Cientistas têm perguntas. Teólogos, respostas. Políticos, dinheiro. Nós, as dúvidas.
Trabalho
em campanha eleitoral desde 1986, participando de campanhas de vereador a
presidente. Muita coisa mudou, mas um dos grandes gargalos de qualquer eleição,
o esforço derradeiro, a última esperança é a boca de urna.
No
voto proporcional, cerca de 35% do
eleitorado chega às urnas sem o voto decidido.
No
voto majoritário, o percentual é um pouco menor, cerca de 15% não tem decisão convicta.
Os
"boqueiros" têm uma
importância decisiva ao convencer ou
persuadir os indecisos e aqueles que
estão dispostos a anular ou votar em branco a escolher o seu candidato.
Os
partidos organizados em setoriais
(negro, juventude, mulher, saúde e outros), geralmente de esquerda ou
centro-esquerda, sempre tiveram grande vantagem na boca de urna, por sua
capilaridade, representatividade, capacidade de mobilização, discurso e
estrutura.
Os
partidos conservadores, sem vínculo
formal com a sociedade, dependem da máquina e do dinheiro, além do
personalismo e populismo de seus candidatos.
Nesse
ano, o orçamento secreto está
fazendo a grande diferença, junto com as vigílias
montadas no dia da eleição nos templos neopentecostais. O medo, forte ingrediente
da doutrinação neopentecostal, tem um poder motivador e de esperança diante das
dificuldades que as classes C, D e E vêm enfrentando com a inflação e
desemprego.
Em
uma campanha com o voto tão cristalizado pelo antagonismo entre os candidatos,
como a que estamos vivendo, somente uma vantagem de mais de 10% pode garantir alguma segurança a
quem está na frente nas pesquisas.
Os
institutos de pesquisa precisam incluir em seus questionários, questões que
permitam entender quando, como e porque o eleitor virou ou decidiu seu
voto.
Não
tenho provas, mas forte convicção (alô, Moro!) que o salto de bolsonaro no
primeiro turno se deve muito a isso.
Vamos
ver se ele tem capacidade e recursos (nosso dinheiro) para repetir no segundo
turno e vencer. Claro que o cenário é outro.
No primeiro turno, o esforço era apenas forçar o segundo. Agora, o desafio é maior, pois só a vitória interessa.
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