Cincopes

on 21 outubro 2022

POLÍTICA - NUCLEARIZAÇÃO PARTIDÁRIA

Falsas ideologias, convicções pessoais, partidos descartáveis.

A nuclearização partidária ficou mais clara em todo o país com o embate ideológico e personalista da eleição neste ano.

O MDB é um caso clássico. Apesar de nunca poder ser chamado de partido ideológico, com filosofia e política definida, porque sempre foi um partido de caciques regionais, mas nesse ano, a nuclearização chegou aos diretórios municipais.

No Rio Grande do Sul, mesmo o partido tendo indicado o vice do tucano Eduardo Leite, o diretório da capital, sob o cabresto do prefeito Sebastião Melo, decidiu apoiar Onix.

Melo, há bastante tempo vem virando à direita. Quando vereador, já dava sinais nessa direção e sua coligação com o PP para concorrer à prefeito, mostrou que o alinhamento não era só político, mas também ideológico.

É um populista, posando de coletes, bonés e chapéus em obras em bairros populares, o típico zelador urbano.

Por outro lado, é também o representante dos concessionários e cessionários dos serviços públicos e grande defensor do ramo imobiliário.

Como exemplo, dois episódios isolados que, vistos em conjunto, comprovam isso.

Na revisão do Plano Diretor, menosprezou o trabalho da UFRGS, preferindo um relatório que se alinhava mais com o mercado e menos com a cidade.

E no episódio do passe livre no dia da eleição do primeiro turno, resistiu e recorreu até o último minuto para que não fosse aplicado, contrariando o entendimento do TSE e STF, acatado por várias capitais brasileiras. No dia da entrega do projeto à Câmara Municipal, subiu à tribuna e agrediu os vereadores e o Judiciário, na figura da Defensoria Pública.

Esse exemplo se repete em vários estados e até no plano nacional, uma vez que Simone Tebet foi candidata à presidente contra a vontade de várias correntes e caciques emedebistas.

A mesma situação está em outras siglas. O PSDB está perdido em egos. O PTB definha. PP. PDT, Republicanos e PSB reduziram o número de cadeiras.

Em nível nacional, o maior exemplo é Jair Bolsonaro. Se elegeu por uma legenda de aluguel, governou sem filiação partidária e só se filiou ao PL para poder concorrer à sua reeleição. Se conseguir se reeleger, em março, estará em outra bandeira ou nenhuma. Se perder, vai liderar o bolsonarismo ou curtir a aposentadoria e passar o bastão para seus filhos e a mulher, que ingressará na carreira política ostensiva.

Os partidos viraram sopa de letrinhas, deixaram de ter peso, mais valem nomes, bancadas suprapartidárias de interesses e o orçamento secreto.

Isso é um risco à DEMOCRACIA!