É chavão dizer que o novo milênio é da tecnologia, mas ouso dizer que será a era do desenvolvimento das relações humanas, da proximidade entre as pessoas com afinidades afetivas, ideológicas, de propósito, de interesses. Essa proximidade não será necessariamente física e acontecerá graças a tecnologia.
O home office
acabou de chegar e logo será substituído pelo anywhere office. Os ambientes
de trabalho estão rejuvenescendo, se expandindo e se fragmentando, causando um
impacto geracional e gerencial na vida das empresas.
Como na educação
brasileira, os locais de trabalho têm muitas pessoas do século XX, ensinadas
por pessoas e técnicas do século IXX, orientando jovens do século XXI, a Geração
Y ou Millenials.
Quando ouço a frase “no
meu tempo não era assim”, sei que o problema não é a nova maneira de fazer, apenas
o autor da frase está fora do lugar. Esse mundo não é mais dele, está sendo desenhado,
modificado e construído, apesar dele.
Para o gestor/líder é um
desafio hercúleo abraçar a diferença de gerações e descobrir como ser efetivo e
proativo, melhorando o desempenho e obter maiores resultados.
A Geração Y tem um
perfil que precisamos entender para poder acessa-la.
- São multitarefas
- O trabalho é meio para
atender suas necessidades e não fim.
- Mostram equilíbrio entre
vida pessoal e profissional (fim do amor à camiseta)
- Valorizam a compreensão
dos superiores quanto às suas vidas pessoais
- A diversidade é parte de
suas vidas
- A capacidade de
expressão e a informalidade são valorizadas
- Os relacionamentos são importantes
- Querem saber o porquê
das coisas
- São movidos a desafios e
motivação (não a de vestiários com gritos e palavras de ordem)
- São independentes e
precisam de autonomia (constante gerenciamento = falta de confiança)
- Valorizam o trabalho em
equipe
- Têm novos valores e
outra visão de mundo
Para se aproximar deles o líder/gestor
adaptativo deve saber lidar com diferenças, precisa abandonar seus
preconceitos, ter paciência, alta capacidade de adaptação, facilidade de comunicação
e desenvolver várias habilidades (ambiguity).
É o contrário do líder/gestor
desafiado, aquele que considera o novo uma ameaça pessoal, inseguro,
exigente, centralizador e que luta constantemente na reafirmação de sua
autoridade.
Uma característica da geração
milênio é a mente criativa, com alta capacidade de resolução de
problemas e o desejo de fazer a diferença no mundo que estão ajudando a criar.
Como mentes inquietas e disruptivas, a rotina, a longa jornada de
trabalho, a falta de planejamento, as atividades repetitivas e burocráticas trazem
o desencanto com o ambiente e o projeto. Isso coloca em risco a política da
empresa para retenção de talentos e gera o aumento do turn over.
Os millenials admiram o
feedback positivo e apreciam a atenção verdadeira, aquela ligada ao
engajamento, do respeito à sua visão, opinião, críticas e sugestões.
Ser refratário às críticas
sem embasamento é outra característica da Geração Y. O erro é reconhecido se
acompanhado de justificativas não somente para reconhecer o erro, mas também
para certificar-se de que, realmente, existiu o erro.
Os veteranos chamam de “mimimi”
da Geração Y, quando na verdade é uma postura assertiva e direta, saber o
porquê, entender o porquê, fazer só com propósito.
Os problemas gerenciais, muitas
vezes, estão no líder que falhou no recrutamento ou ao definir a função. Um
líder que cria demais, muda o foco a toda hora, inicia um novo projeto sem ter
acabado outro, demonstra ser influenciável, indeciso e inseguro. Risco? Suas diretrizes
sempre serão cumpridas com objeções, às vezes não explícitas, e sem
possibilidade de aperfeiçoamento.
Para encantar um
millenial, a empresa deve ter uma identidade clara, um foco preciso para que a
cultura da empresa surja. Cultura não é definida pelo board. Cultura é o
propósito da empresa, reforçado pelo mix de sensações e sentimentos originados
nos colaboradores, clientes, parceiros, acionistas, investidores e mercado. Ela
surge, principalmente do relacionamento dos clientes com a marca, mostrando
quem realmente compra e não pra quem você vende. Entender essa diferença sutil
define o potencial de mercado, a relação com seus colaboradores e a estratégia
de marketing da marca.
Resumindo, recrute as
melhores pessoas e antes de modificar a equipe mude sua forma de gerenciar,
esteja disponível ao aprendizado, peça críticas construtivas, valorize as
habilidades. Discuta soluções, não problemas, assuma sua culpa, construa pontes
com essa geração confiante e exerça a autoridade com eficiência e eficácia.
Dê preferência sempre às pessoas,
não às ideias. Pessoas criativas formam boas equipes que geram boas ideias. Boas
ideias são destruídas por equipes ruins.
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