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on 21 fevereiro 2023

PROSA - OTIMIZAR E OTIMIZADO

A automação otimizou o trabalho, agora otimiza o profissional

Inteligência Artificial e machine learning invadiram a área corporativa para facilitar e complementar o trabalho do ser humano, pelo menos por enquanto. E chegaram aos lares na forma de IoT (Inteligência das Coisas). A tecnologia faz coisas incríveis, mas cuidado com ela.

No ambiente de trabalho, estamos numa transição que enfrenta alguns percalços. As relações ficaram mais frias, distantes e fragmentadas. É meeting on linesoftwares de gestão, soluções SaaS, clouds, planilhas em nuvem, automação...

O trabalho está mais fácil, mas necessariamente não é melhor. A falta de desafios e a percepção de que está realizando algo realmente significativo podem gerar um sentimento de insatisfação no colaborador.

O debate sobre o ChatGPT mostra o quanto a IA facilita o trabalho humano, mas ela ainda não tem feeling, capacidade de perceber nuances ou captar algo não perceptível como linguagem corporal, expressões faciais e o “não dito” numa conversa presencial.

A própria expressão IA mostra o quão artificial é porque seus algoritmos dependem de conteúdo e experiências humanas. Vai avançar rápido e, com o tempo, poderá usar sua própria capacidade e gerar soluções para evoluir ainda mais.

Máquinas deveriam ser destinadas apenas ao esforço repetitivo, tarefas de risco ou processos que independem da presença humana. Tecnologias são ferramentas, não o cerne da questão.

Tecnologia deve ter o propósito de melhorar processos e proporcionar mais bem-estar à sociedade e ao trabalhador porque isso impacta na vida pessoal, profissional e em melhor produtividade. O uso da tecnologia como auxiliar permite ao trabalhador evoluir para tarefas mais qualificadas onde possa usar o melhor do humano, liberdade, sensibilidade criatividade.

A automação otimiza seu trabalho, mas também está otimizando o trabalhador. A vigilância, o monitoramento e as métricas de avaliação, muitas vezes irreais, podem criar uma sensação de insegurança permanente que impactam na produtividade.

A redução da autonomia, liberdade e criatividade cria um stress que deve ser administrado pelo líder e liderado. A mudança pode ser muito sutil, levando a análises equivocadas dos motivos da falta de empenho, baixa produtividade e ausência de iniciativa.

Esse é um processo dinâmico que envolve diversos fatores e todos os níveis da empresa. Muitas vezes, o líder é alertado pelo RH. Em outras, o RH percebe que o problema está no líder. A capacitação da gerência média evita que a situação atinja níveis preocupantes.

Um trabalho recente do Instituto de Tecnologia da Geórgia e da Universidade Estadual da Geórgia, ao analisar o impacto da automação no local de trabalho, mostrou que cinco áreas distintas devem merecer atenção especial: insegurança no trabalhocarga cognitiva, senso de significadoliberdade do trabalhador e monitoramento externo.

Legisladores, pesquisadores e empresas devem se debruçar sobre o assunto para que impactos futuros sejam minimizados através de treinamento, regulação e cuidados com a saúde do trabalhador. 

 

Dicas de leitura sobre o assunto você tem em livros como “The Techlash and Tech Crisis Communication”, de Nirit Weiss-Blatt (ainda sem publicação em português) da Universidade da Califórnia do Sul, e “Uberland, How Algorithms Are Rewriting the Rules of Work”, de Alex Rosenblatt.