Cincopes

on 19 dezembro 2022

PROSA - MILITÂNCIA E FANATISMO

“Quando o fanatismo gangrena o cérebro, a enfermidade é incurável”, Voltaire.

Há diferenças claras entre militância e fanatismo.

O militante, antes de se posicionar, tira a camisa ideológica e se coloca no lugar das pessoas. Quando não o faz, vira um chato ideológico arrogante.

O fanático é um problema por si só e quando envolve política, se torna agressivo, levantando qualquer bandeira que venha de seu mito. Seus símbolos estão em pessoas, bandeiras, ícones ou argumentos desviados de seu sentido original. Como a palavra mito, aquilo que não existe, uma narrativa, um realismo fantástico no original. No nosso caso, terror fantástico.

Os mesmos ideais que orientam os golpistas presos na Alemanha, estão na frente dos quarteis. Alienados políticos, cidadãos frustrados suscetíveis às teorias conspiratórias, vivem num universo paralelo ou num passado triste com visão preto e branco, sem escala de cinza.

O perfil dos membros do CIDADÃOS DO REICH se alinha até nos chacras com os nossos CIDADÃOS DE BEM. Idade média de 50 anos, negam o Covid, contra a vacina, monarquistas (alguns), anti”comunistas” (todos), creem numa conspiração dentro dos governos contra a sociedade que sonham, rejeitam a modernidade e a equidade social, preconceituosos, racistas e acreditam piamente num tal NOM (Nova Ordem Mundial). Aqui no Brasil, ainda tem os que temem outro fantasma, a tal URSAL (União das Repúblicas Socialistas da América Latina). São pessoas que não trabalham e podem acampar. Pensionistas, aposentados, desempregados e desalentados que encontraram num discurso irreal, propósito a vidas vazias. Ou espertos que ganham votos e dinheiro com os acampamentos ou nas redes sociais. Vide o indígena não tradicional, Tserere, que se autodenomina “cacique”, pastor evangélico, foi candidato não eleito nas duas últimas eleições, que já cumpriu pena por tráfico de drogas e é suspeito de envolvimento em garimpo ilegal e prostituição.

No caso específico de Bolsonaro, seu fanatismo patriarcal delirante, nos leva ao século 19. Sua macheza bélica misógina substitui a potência sexual pelo poder político e econômico diante da mulher bela, recatada, subserviente, submissa e do lar.

Essa loucura que assistimos perplexos nada tem a ver com a suposta fraude nas eleições. É frustração e raiva potencializada por um cara atingido no ego, que não aceita a derrota mesmo tendo esvaziado o caixa do governo e usado a máquina pública como nunca antes nesse país. Sem isso, a eleição teria acabado no primeiro turno!

E volta ao Rio de Janeiro onde a milícia está mais bem estruturada, organizada, armada, poderosa e com liderança centralizada, depois de se ver livre para se armar e se alastrar pelo país como orcrim nacional.

Sem consciência cidadã e empatia, é melhor voltar para casa, porque o fanatismo é o império da alienação.

Democracia, mais que voto, é participação. Exercer seu direito sem participar, não aprimora a democracia.