído, apesar dele.

Para o gestor/líder é um desafio hercúleo abraçar a diferença de gerações e descobrir como ser efetivo e proativo, melhorando o desempenho e obter maiores resultados.

A Geração Y tem um perfil que precisamos entender para poder acessa-la.

-  São multitarefas

- O trabalho é meio para atender suas necessidades e não fim.

- Mostram equilíbrio entre vida pessoal e profissional (fim do amor à camiseta)

- Valorizam a compreensão dos superiores quanto às suas vidas pessoais

- A diversidade é parte de suas vidas

- A capacidade de expressão e a informalidade são valorizadas

 - Os relacionamentos são importantes

- Querem saber o porquê das coisas

- São movidos a desafios e motivação (não a de vestiários com gritos e palavras de ordem)

- São independentes e precisam de autonomia (constante gerenciamento = falta de confiança)

- Valorizam o trabalho em equipe

- Têm novos valores e outra visão de mundo

Para se aproximar deles o líder/gestor adaptativo deve saber lidar com diferenças, precisa abandonar seus preconceitos, ter paciência, alta capacidade de adaptação, facilidade de comunicação e desenvolver várias habilidades (ambiguity).

É o contrário do líder/gestor desafiado, aquele que considera o novo uma ameaça pessoal, inseguro, exigente, centralizador e que luta constantemente na reafirmação de sua autoridade.

Uma característica da geração milênio é a mente criativa, com alta capacidade de resolução de problemas e o desejo de fazer a diferença no mundo que estão ajudando a criar. Como mentes inquietas e disruptivas, a rotina, a longa jornada de trabalho, a falta de planejamento, as atividades repetitivas e burocráticas trazem o desencanto com o ambiente e o projeto. Isso coloca em risco a política da empresa para retenção de talentos e gera o aumento do turn over.

Os millenials admiram o feedback positivo e apreciam a atenção verdadeira, aquela ligada ao engajamento, do respeito à sua visão, opinião, críticas e sugestões.

Ser refratário às críticas sem embasamento é outra característica da Geração Y. O erro é reconhecido se acompanhado de justificativas não somente para reconhecer o erro, mas também para certificar-se de que, realmente, existiu o erro.

Os veteranos chamam de “mimimi” da Geração Y, quando na verdade é uma postura assertiva e direta, saber o porquê, entender o porquê, fazer só com propósito.

Os problemas gerenciais, muitas vezes, estão no líder que falhou no recrutamento ou ao definir a função. Um líder que cria demais, muda o foco a toda hora, inicia um novo projeto sem ter acabado outro, demonstra ser influenciável, indeciso e inseguro. Risco? Suas diretrizes sempre serão cumpridas com objeções, às vezes não explícitas, e sem possibilidade de aperfeiçoamento.

Para encantar um millenial, a empresa deve ter uma identidade clara, um foco preciso para que a cultura da empresa surja. Cultura não é definida pelo board. Cultura é o propósito da empresa, reforçado pelo mix de sensações e sentimentos originados nos colaboradores, clientes, parceiros, acionistas, investidores e mercado. Ela surge, principalmente do relacionamento dos clientes com a marca, mostrando quem realmente compra e não pra quem você vende. Entender essa diferença sutil define o potencial de mercado, a relação com seus colaboradores e a estratégia de marketing da marca.

Resumindo, recrute as melhores pessoas e antes de modificar a equipe mude sua forma de gerenciar, esteja disponível ao aprendizado, peça críticas construtivas, valorize as habilidades. Discuta soluções, não problemas, assuma sua culpa, construa pontes com essa geração confiante e exerça a autoridade com eficiência e eficácia.

Dê preferência sempre às pessoas, não às ideias. Pessoas criativas formam boas equipes que geram boas ideias. Boas ideias são destruídas por equipes ruins.