Os negócios são uma área fértil para modismos
(management fad, em inglês) e magos.
Estou há muito tempo no ramo e já vi passar tanta coisa que daria mais
que um livro, talvez, uma enciclopédia.
Vivi na pele a reengenharia, nova tecnologia, círculos de qualidade, just-in-time, qualidade total, marketing digital, downsizing, gestão por objetivos, metodologia ágil, avaliação 360, cultura de startup, automação, CRM, jargões em inglês, siglas desdobradas e traduzidas, bibliotecas com best-sellers de “gurus”, sem contar o fantasma do bug do milênio, os “bora pra cima” e “foguete não tem ré”. A característica comum à todas é um ciclo de vida curto, três a cinco anos.
Não afirmo que são inúteis, mas questiono o nível de engajamento e aprendizado
para ficar com o melhor delas no fim de seu ciclo.
Quais são tendências, quais são modismos, quais têm fundamento, quais podem
evoluir?
Antes de optar por uma solução, é preciso preparar a cultura organizacional para absorver o processo e
entender que nada muda num passe de mágica. Se você não tem tempo para avaliar
e esperar resultados, é melhor aprimorar
o que você tem.
Inovações exigem reuniões curtas e periódicas para replicar conhecimento e expectativas. Evite o “dia da mudança”
porque você precisa de evolução, não
de revolução.
Os gestores precisam construir
novas noções e relações de trabalho, porque a melhor lição que aprendi nesses
processos “mágicos”, é que não existe receita de sucesso universal. É um erro tanto a adoção cega, ignorá-las ou esperar
o próximo gadget.
As ferramentas e metodologias devem ser usadas de forma estratégica e adaptadas à cultura e aos objetivos de cada empresa.
Digo tudo isso pra afirmar que a Inteligência
Artificial não vai salvar sua empresa ou seu negócio.
IA é como grana. Se você tem e não sabe usar, vai só queimar caixa.
Antes de usar IA como salvação da pátria, tome algumas atitudes.
Levante conscientemente seus
problemas, contrate uma visão externa, confira se seu produto ainda atende o
mercado, se quem compra é pra quem você acha que vende, avalie e alinhe a
equipe, analise se suas métricas e metas são reais, se superou os pontos fracos
e se os fortes continuam firmes.
IA não é mágica, mas quanto mais consistente
for a pergunta, melhor será sua resposta.
Tem que ser treinada para saber diferenciar
o joio do trigo, porque a rede tem coisas boas e, também, muita porcaria.
Pesquisa recente aponta que 52% do conteúdo em nuvem é lixo (material não
acessado há mais de dois anos) e 48% é conteúdo atualizado, mas não quer dizer
que são bons, confiáveis e relevantes. Há muito material tóxico, compartilhado,
encaminhado, arquivos de robôs e duplicados. Não tenho muito otimismo e não há
pesquisa quanto a isso, mas calculo que apenas 25% do conteúdo web é inédito e
apenas uma parte disso é relevante.
Não haja em estado de FOMO e
só cresça quando estiver pronto.
Evitamos decepções não criando expectativas
excessivas, porque é melhor aprender com os erros dos outros do que com nosso
fracasso.
Se não sabe nadar, não se jogue na água porque os outros estão lá.
Tão importante quanto o modelo é a escolha do parceiro que vai ensinar você a nadar ou, no caso, criar e treinar sua IA.
Antes de gritar “AGORA VAI!”, pare e pense.
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