Cincopes

on 19 março 2020

POLÍTICA - UMA BOCA, DOIS OUVIDOS


“Bem como há uma arte de bem falar, há uma arte de bem ouvir”
                                                                                                          Epíteto
O título acima é uma obviedade e está relacionado com o artigo anterior “A Incapacidade de Julgar”.
A maioria das pessoas não está preparada para ouvir, qualquer diálogo evolui para o debate e daí para a discussão acalorada é um pulo. O maior motivo é que as pessoas iniciam qualquer conversa pelas diferenças e não pelo comum entre elas. As pessoas não querem ouvir, querem convencer sobre como estão certas em seus pontos de vista.
Por mais razões e argumentos que você use, elas não ouvem, porque não querem compreender, querem contestar, refutar. Você acha que está num diálogo, mas entrou num duelo.
Não é por nada que temos dois ouvidos e apenas uma boca. Muitos têm a capacidade de ouvir, mas poucos tem o dom de escutar.
Escutar é ter respeito pelo outro, ter interesse real no que ele tem a dizer. Exige questionar seus próprios pontos de vista e avaliar as ideias do outro. Exige esforço, intelecto, abandonar sua zona de conforto, se mostrar vulnerável. Escutar é criar um espaço compartilhado em busca da compreensão, que leva ao diálogo e, por fim, à solução.
Aquele que apenas ouve, quer mesmo é convencer. São pessoas autoritárias, narcisistas ou com baixa autoconfiança e base intelectual limitada a dogmas e conceitos determinados por grupos.
Essas pessoas possuem ego enorme, mas frágil, têm insegurança pessoal e dificuldade de compartilhar projetos e metas com um grupo. Para elas, pensar é uma derrota.
O interlocutor maduro é objetivo, dribla esses problemas, procura pontos comuns, incorpora ideias e sentimentos.
Na impossibilidade de criar o espaço para a compreensão, recua.
É melhor ter paz do que estar certo.