A automação otimizou o trabalho, agora otimiza o profissional
Inteligência Artificial e machine
learning invadiram a área corporativa para facilitar e
complementar
o trabalho do ser humano, pelo menos por enquanto. E chegaram
aos lares na forma de IoT (Inteligência das Coisas). A tecnologia faz
coisas incríveis, mas cuidado com ela.
No
ambiente de trabalho, estamos numa transição que enfrenta alguns percalços. As relações
ficaram mais frias, distantes e fragmentadas. É meeting on line, softwares de gestão,
soluções SaaS, clouds, planilhas em nuvem, automação...
O
trabalho está mais fácil, mas necessariamente não é melhor.
A falta de desafios e a percepção de que está realizando algo realmente
significativo podem gerar um sentimento de insatisfação no
colaborador.
O
debate sobre o ChatGPT mostra o quanto a IA facilita o trabalho humano, mas ela
ainda não tem feeling, capacidade de perceber nuances ou captar algo não
perceptível como linguagem corporal, expressões faciais e o “não dito” numa
conversa presencial.
A
própria expressão IA mostra o quão artificial é porque seus algoritmos dependem
de conteúdo e experiências humanas. Vai avançar rápido e, com o tempo, poderá
usar sua própria capacidade e gerar soluções para evoluir ainda mais.
Máquinas
deveriam ser destinadas apenas ao esforço repetitivo, tarefas de risco ou processos
que independem da presença humana. Tecnologias são ferramentas, não o cerne da
questão.
Tecnologia
deve ter o propósito de melhorar processos e proporcionar mais bem-estar à sociedade
e ao trabalhador porque isso impacta na vida pessoal, profissional e em melhor produtividade.
O uso da tecnologia como auxiliar permite ao trabalhador evoluir para tarefas
mais qualificadas onde possa usar o melhor do humano, liberdade,
sensibilidade
e criatividade.
A
automação otimiza seu trabalho, mas também está otimizando o trabalhador. A vigilância,
o monitoramento e as métricas de avaliação, muitas vezes irreais, podem criar uma
sensação
de insegurança permanente que impactam na produtividade.
A
redução da autonomia, liberdade e criatividade cria um stress que
deve ser administrado pelo líder e liderado. A mudança pode ser muito sutil,
levando a análises equivocadas dos motivos da falta de empenho, baixa
produtividade e ausência de iniciativa.
Esse
é um processo
dinâmico que envolve diversos fatores e todos os níveis da
empresa. Muitas vezes, o líder é alertado pelo RH. Em outras, o RH percebe que
o problema está no líder. A capacitação da gerência média evita que a
situação atinja níveis preocupantes.
Um
trabalho recente do Instituto de Tecnologia da Geórgia e da Universidade
Estadual da Geórgia, ao analisar o impacto da automação no
local de trabalho, mostrou que cinco áreas distintas devem merecer atenção
especial: insegurança no trabalho, carga cognitiva,
senso
de significado, liberdade do trabalhador e monitoramento
externo.
Legisladores, pesquisadores e empresas devem se debruçar sobre o assunto para que impactos futuros sejam minimizados através de treinamento, regulação e cuidados com a saúde do trabalhador.
Dicas de leitura sobre o assunto você tem em livros como “The Techlash and Tech Crisis Communication”, de Nirit Weiss-Blatt (ainda sem publicação em português) da Universidade da Califórnia do Sul, e “Uberland, How Algorithms Are Rewriting the Rules of Work”, de Alex Rosenblatt.
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