RENDA: produto, receita, faturamento, arrecadação, dividendos, féria, ganho, juro, lucro, mesada, pensão, proventos, rédito, rendimento, usura
SALÁRIO: ordenado, comissão, embolso, emolumento, estipêndio,
féria, honorários, paga, pagamento, proventos, remuneração, retribuição, soldo
Renda e salário não são sinônimos. É preciso entender isso para tentar
equalizar a desigualdade social e a redistribuição de riqueza no país. Começa
pelo Imposto de Renda que não é realmente sobre renda, mas sobre salários e,
parcialmente sobre patrimônio. E os impostos sobre consumo são altos para itens
fundamentais e básicos, enquanto artigos de luxo ou supérfluos tem alíquotas
pequenas ou são isentos.
A falta de esclarecimento e a propaganda dão às pessoas comuns a
impressão de poder apenas por ter um aparato tecnológico caro, consumir além do
limite de sua capacidade, acesso ao crédito e bens de grifes globais.
No Brasil, esse comportamento criou um problema de conscientização cidadã
que levará muito tempo a ser equalizado.
A propaganda faz do ato de consumir não apenas suprir uma necessidade,
mas de melhora momentânea sem a devida mobilidade social.
Em sociologia, a classe média sempre foi vista como fator de equilíbrio,
modernização e liberalismo por ser foco de mobilidade social. O furor da
extrema direita, dos políticos e regimes autocráticos a estão transformando em risco
à democracia.
No Brasil, a divisão entre classe trabalhadora e classe média dificulta
uma ação organizada e coletiva em prol do social e justo. Qualquer movimento em
prol das minorias ou desassistidos se transforma em risco à classe média que é,
mas não se entende como trabalhadora.
Segundo o IBGE, a escada de classe média inicia com renda a partir de R$
1.500 (D), R$ 2.500 (C), R$ 8.600 (B) e R$13.400 (A). O Instituto considera
classe alta com renda a partir de 20 salários mínimos e há um longo caminho até
alcançar a classe rica.
A classe média brasileira entende sua posição social pelo consumo e não
pela renda e isso a faz se comportar como se estivesse mais próximo dos ricos
do que dos pobres, uma falsa impressão que provoca preconceito econômico,
cultural e até racial. Ela está a cerca de R$ 6 mil dos pobres e a alguns milhões
dos ricos.
São valores de acordo com a realidade brasileira, mas longe de outros
países, inclusive de alguns que compartilham da mesma realidade econômica no
sul Global, onde a OCDE considera classe média a partir de R$ 10 mil.
Essa visão difusa leva próximo à realidade a percepção de que a classe
média brasileira se sente mais segura quando o engenheiro vira motorista de
aplicativo do que quando o filho do porteiro vira médico. Uma visão
alardeada pelo mercado que transformou a terceirização baseada em MEI e
trabalhadores de aplicativos em empreendedores.
Hoje, o crescimento do PIB vai para poucas pessoas e precisamos mudar com
urgência essa realidade. Se a distribuição de renda não for compartilhada entre
todos os cidadãos e se mantiver a concentração de renda, o PIB pode crescer o
quanto quiser que nada vai mudar.
O mais grave, vai piorar, e o afastamento social pode criar um esgarçamento social que levará à uma possível ruptura social.
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