NÓS,
TERRORISTAS
Pelo mundo inteiro as pessoas defendem sua
fé. Defendem com palavras, com atitudes e até há aqueles que lutam com uso da violência, ira e insanidade.
Cada vez que veem a violência desmedida e
insana do Estado Islâmico (EI), do Boko Haram ou de qualquer outro grupo
radical, as pessoas correm para o computador e despejam uma verborragia contra
a loucura, a fé cega, a desumanidade e a violência.
Dois posts
depois, vemos essas mesmas pessoas retomando a verborragia contra a violência
urbana e clamando pela pena de morte. Bradam sem a menor cerimônia que “bandido
bom é bandido morto”. Mães gritam que “esses pivetes não tem solução e merecem
um tiro na cara”. As mesmas pessoas que publicam com carinho fotos de animais compartilham
com palavras de júbilo vídeos com cenas de execução. Defendem políticos toscos
e irracionais, mas pedem a estigmatização de pessoas por sua ideologia.
Conseguem ver a beleza de um por do sol, mas exibem corpos mutilados como obra
de arte. Publicam vídeos de crianças sorrindo, brincando ou dançando e cenas de
agressão como se fosse uma catarse coletiva.
O que leva essas pessoas a terem esse tipo de
comportamento paradoxal?
Quando difundimos o ódio em nossa time line, quando propagamos mentiras,
quando ofendemos pessoas e a humanidade demonstramos nosso instinto animal, porque o ódio precisa apenas disso.
Mas onde está o amor? Longe dessas pessoas,
longe da civilidade, longe do amor pelo país.
Vejo apenas arrogância, inveja, ódio,
racismo, preconceito e uma falta de educação e humanidade.
Cadê a razão?
Também passa longe, basta ver os comentários
sobre qualquer notícia nos portais. Tudo acaba em manifestações de ódio e
incompreensão.
Surgem pseudos filósofos e historiadores usando
adjetivos e palavrões para ofender pessoas, deturpar a história e conseguir
arrastar jovens e incautos como seguidores.
O ministro Celso de Melo, decano do STF, argumenta que a justiça existe para proteger o condenado da sanha da
sociedade. Sem ela, seríamos um EI. Tomando o Brasil como exemplo, vejo como ele tem razão.
O problema do Brasil não se resolve mais com
educação. O problema do Brasil só será resolvido no divã.
* Leia o artigo do jurista Lênio Streck e
você vai entender o risco que corremos com a prática do direito
consequencialista.