“Um idiota nunca aproveita a oportunidade. Na verdade, o idiota é a oportunidade que os outros aproveitam”, Millôr Fernandes
A
definição objetiva de política é a arte de atender sonhos incontáveis, diversos
e difusos de uma população, com recursos financeiros e físicos limitados gerados por essa população.
O
resultado da eleição aumentou os discursos discriminatórios, racistas e
preconceituosos de brasileiros em relação a brasileiros com um falso dilema entre o sul e o norte.
O choque e a disputa são naturais nessa disputa de espaços e recursos e as mudanças pelas quais passamos precisam do amadurecimento das relações humanas, conscientização política e empatia para construir uma sociedade justa.
Não
sou expert em dados demográficos e econômicos, mas a observação do crescimento
da importância do nordeste na economia, dá a noção do “perigo” temido por
alguns.
Desde
2002, a diferença nos índices de Saúde, PIB, IDH, IDS e Educação vêm caindo
entre os estados brasileiros. O nordeste se tornou polo industrial com montadoras,
alimentos, têxtil, energia, calçados, refinarias, estaleiros e siderúrgicas. O
número de carteiras assinadas passou de 2,5 milhões (2002), para 13,3 milhões
(2011). A pandemia e a crise brasileira afetaram seriamente a região derrubando
para 9 milhões (2019), mas em recuperação. É a segunda colocada na geração de
empregos, criando acima do dobro de vagas do que a região sul, terceira
colocada.
Sua
participação no PIB nacional passou de 12,7% (2004) para 14,4% (2020). Parece
pouco, mas seu PIB cresceu 165% no período (R$ 191 bi à R$ 507 bi), e as
exportações saltaram de U$ 4,6 bi (2000) para U$ 21 bi (2021), graças ao
aumento de produtos com valor agregado na pauta de exportações. Mesmo com a
pandemia e a crise na gestão nacional, tem o maior crescimento percentual em 20
anos.
É
a maior produtora de feijão, segunda produtora de frutas e produz 10% da soja
brasileira.
Tem
28% da população e 13% do PIB nacional, com crescimento médio de 3,2%/ano. O
Índice de Desenvolvimento Social passou de 1,9 (1970) para 6,83 (2010). O IDH
(Índice de Desenvolvimento Humano) passou de 0,513 (2000) para 0,659 (2020).
A
mortalidade infantil caiu de 27/1000 (2000) para 15/1000 (2017) e o percentual
de Sobrevivência Infantil é de 96,3/100.
É
a segunda região no total de matrículas no ensino superior, com 1,8 milhões de
estudantes, e o maior percentual sobre o total de habitantes. EAD e presencial
representam 21% da educação superior do país: 22,7% nos cursos presenciais e
18,2% no EAD, o menor percentual do país. No sul, o EAD responde por mais de
30% das matrículas.
A
diáspora nordestina refluiu, se refletindo no aumento da densidade demográfica
sem aumento do número de nascimentos. É o nordestino voltando para casa.
São
apenas números esparsos (com o censo, teremos dados mais atualizados), mas
falei de saúde, educação e economia, base para o desenvolvimento econômico e
social. Os dados são para a região, mas há estados nordestinos com índices
superiores aos da região sul e sudeste.
O
perfil do retirante nordestino que vinha para o sul com a família e ocupava as
periferias das cidades, mudou para jovens qualificados ou profissionais com
emprego garantido.
Ainda
há muitos problemas em relação ao saneamento, educação, saúde e alta
concentração de renda em alguns locais, mas são problemas que a própria
conscientização e organização da sociedade encontrará solução pela única via possível,
a política.
Os
dois brasis que conhecíamos se aproximam e trocaram de perfil. Antes, o
nordeste era arcaico, coronelista e o sul moderno. Hoje, o nordeste se
modernizou, avançou e o sul volta às suas raízes conservadoras, arcaicas, egocêntricas,
na contramão do mundo.
Não
fale do que desconhece ou é preconceito, inveja e frustração.
O Brasil é muito maior do que nosso quintalzinho.
Brasileiros, acima de tudo! Deus em todos nós!
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