Cincopes

on 10 fevereiro 2021

POLÍTICA - PARTIDOS, UNIVERSIDADES E DEFICIENTES CÍVICOS

 Os partidos e as universidades têm papeis semelhantes no desenvolvimento do país. Cabe a eles perceber as necessidades presentes e futuras e encaminhar soluções para a sociedade.

Hoje, nossos partidos políticos olham apenas para seus umbigos e de seus donos.

E nossas universidades vivem à míngua numa política clara de desconstrução da inteligência e do conhecimento nacional. Se não fosse os pesquisadores, não teríamos avanços tecnológicos, a história não seria viva e as ideias não se propagariam. E não teríamos vacinas.

A política de implantar escolas cívico-militares está inserida nessa lógica. Enquanto os alunos das escolas públicas aprenderão a obedecer baseados em uma ideologia, os alunos das escolas particulares aprenderão liderança, empreendedorismo, consciência crítica, filosofia, sociologia e ciências sociais, baseados em Piaget, Paulo Freire, Montessori, Savani, Steiner... Quem vai pensar, quem vai mandar e quem vai obedecer?

Os novos partidos nada têm de novo. São amontoados de interesses, fisiologismos e corrupção, sem qualquer compromisso com a sociedade. Dizem que não são de esquerda, nem de direita, nem da situação ou da oposição, mas partido de posição. Isso é dizer mais de nada.

Precisamos de partidos políticos atentos a opinião pública e aos interesses da sociedade, que se afastem dos formadores de opinião de almanaque e dos interesses econômicos/comerciais, subalternos e difusos.

Que defendam não só a liberdade de expressão, mas com o mesmo vigor sejam a favor da liberdade de imprensa e o livre acesso à informação; que incentivem a prática democrática nos meios de comunicação, a cultura como obrigação de concessionárias de rádio e televisão; que haja o incentivo à leitura, a prática do diálogo para construir o consenso e do debate para a consolidação do desejo da maioria com respeito à minoria; que se abra a porta de saída para os programas sociais oficiais, que as agências reguladoras sejam realmente independentes de ideologia e de pressões comerciais.

Os partidos devem respostas à sociedade. Devem assumir a responsabilidade pelos atos de seus filiados, devendo ser punidos junto, porque o preenchimento de cargos públicos passa por eles e por seus financiadores. Fazer com que princípios, moral e ética não sejam usados como bandeira para justificar posturas, privilégios e discriminação.

O financiamento público de campanhas precisa ser regulamentado, tendo duas fontes. Uma parte pública e outra privada, em partes iguais. E só funcionará se tiver um aparato de fiscalização com ferramentas, agilidade e transparência para que processos não se arrastem em prejuízo das instituições.

Democracia é o constante confronto buscando o aprimoramento da sociedade. Se você só ouve as pessoas que pensam como você, lê livros só com ideias com as quais concorda e com cenas que afagam tuas boas intenções, você está vivendo num coma intelectual e emocional.

Não há calmaria na democracia. Há debate, diálogo, disputas, mudanças, avanços e retrocessos, em paz, em ordem.

Vivemos um momento em que o homem se distancia da sociedade, o indivíduo é substituído pelo individual, a crítica é vista como ousadia, a sensatez é artigo raro e educação se confunde com conhecimento.

Olho o quadro político, o resultado das eleições, a pasmaceira política, a anomia social e constato como verdadeira a expressão de Milton Santos, nossa classe política, governantes e boa parte da sociedade é formada por deficientes cívicos.