Bolsonaro
sempre foi um político com capacidade de encontrar saída nas situações mais
difíceis. Sobreviver por quase trinta anos apenas baseado em sua figura, seu
personagem, em um Congresso fisiológico, patrimonialista e autolimpante, é uma
vitória. Não que ele não seja fisiológico e patrimonialista, mas sempre teve a
capacidade de trocar de galho (nove partidos) permanentemente para sobreviver, preservar
a estrutura da família, afinal é líder de um clã de estado.
Sua
atitude de agora não é surpresa para quem conhece seu modo de agir. Se
apresenta como outsider, mas é parte do sistema. A diferença é que responde
apenas a si mesmo.
Todos
sabiam que a pandemia seria um período complicado, extremamente grave e que a
recessão mundial era uma realidade colocada com clareza no horizonte. Óbvio que
no Brasil não seria diferente.
O
presidente entendeu isso e usa muito bem o momento. Se mostra preocupado com a
economia, tenta se manter com um discurso anacrônico, enquanto pratica uma
política salvadora para si mesmo.
Quando
o desemprego (esperado) e a recessão (prevista) vierem, ele dirá que sempre
falou sobre o risco, que se preocupou, mas os governadores e prefeitos não lhe
deram atenção. Que a crise econômica pós crise sanitária é culpa dos outros.
Como
não há como definir o tamanho e a duração da crise, tenha ela o impacto que
tiver, ele terá o discurso pronto.
Aposta
na dor, ninguém vai lembrar que está vivo, apenas que não tem emprego, não tem
renda, que a inflação voltou. O ser humano não tem memória e nem gratidão
quando a necessidade bate à sua porta.
O
ministro da Saúde lidera a luta sanitária e o ministro Guedes e o presidente da
Câmara, Rodrigo Maia, lideram a luta econômica. Observem que as reuniões com os
presidentes dos outros os poderes, Maia e Toffoli, sempre são realizadas por
Guedes.
Bolsonaro,
irresponsavelmente, faz apenas proselitismo visando seu futuro político. Seu
comportamento visa sua salvação.
E
vai colar, porque seus súditos espalharão essa “verdade”.
Não
se espantem, ele sobreviverá.
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