“Líderes que não agem através do diálogo, mas insistem em impor suas decisões, não organizam as pessoas - elas as manipulam. Eles não liberam, nem são liberados: eles oprimem”, Paulo Freire
Após um
crescimento vertiginoso na primeira década deste século e estabilidade no
início da segunda, desde 2015 o Brasil vem caindo no ranking do Pisa.
Até 2010,
houve um aumento considerável de jovens na escola e isso não prejudicou a
qualidade do ensino, pelo contrário, a pressão
de dentro forçou a busca por melhoria. Infelizmente, o governo não conseguiu
atender as demandas e os jovens foram às ruas para serem, inocentemente,
usados.
No Brasil o foco ainda está na
memorização do conteúdo e muito pouco em entender. Não é só estudar física,
química, é preciso pensar como um cientista. Isso tem que ter um investimento
grande em professores e escolher suas prioridades. Por exemplo, entre investir
em todos os alunos ou nos alunos com mais dificuldades, a prioridade deveria
ser os alunos menos privilegiados."
Andreas Schleicher, diretor de Educação da OCDE
A educação brasileira tem
dois principais problemas que impactam todo o resto, a falta de investimentos e
de uma política duradoura e moderna. A atual gestão governamental quer voltar
aos anos 50, da “decoreba”, imposição de narrativa e meritocracia para
realidades diferentes. Além disso, a ciência está sob ataque, os conteúdos sob
censura e a liberdade educadora ameaçada.
Não conseguimos ter uma
educação que participe da economia com cérebros e pesquisa. As empresas não
investem em P&D, preferindo comprar pronto a buscar a inovação e soluções
compatíveis com nossa realidade.
Observo nas consultorias
que faço, o uso de ferramentas complexas, caras e com funcionalidades sem
utilidade, que podiam ser substituídas por outras compatíveis com a realidade
da empresa se buscasse parceria em startups, escolas técnicas ou universidades.
É hora do mercado focar
mais em venture building.
Ah, mas a economia...
O mercado é conhecido
como o pensamento da Bolsa de Valores, sistema financeiro e grandes corporações,
mas ele não é mais referência à economia real, serve apenas para conhecer os maiores
e melhores. As 84 empresas que compõem o “índice” estão vendo sua participação
no PIB diminuindo gradativamente. O mercado está sendo tomado por empresas menores, que não estão listadas na bolsa, são
fintechs, agrotechs, energytech, healthtechs, foodtechs, retailtechs e outras
que estão abocanhando uma boa fatia do mercado. Algumas delas serão unicórnios,
em breve.
Além disso, a Bolsa não
vive o dia a dia da economia, tem seu humor de acordo com expectativas futuras,
a espera do que pode acontecer. A atuação das techs impacta a economia e algumas
empresas terão fortes perdas, precisando se ajustar para sobreviver.
As gigantes do varejo e do e-commerce têm agilidade e recursos
para pivotar rapidamente. São empresas capitalizadas, com acesso a
financiamento barato, produtos com grande participação no seu setor e jogam de
mão no mercado. E o sistema bancário tem caixa para fusões e aquisições.
Por isso os
números expressivos nos balanços, enquanto a economia patina ou anda de lado.
As pessoas
comuns sofrem o drama da falta de política educacional, econômica e inflação.
Por isso a importância das políticas de inclusão colocadas em prática no início do século XXI. Os millenials foram à escola e ao mercado dispostos a serem a diferença.
A minha torcida é que o governo pare de atrapalhar a sociedade, a educação e o mercado ou em breve teremos um vácuo de empreendedorismo, inovação e pesquisa por falta de cérebros.
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