“Qualquer país que tiver uma educação melhor que os EUA, será melhor que os americanos”.
“Quem construiu os EUA foi a classe média e os sindicatos, não o mercado”.
Joe Biden, Presidente EUA
Extraídas do
discurso da União do presidente norte-americano, Joe Biden, são frases
referência para entender a visão do governo norte-americano sobre os problemas
que afetam seu país há décadas, corroendo lentamente a paz social.
Uma das maiores dívidas está no financiamento estudantil. Mais da metade dos alunos que concluíram o ensino superior não conseguem pagar o dinheiro tomado para financiar seus estudos. As grandes universidades dependem muito dos estudantes estrangeiros.
O sistema de saúde se mostrou falho e o governo teve que desembolsar bilhões de dólares para que à rede privada ajudasse no atendimento aos norte-americanos na crise do Covid19.O número
crescente de famílias dormindo em carros, hotéis, motéis, abrigos públicos e de
ONGs assombra.
O drama
urbano com os sem teto morando em barracas, sob marquises, parques, estações de
metrô ou paradas de ônibus espalhados por todas as cidades têm três fontes – a
crise de 2008, o desemprego e os veteranos ex-combatentes das forças armadas.
Os números
são assustadores. Em Los Angeles são mais de 80 mil e em Nova Iorque, cerca de
110 mil. Alguns conseguem se organizar e vivem em acampamentos formado por
barracas de camping e abrigos de lona ou plástico.
O problema é
tão presente e grave que em algumas cidades há partidos políticos de homeless.
Num país com
cerca de 330 milhões de habitantes, são mais de 50 milhões de miseráveis, quase
7% da população. Percentualmente é menos que no Brasil, mas aqui há uma rede de
proteção mínima como o SUS e o Bolsa Família, por exemplo.
Não foi
gratuita a vitória de Nomadeland como melhor filme no Oscar desse ano.
Baseado na falácia da responsabilidade pessoal, onde sucesso ou fracasso
na vida é visto como símbolo de fortaleza ou frouxidão pessoal, se criou a promessa
de mobilidade social sem restrições, um destino impulsionado pela
autodeterminação e perseverança e que basta querer para vencer. O projeto iniciado no período Nixon e
ampliado no governo Reagan, diminuiu a presença do governo na assistência
social, concentrou a renda, desregulamentou e afrouxou a fiscalização levando a
precarização crescente e à crise de 2008, tão grave que a previsão feita na
época de que o país levaria 20 anos para se recuperar parece acertada. O
governo Trump e a pandemia aprofundaram a crise.
Na
Inglaterra, situação semelhante aconteceu com o plano Tatcher que levou à crise
de identidade inglesa e ao Brexit, apesar dos países europeus serem bons
exemplos em políticas sociais.
Os dois
países têm a educação no pivô da perda de inteligência. Os americanos perdem profissionais
nativos e formam inteligências estrangeiras, principalmente orientais e
africanas, que voltam aos seus países para desenvolver projetos e empreender.
Os ingleses eram o primeiro país da Europa no Pisa (Programa Internacional de
Avaliação de Estudantes) e hoje amargam o nono lugar.
Joe Biden tem
a China como adversário geopolítico e econômico, não ideológico ou por temer o
fantasma do “comunismo”. Ele sabe que o dólar pode se financiar por ser moeda
base do comércio mundial, mas isso é paliativo, não resolve o problema. Além do
risco da moeda chinesa se tornar referência mais estável no mercado mundial se
a projeção da China se tornar a maior potência mundial em 2050, se confirmar.
Biden tem a
convicção de que está na sociedade a solução, não no mercado.
Como sociedade, aposta que a americana é melhor que a chinesa.
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