Cincopes

on 20 maio 2025

POLÍTICA - E A JANJA, HEIN?

A fase das desimportâncias importantes não para, só se aprofunda.

A última é a polêmica sobre se a Janja perguntou ou não ao XI Jinping.

O presidente brasileiro viaja ao outro lado do mundo, fecha inúmeros contratos, capta bilhões de dólares em investimentos, se posiciona politicamente, age geopoliticamente e a manchete é “ A JANJA...”

Essa é uma briga que a comunicação do governo sempre vai perder, porque o importante não é o fato, é a bobagem que ganha importância. A imprensa tradicional aderiu ao modelo das redes sociais, é preciso polêmica e fuxico para vender.

Nos bons tempos do jornalismo, a gente suitava a matéria, hoje se martela no mesmo fato sem buscar fatos novos. Se dá grande importância ao nada.

Sobre o fato específico, falhou a jornalista em nome do furo.

Não se publica um fato desses sem checar com outras fontes. Uma voz é um ponto de vista e um interesse que nem sempre é o do país. Não esqueçamos que os ministros não são fieis ao governo. E não é um caso específico de Lula, qualquer outro vai enfrentar esse problema. Os políticos são fieis aos interesses das 20 raposas e 10 lobos que chantageiam o país e comandam os partidos e o Congresso. E alguns nem estão lá dentro, andam por aí com tornozeleira eletrônica.

E se fosse de Janja a pergunta, não teria problema algum, porque não era um encontro oficial, era um bate papo durante um jantar informal com o presidente da China, uma das donas do Tik Tok.

A resposta de Xi Jinping ao Lula, não à Janja, foi natural e cortês. Somos um país soberano e devemos fazer cumprir a Constituição e defender os interesses da Nação. Ele poderia ter feito lobby para que o governo não tomasse qualquer atitude.

O maior problema com a Janja é sua postura e exposição. Grande parte da população não está preparada para esse tipo de personalismo e ativismo político feminino e me espanta que até mulheres esclarecidas, como Andréa Sadi e Natuza Nery, queiram medir com sua régua pessoal o que Janja deve ou não fazer. Suas posturas diminuem o valor de seus argumentos em outros temas e momentos. Quando será que estão se posicionando de acordo com suas convicções pessoais?

Acrescente-se ao cenário a tentativa de mostrar que Lula já não tem o vigor de antes, além de estar casado com uma mulher muito mais jovem que faz o que quer dele.

Lula tem 79 anos, foi preso aos 71 anos, passou 580 dias preso, se manteve altivo, confiante no sistema, mostrou energia numa campanha eleitoral radical e doentia, superou uma tentativa de golpe, fez cirurgia delicada e se recuperou rapidamente, caiu, bateu com a cabeça, convive com lobos, governa um país e anda por aí, leve e fagueiro, com sua jovem e participativa mulher a tiracolo. Ele mostra ter mais saúde e energia que seu pretenso adversário político, quase 10 anos mais novo e com histórico de atleta, que diz que vai morrer se for preso.

Teimamos em ser um país conservador que mantém no imaginário a mulher passiva, submissa, recatada e do lar.

Toda mulher é independente para ser empoderada, recatada, profissional, do lar ou qualquer outro rótulo aplicado pela sociedade.

O Brasil está cheio de Janjas incomodando. Ainda bem!

As mulheres evoluíram, a sociedade não.