Cincopes

on 14 novembro 2023

PLANEJAMENTO - ESG NO DIVÃ

As alterações climáticas, a transição energética e o aumento da desigualdade social e econômica são pontos de reflexão para governo, população, empresários e investidores.

Entendo a iniciativa ESG como fundamental, necessária e que precisa ser discutida com mais profissionalismo e menos spotlight.

ESG está realmente resolvendo ou é apenas discurso de marketing? Estamos empenhados na solução do problema? Podemos fazer mais? Onde erramos?

As pessoas baixam e-books, assistem duas ou três palestras, conversam com “especialistas” ou coachs e acham que está resolvido. E nem vou falar da safadeza do greenwashing.

Quase 20 anos do início dessa discussão e ainda tateamos em planilhas e power points.

É preciso encontrar formas de apresentar aos investidores materialidade, riscos, oportunidades não precificadas, perspectivas de valor e outras informações fundamentais e relevantes às decisões de investimento. Sem índices confiáveis ou ferramentas que possam mensurar e projetar os ganhos, como mostrar com precisão os resultados com sua implantação?

A due diligence ESG vale seu peso em ouro para aporte, investimento ou M&A.

Tempo é tudo que o investidor não tem, trabalham sob pressão buscando alto retorno em curto prazo, mas os resultados ESG surgem apenas em médio ou longo prazo.

No cenário imediato, ESG é aumento de custos, redução de receita e baixo retorno de capital.

Os recursos destinados aos projetos de sustentabilidade e inovação ainda são escassos diante da urgência pela qual passa o planeta. Projetos sociais e ambientais podem se tornar ganhos de impacto se o governo der boas perspectivas ao mercado. E já passou a hora do Brasil definir uma taxonomia verde e uma sustentável que possam dar mais segurança ao investidor.

A Comunidade Europeia apertou as regras para que as etiquetas “produto ecológico” e “produto natural” reflitam a realidade. Grandes empresas como Coca-Cola e Nestlé enfrentam denúncias de greenwashing, assim como os produtores de carne e leite, acusados de fraudar dados da emissão de metano.

Essa reação de governo e consumidor comprova que o gestor não responde mais apenas aos acionistas, agora ambos respondem à sociedade porque ESG é mais que boas intenções, é bom senso no compartilhamento de responsabilidades.

As empresas devem entender que é questão ética, não modismo ou estratégia de marketing para cards, vídeos, posts engajados e frases de efeito. A empresa vai além do seu portão, tem função social no ponto de venda, no bairro, na sociedade e nos seus polos de discussão.

É uma política com efeitos indiretos na força de vendas, risco estratégico, redução de custos e ativos intangíveis como reputação e valor da marca.

ESG não tem KPIs padrão nem é uma fórmula pronta válida para qualquer empresa. Os relatórios corporativos financeiros de desempenho apresentados por diferentes empresas nos últimos anos, mostram que os ganhos existem e são diferentes, não tendo relação com o investimento, mas com o propósito.

No curto prazo, é bom à sociedade. No médio prazo, é melhor para a empresa. No longo prazo, é a alegria dos investidores.

Entender essa lógica pode evitar que você e os investidores sofram de uma crise de ansiedade.