A civilização vai contra a natureza do homem.
O
governo atual expos ainda mais um problema jamais discutido seriamente pelos
brasileiros.
O
governo Collor atraiu grupos econômicos para investir no Brasil. Entre esses, vieram
alguns corridos de países como a África do Sul (fim do apartheid), Angola e
Moçambique (fim da guerrilha e início da pacificação). Vislumbraram no país,
campo fértil para difundir suas ideias. Ultraconservadores, iniciaram o
processo comprando ou assumindo posições em empresas nacionais. Ministram cursos,
usam bolsas no exterior para atrair jovens e disseminar sua ideologia e patrocinam
políticos e mídia. São implacáveis contra qualquer movimento social.
Contestam
estatutos (adolescente, idoso), povos originários, cotas, meio ambiente e
políticas afirmativas. Não é uma exclusividade tupiniquim, estão em vários
países, numa cruzada mundial, tomando partidos, mobilizando fanáticos e a
direita ultraconservadora.
Seu
menosprezo ao voto e à política lembra a luta pelo direito ao voto universal no
século passado, uma ação insidiosa tentando criar cidadãos de primeira e de
segunda classe.
No
Brasil, a situação ficou mais clara nos últimos anos e crítica nesta campanha
eleitoral.
Seus
porta-vozes usam a crítica permanente, como se as vontades desse estrato social
não contassem na construção de um país justo e equânime. Todo e qualquer
movimento social é visto como inimigo, numa tentativa de barrar a evolução de
nossa democracia representativa e conter a participativa.
Temem
que a eleição de seus representantes, abale o status quo e limite o poder dos
grupos que no início dos anos 1960, foram às ruas e deram um golpe de estado,
colocando o país num limbo político de mais de duas décadas. Cercearam a liberdade,
sufocaram vozes, imobilizaram a sociedade e aparelharam o estado nos últimos sessenta
anos.
As
sequelas estão aí! A sociedade ainda não sabe o que é democracia e os
que saem da caverna, são hostilizados, humilhados e até agredidos.
O
golpe de 64 foi a união do conservadorismo, nunca um movimento
popular. Jamais venceu uma eleição direta. Por mais de duas décadas, sobreviveu
criando casuísmos como o bipartidarismo; capitais e vários municípios
declarados como “áreas de segurança nacional”; inventando jaboticabas como senador
biônico, sublegenda, voto vinculado, eleições indiretas para governador e
capitais, distribuindo canais de rádio e tv; destruindo empresas, criando
oligopólios e elegendo o “presidente” num colégio eleitoral dominado por maioria
parlamentar comprada, manipulada pela unificação de estados “inimigos” (RJ e
GB), divisão dos amigos (MT), territórios virando estados ou pela cassação de
mandatos de opositores.
Essas
manobras criaram o parlamento atual, fisiológico e patrimonialista, a verdadeira
“herança maldita” daquele período. Foi esse parlamento que fez a Constituinte e
se colocou como avalizador de qualquer decisão do executivo e do judiciário.
Na
atual campanha eleitoral, a extrema direita fustiga a sociedade com ameaças e
projeções de caos usando como temas a corrupção (como se não fossem corruptos)
e o medo de “fantasmas vermelhos”.
Um
país com a diversidade étnica do Brasil, não pode ser refém de grupos que
tentam criar uma guerra civil para se beneficiarem do caos. O reconhecimento
pelo estado e pela sociedade de cada grupo ou cidadão e a liberdade para que
possam desempenhar seu papel é fundamental ao país. Dessa diversidade cultural
e étnica é que surgirá uma identidade nacional legítima. Esse é o caminho para
que surja uma nação brasileira, que ao fim e ao cabo, é o verdadeiro temor de
alguns.
A
radicalização da campanha eleitoral impede o esclarecimento do eleitor e a
discussão de temas cruciais com a profundidade necessária. O voto deixa de ser
político para se transformar em manifestação religiosa e discriminatória.
Como
saldo, o período bolsonaro nos deu a tristeza de descobrirmos realmente quem
são e o que pensam certas pessoas.
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