Hierarquia e disciplina em risco
A estrutura militar precisa ser reavaliada e recuperada.
Desde que o Alto Comando ostensivamente inseriu a
política na caserna, em 2014, a hierarquia e a disciplina vêm ladeira abaixo.
Em 2016, se meteu no impeachment e o conflito interno só aumentou. No governo
passado, os movimentos internos se confrontaram com a tentativa de tomada da
Força pelo capitão, surgiu um Alto Comando paralelo da reserva, o que levou a
demissões e movimentações de oficiais generais e superiores.
A militarização do governo criou correntes internas,
algumas irreconciliáveis. Tem legalistas, intervencionistas,
constitucionalistas, golpistas, carreiristas, oportunistas e
bolsonaristas. Rabos de turma, preteridos, inconformados e milicos viram na
política sua tábua de salvação e viraram candidatos usando farda, nome de
guerra, posto e graduação, afrontando a legislação e os regulamentos militares
sem ação enérgica do comando. De quatro estrelas ao praça, todos se manifestam,
ofendem, articulam e pregam. Se o exemplo não vier de cima, o militar vai mexer
em forma sabendo que não sofrerá as consequências.
A conivência e a omissão com os golpistas e os
acampados é o ápice desse processo. O ministro da Defesa e os novos comandantes
terão um duro trabalho pela frente, não só reestruturando a Força, mas punindo
os desvios e enquadrando a ativa e a reserva.
Os vídeos de veteranos militares queimando fardas,
ofendendo superiores, destratando comandantes, agredindo autoridades e
desrespeitando a Constituição são tristes exemplos de como foi deletéria para a
Força as turmas formadas pelos oficiais que fizeram o golpe de 64.
É hora de colocar a tropa em forma, dar um cobre e
alinha e acertar o passo ou estaremos programando novas rebeldias para explodirem
daqui a 20 ou 30 anos protagonizadas pelas turmas formadas a partir de 2014.
Até entendo a manifestação ostensiva e dura de Lula
quanto as FFAA como político, mas foi extremamente dura como Comandante em
Chefe. Uma instituição hermética e corporativista, toma para a instituição
qualquer agressão, mesmo sabendo eles que ombreiam com alguns aproveitadores.
Lula, máxima de gestão de pessoas: elogie em público
e repreenda no privado.
É hora de acabar com essa paranoia de comunismo, esquerdismo
porque o exército marcha com ambas: esquerda, direita, esquerda, direita, bumbo
no pé direito, esquerda, direita, esquerda, direita…
Será uma operação lenta, silenciosa e discreta, mas inadiável e
necessária para que tenhamos menos milicos e mais militares numa instituição
coesa e preparada, que deixe de ser usada por aproveitadores como ameaça à
sociedade e à democracia.
Em alguns anos, civis e militares poderão olhar em
frente e juntos falar:
- Missão cumprida!
Emoticon Emoticon