MEDO, CAUTELA E ATITUDE
Acredite! Crises sempre existiram, umas
piores que outras. E o mundo seguiu em frente.
Exceto pelas guerras mundiais, nunca
tivemos um cenário tão turbulento, difuso, grave e com dimensão mundial como o
atual, agravado por envolver uma área tão sensível como a saúde pública, que
não distingue credo, gênero ou classe social. O inimigo é um só, quase invisível
e com alta mobilidade.
O temor diante da ameaça e da incerteza
é natural. O medo em dose certa é sinônimo de cautela, fator importante e
decisivo na tomada de decisões.
Há empresas e empreendedores que conseguem
dominar o medo e usam esses períodos com cautela e sabedoria.
Longe de serem irresponsáveis, veem o
momento como um desafio a ser superado, propício às mudanças que preparem a
empresa para enfrentar o cenário futuro sem ser inconsequente. Eles vislumbram
oportunidades, áreas inexploradas, mercados a serem conquistados e nichos a
serem atendidos.
Que realidade teremos no final? Como
estará o mercado? A concorrência será a mesma? Que valores predominarão na
sociedade? Qual será o provável cenário?
Monte um comitê, se apoie em
consultorias ou profissionais mais experientes. Tentar fazer isso sozinho pode parecer
fácil num primeiro momento pela agilidade na tomada de decisão, mas tem um alto
custo logo ali adiante. Avaliando com calma, com isenção, se afastando de seus conceitos
e agregando profissionais e colaboradores mais experientes, você pode fazer
grandes descobertas.
Não é hora de fazer mudanças radicais
no gerenciamento, porque crises são problemas temporários. Você pode realocar
recursos do seu fundo de investimento, depreciação, reserva de capital e até
dos lucros. Importante é gerir com sua própria capacidade, prescindindo o
máximo possível de recursos externos.
O impacto após a crise será menor
quanto melhor for sua atitude.
Não há uma fórmula pronta para isso,
mas alguns fatores devem ser observados.
- Dê liberdade ao comitê, delegue a coordenação
dos trabalhos, interfira o mínimo possível. Você eventualmente pode propor, mas
analisa tudo, ouve muito e decide.
- No caso específico atual, há um claro
problema de segurança física, a contaminação. Implante protocolos e avalie
periodicamente o quanto o problema está impactando seus colaboradores, clientes
e, por fim, o negócio. Nessa ordem, porque isso não é uma escolha, é
imperativo!
- Avaliar custos, deixando sua
estrutura mais leve e ágil. Esconda a chave do cofre.
- Avaliar o perfil dos clientes e
ajustar produtos e serviços. Descubra os novos hábitos do consumidor e suas necessidades
e adapte seus produtos e serviços para atendê-los. Não raro, você descobre que
está vendendo para um perfil de cliente, mas quem compra é outro.
- Retirar do seu portfolio, temporária
ou definitivamente, produtos e serviços pouco rentáveis.
- Lançar produtos ou serviços que
preencham lacunas no seu relacionamento com seus clientes. O que eles precisam
e você não tem? O que pode agregar valor aos seus produtos ou serviços? Qual
pode ser seu diferencial competitivo?
- Motivar os colaboradores, porque eles
não estão imunes ao clima de apreensão, pessimismo e até depressão,
principalmente se você tiver que tomar medidas excepcionais.
- Melhorar o fluxo de informação e ser
claro quanto a situação com seus colaboradores, além de investir em sua
qualificação. Evite ao máximo o turn over pelo alto custo a pagar.
- Calma no planejamento e agilidade nas
ações. Atropelar a realidade e decidir afoitamente gera desorganização e um
alto custo na imagem, impactando na credibilidade de iniciativas futuras.
- Tenha um plano de marketing factível
e flexível que permita aproveitar oportunidades e enfrentar a concorrência.
- Sua marca é importante, mas seu
cliente pode não estar percebendo esse valor, o que enfraquece você diante da
concorrência. Aproveite e reforce seu marketing nessa área.
- Reveja a lista de seus fornecedores e
crie um programa de parceria.
- Terceirize o que encarece seu custo e
contrate profissionais para serviços que exijam rapidez no seu SLA interno ou
dos clientes. Atenção, PJ dentro de sua estrutura não é terceirização, porque o
risco, custo de infraestrutura e back office são seus.
- Reforçe a qualidade do atendimento e do
relacionamento com seus clientes. Esse é um valor importante e, às vezes,
fundamental para ele.
- Use as redes sociais. Não é venda, nem
promoção, é institucional. Muito inbound marketing com destaque para a marca e conteúdo
pertinente.
- Exponha sua marca em campanhas de
relacionamento, públicas e de responsabilidade social.
Se você é um profissional que se acha
ultrapassado ou velho, mostre-se, porque as empresas precisam de profissionais
com experiência, que já enfrentaram crises e conhecem os termos “política de
longo prazo” e “medidas de curto prazo”.
Se você é jovem, invista em
qualificação, network e beba da experiência de seus colegas e amigos.
Lembre-se que a concorrência é vítima
do medo que você resolveu enfrentar, o que lhe dá vantagem na retomada do
mercado. Quando a vida voltar ao normal, quem estiver a 20km/h chegará a 100
km/h primeiro do que aquele que arrancar do zero.
E quanto a crise, deixe que os outros
se preocupem com ela. Você trabalha, apesar dela.
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