Minha vó Maria era sábia em seus ditos, ditados, tiradas e aforismos.
Uma
das coisas que aprendi com ela é não me preocupar com as coisas sob as quais
não tenho controle. O clima é uma delas (e ela odiava vento).
Tá
ventando? Deixa ventar. Tá chovendo? Capa e galocha. Tá frio? Agasalhe-se.
Quanto mais você reclama, mais aquilo te incomoda.
Outra
coisa são os governos.
Vejo troca de governos em todos os níveis e sigo adiante, dando a eles o tempo devido e a atenção merecida, não mais do que isso.
Já
vivi vários tipos e tenho consciência de que outros virão. Governos liberais, estatistas,
intervencionistas, anárquicos e alguns raros saudáveis.
Uma
regra geral no Brasil é que todos os entes querem algum tipo de proteção do
governo. Seja na forma de desoneração para o agro, política de juros para os
bancos, crédito subsidiado às empresas e rede de proteção social à população.
Todos estão certos e cabe ao governo fazer as escolhas de como usar os
impostos, ferramenta limitada e a mais democrática forma de distribuição de
renda.
Quem
pode mais, paga mais para equalizar o desnível social e econômico do país, um
tema em que somos campeões mundiais.
Alguém
viu frisson do mercado com a quebra da OI? Das Americanas? Das empresas
nacionais de infraestrutura? Ou com a tentativa de golpe do dia 8 de janeiro?
Basta
falar em investimento no social que a Faria Lima treme, porque sabe que vai
faltar dinheiro pra eles, porque o cofre é um só.
A
reação do mercado com o governo não passa de marcação de posição, porque todos
sabem o que fará Lula. A primeira fase será de organização do caixa e alinhamento
de políticas sociais importantes como assistência, saúde e educação, onde
entram ciência e tecnologia. Somente em 2024 é que teremos um horizonte mais
claro. Em 2023, pagaremos a conta de quatro anos de paralisação das políticas
sociais e ambientais, armadilhas na economia, além de um esforço de toda a
sociedade na recuperação do clima de paz e confiança no país. A Bolsa e os
bancos estão bem, mas representam apenas cerca de 400 empresas. E cinco bancos
respondem por 70% do mercado, com essa participação crescendo ano a ano.
Financeiramente, são o país, economicamente, não.
Centenas
de milhares de outras empresas brasileiras passam por dificuldades de caixa,
acesso ao crédito, modernização tecnológica, políticas de inovação, expansão de
mercado e ajustes na relação patrão-empregado.
Com
tudo isso, é difícil ter tempo para se preocupar com o governo.
A
vida do empreendedor é como a vazão de um rio. Encontra pelo caminho
corredeiras, queda de água, hora leito largo, hora estreito, estiagem,
assoreamento, poluição, um afluente aqui, outro ali, erode um barranco que
atrapalha, passa por cima de obstáculos... mas sempre corre em direção a sua
foz.
A sua foz é o seu negócio.
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