Cincopes

on 26 setembro 2022

POLÍTICA - APARTHEID BRASILEIRO

A civilização vai contra a natureza do homem.

O governo atual expos ainda mais um problema jamais discutido seriamente pelos brasileiros.

O governo Collor atraiu grupos econômicos para investir no Brasil. Entre esses, vieram alguns corridos de países como a África do Sul (fim do apartheid), Angola e Moçambique (fim da guerrilha e início da pacificação). Vislumbraram no país, campo fértil para difundir suas ideias. Ultraconservadores, iniciaram o processo comprando ou assumindo posições em empresas nacionais. Ministram cursos, usam bolsas no exterior para atrair jovens e disseminar sua ideologia e patrocinam políticos e mídia. São implacáveis contra qualquer movimento social.

Contestam estatutos (adolescente, idoso), povos originários, cotas, meio ambiente e políticas afirmativas. Não é uma exclusividade tupiniquim, estão em vários países, numa cruzada mundial, tomando partidos, mobilizando fanáticos e a direita ultraconservadora.

Seu menosprezo ao voto e à política lembra a luta pelo direito ao voto universal no século passado, uma ação insidiosa tentando criar cidadãos de primeira e de segunda classe.

No Brasil, a situação ficou mais clara nos últimos anos e crítica nesta campanha eleitoral.

Seus porta-vozes usam a crítica permanente, como se as vontades desse estrato social não contassem na construção de um país justo e equânime. Todo e qualquer movimento social é visto como inimigo, numa tentativa de barrar a evolução de nossa democracia representativa e conter a participativa.

Temem que a eleição de seus representantes, abale o status quo e limite o poder dos grupos que no início dos anos 1960, foram às ruas e deram um golpe de estado, colocando o país num limbo político de mais de duas décadas. Cercearam a liberdade, sufocaram vozes, imobilizaram a sociedade e aparelharam o estado nos últimos sessenta anos.

As sequelas estão aí! A sociedade ainda não sabe o que é democracia e os que saem da caverna, são hostilizados, humilhados e até agredidos.

O golpe de 64 foi a união do conservadorismo, nunca um movimento popular. Jamais venceu uma eleição direta. Por mais de duas décadas, sobreviveu criando casuísmos como o bipartidarismo; capitais e vários municípios declarados como “áreas de segurança nacional”; inventando jaboticabas como senador biônico, sublegenda, voto vinculado, eleições indiretas para governador e capitais, distribuindo canais de rádio e tv; destruindo empresas, criando oligopólios e elegendo o “presidente” num colégio eleitoral dominado por maioria parlamentar comprada, manipulada pela unificação de estados “inimigos” (RJ e GB), divisão dos amigos (MT), territórios virando estados ou pela cassação de mandatos de opositores.

Essas manobras criaram o parlamento atual, fisiológico e patrimonialista, a verdadeira “herança maldita” daquele período. Foi esse parlamento que fez a Constituinte e se colocou como avalizador de qualquer decisão do executivo e do judiciário.

Na atual campanha eleitoral, a extrema direita fustiga a sociedade com ameaças e projeções de caos usando como temas a corrupção (como se não fossem corruptos) e o medo de “fantasmas vermelhos”.

Um país com a diversidade étnica do Brasil, não pode ser refém de grupos que tentam criar uma guerra civil para se beneficiarem do caos. O reconhecimento pelo estado e pela sociedade de cada grupo ou cidadão e a liberdade para que possam desempenhar seu papel é fundamental ao país. Dessa diversidade cultural e étnica é que surgirá uma identidade nacional legítima. Esse é o caminho para que surja uma nação brasileira, que ao fim e ao cabo, é o verdadeiro temor de alguns.

A radicalização da campanha eleitoral impede o esclarecimento do eleitor e a discussão de temas cruciais com a profundidade necessária. O voto deixa de ser político para se transformar em manifestação religiosa e discriminatória.

Como saldo, o período bolsonaro nos deu a tristeza de descobrirmos realmente quem são e o que pensam certas pessoas.