Cincopes

on 08 outubro 2025

PLANEJAMENTO - E SE NÃO FOSSE EU? A ARMADILHA DO AUTOENGANO

Durante o bate-papo com Eduardo Gianetti, na Semana Caldeira, pensei nas inúmeras empresas que sucumbem presas na armadilha do autoengano do empreendedor. Infelizmente, não consegui perguntar porque cedi minha vez ao Jorge Gerdau (compreensível, né!), mas gostaria de ter compartilhado com as centenas de jovens empreendedores na plateia uma experiência que é o foco de tensões no relacionamento entre C-Levels, gerência média, advisors e consultores.

O autoengano clássico entre empreendedores, chefes e líderes é a falta de humildade. Eles se veem maiores do que realmente são, superestimam suas capacidades, acham que sabem, sua ideia está pronta, perfeita, não precisa de aprimoramentos ou outros pontos de vista. Ego aliado ao hiperfoco, faz empresas serem menores do que podem ou as faz sucumbir.

Periodicamente, o empreendedor deve ter humildade e medir seu autoconhecimento se fazendo uma pergunta, E SE NÃO FOSSE EU?

Reviva seu passado e o que precisou ser feito para viver o presente, que deve ser avaliado com o viés da satisfação pelo resultado e, também, com consciência crítica.

Sei a diferença entre produto e negócio? A empresa estaria melhor se tivesse compartilhado responsabilidades e visão de negócio? Por que perdi profissionais no caminho? Meu mix de produtos atende o mercado? É o que o mercado precisa ou o que eu quero? Aproveito todo o potencial do negócio? E a principal, onde poderia estar a empresa se não fosse eu?

Muitos só fazem essas perguntas nas crises ou quando o faturamento empaca por dois ou três meses e tentam encontrar culpados nos outros, sem olhar para si ou para os processos. Percentualmente, três meses sem aumento da receita significa marcar passo um quarto do ano, perdendo rentabilidade todo o mês.

O preço de marcar passo é medido pelo COI (Custo por Inação), sua perda de tempo, oportunidades, mercado e evolução sem possibilidade de recuperação.

Muito do que ofusca o empreendedor está na propaganda do “faça você mesmo”, “seja um vencedor” e o uso de exemplos fora da realidade de 99,9% do mercado.

Você é...

- uma Uber e pode esperar catorze anos para o primeiro resultado positivo?

- uma Amazon e aguenta seis anos até o primeiro lucro e mais catorze de baixa rentabilidade?

- um Nubank e suporta prejuízo por dez anos seguidos?

- um Bill Gates e tem sensibilidade para se afastar do comando ao perceber que você limita o futuro da empresa?

- um Steve Jobs, tem autoconhecimento e humildade, e chama outros para organizar o negócio?

- um IFood e tem U$ 20 bilhões para alavancar um mercado?

Ler tutoriais, assistir palestras, participar de seminários, seguir coachs e especialistas ou copiar cases sem adaptar à sua realidade não resolvem se você não tiver uma base de gestão que faça o aprendizado mais rápido e proveitoso.

Entendido o passado e corrigido o presente com respostas conscientes, se debruce sobre a projeção de futuros com mais segurança, levando em conta sua capacidade de enfrentar a concorrência, plano de contingência para instabilidades, como redescobrir seu cliente, sua percepção de como poderá ser o mercado futuro, quais são as tendências mundiais para o setor e se você, equipe e estrutura estão prontos para enfrentar o desafio.

Pelo seu futuro e do negócio, não caia na armadilha do autoengano.