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on 11 junho 2025

PLANEJAMENTO - O CLÁSSICO CADUCOU?

Só porque tudo está diferente não significa que alguma coisa mudou, Irene Peter

O mundo vive de novidades, mas o mesmo não ocorre em gestão. As bases do negócio ainda estão dentro de princípios básicos: receita, despesa, equipe, PMF, logística e comunicação são temas fundamentais, porque todos os outros estão sob seus guarda-chuvas.

Os jovens menosprezam estes assuntos e os veteranos relutam em entender como a tecnologia pode ajudar na gestão dos negócios, prejudicando o ritmo da integração geracional.

Recentemente, um jornal tradicional de São Paulo listou alguns conselhos que não fazem sentido e devem ser evitados no meio corporativo.

É uma afirmação precipitada que merece outros pontos de vista.

INTROVERSÃO NÃO É PROBLEMA - O problema sempre foi de gestão de pessoas, nunca a introversão. Gerenciar o profissional com esse perfil exige uma liderança aberta, criativa e motivadora que administre relações e conflitos para que uma equipe diversa, plural e engajada produza resultados. Não foi a introversão que deixou de ser problema, mas a liderança que entendeu seu potencial de foco e criatividade.

NETWORKING NÃO É SOBRE QUANTIDADE – É TAMBÉM sobre quantidade. As conexões estão mais dispersas e fluídas e ter um networking que equilibre qualidade e quantidade facilita. Networking não é só entregar cartões de visitas, mas ter rede pessoal e digital influente, consistente, conectada e com conteúdo relevante.

ESPECIALIZAÇÃO ABRANGENTE - A redução dos níveis hierárquicos e as novas relações de trabalho mudaram o ambiente corporativo e as necessidades quanto as competências e habilidades, mas especializações ainda são importantes, principalmente em algumas áreas específicas, principalmente técnicas. Um profissional horizontal é importante e o surgimento dos nexialistas não pressupõe a supressão dos especialistas.

ESCOLHA FAZER O QUE GOSTA É UMA MÁXIMA QUE NEM SEMPRE FUNCIONA - Faça o que você gosta e nunca se sentirá trabalhando é uma falácia dos tempos da reengenharia e foguete não tem ré. Ninguém gosta de trabalhar, as pessoas gostam de criar e serem produtivas e esse sentimento é latente na Geração Z. Eventualmente, as pessoas trabalham com profissionalismo no que não gostam para sobrar mais tempo para fazerem o que gostam. E um dia isso pode virar seu negócio.

MULHERES NÃO PRECISAM ESCOLHER ENTRE CARREIRA E FAMÍLIA - Infelizmente, muitas vezes não há escolha. A sociedade as trata de forma diferenciada e preconceituosa, os governos não dão condições para que possam trabalhar confiantes que seus filhos estão em segurança e nem as políticas corporativas tratam as mulheres e, principalmente, as mães com justiça. Ainda há preconceito em contratar mulheres com filhos ou aquelas que revelam na entrevista seu desejo de maternidade futura. Numa escolha entre três profissionais com perfis semelhantes - um homem (com filhos ou sem filhos), uma mulher sem filhos e uma mãe, quem você acha que teria mais chances de ser contratado ou promovido?

IDADE NÃO LIMITA NOVAS OPORTUNIDADES - Essa regra teve um ponto fora da curva durante a pandemia, quando as empresas tiveram que buscar no mercado profissionais experientes para gerir crises e conflitos. Mesmo sem nunca terem gerenciado equipes em home office, foi essa geração que conseguiu organizar o trabalho e as pessoas. Passada a crise, há dupla culpa. O mercado voltou a ser reticente com a geração prateada e muitos seniores buscaram novas oportunidades ao se sentirem úteis e motivados. Agora, são caros.

Há outros exemplos na matéria, mas acho que esses demonstram que nada muda tanto que apague o básico.

Você conhece outros conceitos que não perderam o sentido ou foram atualizados?