Em
1977, o então ministro do Exército, general Sylvio Frota, foi demitido por
Geisel ao tentar dar um golpe no golpe.
O erro de Geisel foi punir os oficiais superiores e generais envolvidos e apenas afastar ou movimentar os oficiais intermediários e subalternos. Sua atitude colocou um monstro no armário que voltou para assombrar o país. E a negociação/imposição de Geisel para preservar de punições os golpistas de 1964, com a anistia "ampla, geral e irrestrita", acabou oportunizando que eles se recolhessem às sombras e aguardassem o momento oportuno para ressurgir.
O
“mito” foi a centelha que reavivou a brasa golpista do grupo.
A
partir de 2008, já oficiais superiores no quadro de acesso ao generalato,
iniciaram pacientemente a operação que culminou com a eleição do capitão. A parte
ostensiva iniciou em 2014 com o discurso do insubordinado na AMAN, quando, curiosamente
o comandante era o atual comandante do Exército, General Tomás. Uma vergonha
nunca passada pela Academia, assistir um militar insubordinado, que desonrou a
farda, denegriu a instituição e negou os princípios de Caxias, fazer um
discurso político aos jovens cadetes.
Quase
40 anos depois, b0l$on@ro conseguiu ser o catalisador do sonho de poder dessa
turma. O capitão insubordinado se tornou um presidente insubordinado.
Muitos
generais, no golpe de 2016, eram jovens cadetes ou oficiais
subalternos/intermediários lotados ou próximos ao gabinete do então MinEx e
todo o Alto Comando do EB de 2016 foi influenciado por Frota. Apenas UM resistiu
e não aceitou cargos no governo ou em diretorias de estatais ao ir para a
reserva. Um militar chão de fábrica, talhado para o comando, líder nato e um
dos mais respeitados pela tropa.
Os
fracos de caráter deveriam lembrar das palavras do General Geisel sobre seu
líder e liderado no livro da Fundação Getúlio Vargas sobre a participação dos
militares nas instâncias políticas.
“B0l$on@ro
é um caso completamente fora do normal, inclusive um mau militar” (Ernesto
Geisel).
Política
de Defesa Nacional é um assunto civil, as FFAA fazem parte da estratégia de
Defesa Nacional, sempre subordinadas e junto com outras instituições civis como
acontece nos países desenvolvidos.
O
manual da Escola Superior de Guerra aponta cinco expressões do Poder Nacional -
Científica e Tecnológica, Política, Econômica, Psicossocial e Militar. Com exceção
do Militar, todos os outros têm uma visão mais precisa, ampla e abrangente
sobre o futuro social, econômico e geopolítico da nação. São dinâmicos,
decisores, estruturantes, formadores, fazem a vida e os destinos do país,
interagem e expressam toda a sociedade, enquanto o Poder Militar tem a
finalidade de ser apenas agente de segurança externa. Quando atua com os
outros, é coadjuvante em uso dual de tecnologia e novos produtos, projeção de
poder na área diplomática, avalista técnico para novos mercados da indústria de
defesa e poder dissuasório e garantia da integralidade do território nacional.
Alguns
militares, com sua visão de expressão de poder nacional supremacista,
transformaram as FFAA em foco de instabilidade na política interna e paz social
na história do Brasil.
Como
me disse um general da reserva crítico ao uso político das FFAA, "estudei
e me qualifiquei para comandar, não para governar".
Se
a sociedade, através das expressões Política e Psicossocial do Manual da ESG,
não tomarem providências, 1889, 1922, 1930, 1945, 1955, 1961, 1964, 2014, 2016,
2018 se repetirão ad eternum, não dando esperança de horizontes de estabilidade
ao país.
Esses
oficiais tiram as FFAA dos trilhos, incentivam a indisciplina, quebram a
hierarquia, abalaram a credibilidade de competência e capacidade da Força. São
mau exemplo para os oficiais de baixa patente de hoje, que podem ter arroubos
semelhantes daqui a 30/40 anos.
Imagino
a dor dos bons militares vendo sua instituição sendo enxovalhada por golpistas e
oportunistas sem qualquer vínculo ideológico ou filosófico, apenas baseados em
seus interesses pessoais e familiares.
E
há um árduo trabalho de depuração e doutrinação das últimas safras de cadetes e
jovens oficiais ou teremos outros arroubos golpistas daqui a alguns anos.
Isso
começa com a punição dos criminosos e o enquadramento dos transgressores disciplinares,
como esse pessoal que usa posto e graduação na vida civil, em atividades
políticas e em cargos públicos.
A
instituição precisa se modernizar e amadurecer, abandonando o corporativismo na
proteção das maçãs podres que prejudicam a safra.
Resta
à população entender que o Exército tem um papel social importante além do
militar e que os ruins não representam a instituição.
Defenda seu Exército, até dos “militares”!
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