As alterações climáticas, a transição energética e o aumento da desigualdade social e econômica são pontos de reflexão para governo, população, empresários e investidores.
Entendo a iniciativa ESG
como fundamental, necessária e que precisa ser discutida com mais
profissionalismo e menos spotlight.
ESG está realmente
resolvendo ou é apenas discurso de marketing? Estamos empenhados na solução do
problema? Podemos fazer mais? Onde erramos?
As pessoas baixam e-books,
assistem duas ou três palestras, conversam com “especialistas” ou coachs e acham que está resolvido. E nem
vou falar da safadeza do greenwashing.
Quase 20 anos do início
dessa discussão e ainda tateamos em planilhas e power points.
É preciso encontrar formas
de apresentar aos investidores materialidade,
riscos, oportunidades não precificadas, perspectivas de valor e outras
informações fundamentais e relevantes às decisões de investimento. Sem índices confiáveis ou ferramentas
que possam mensurar e projetar os ganhos, como mostrar com precisão os
resultados com sua implantação?
A due
diligence ESG vale seu peso em ouro para aporte, investimento ou M&A.
Tempo é tudo que o
investidor não tem, trabalham sob pressão buscando alto retorno em curto prazo,
mas os resultados ESG surgem apenas em médio ou longo prazo.
No cenário imediato, ESG é
aumento de custos, redução de receita e baixo retorno de capital.
Os recursos destinados aos
projetos de sustentabilidade e inovação ainda são escassos diante da urgência pela
qual passa o planeta. Projetos sociais e
ambientais podem se tornar ganhos de impacto se o governo der boas perspectivas ao mercado. E já
passou a hora do Brasil definir uma taxonomia verde e uma sustentável que possam
dar mais segurança ao investidor.
A Comunidade Europeia
apertou as regras para que as etiquetas “produto ecológico” e “produto natural”
reflitam a realidade. Grandes empresas como Coca-Cola e Nestlé enfrentam
denúncias de greenwashing, assim como
os produtores de carne e leite, acusados de fraudar dados da emissão de metano.
Essa reação de governo e consumidor
comprova que o gestor não responde mais apenas aos acionistas, agora ambos
respondem à sociedade porque ESG é
mais que boas intenções, é bom senso no compartilhamento de responsabilidades.
As empresas devem entender
que é questão ética, não modismo ou estratégia de marketing para cards, vídeos,
posts engajados e frases de efeito. A empresa vai além do seu portão, tem
função social no ponto de venda, no bairro, na sociedade e nos seus polos de discussão.
É uma política com efeitos indiretos na força
de vendas, risco estratégico, redução de custos e ativos intangíveis como
reputação e valor da marca.
ESG não tem KPIs padrão nem é uma fórmula
pronta válida para qualquer empresa. Os relatórios corporativos financeiros de
desempenho apresentados por diferentes empresas nos últimos anos, mostram que
os ganhos existem e são diferentes, não tendo relação com o investimento, mas
com o propósito.
No curto prazo, é bom à
sociedade. No médio prazo, é melhor para a empresa. No longo prazo, é a alegria
dos investidores.
Entender essa lógica pode evitar que você e os investidores sofram de uma crise de ansiedade.
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