A fase das desimportâncias importantes não para, só se aprofunda.
A última é a polêmica sobre se a Janja perguntou ou não ao XI Jinping.
O presidente brasileiro viaja ao outro lado do mundo, fecha inúmeros
contratos, capta bilhões de dólares em investimentos, se posiciona
politicamente, age geopoliticamente e a manchete é “ A JANJA...”
Nos bons tempos do jornalismo, a gente suitava a matéria, hoje se martela
no mesmo fato sem buscar fatos novos. Se dá grande importância ao nada.
Sobre o fato específico, falhou a jornalista em nome do furo.
Não se publica um fato desses sem checar com outras fontes. Uma voz é um
ponto de vista e um interesse que nem sempre é o do país. Não esqueçamos que os
ministros não são fieis ao governo. E não é um caso específico de Lula,
qualquer outro vai enfrentar esse problema. Os políticos são fieis aos
interesses das 20 raposas e 10 lobos que chantageiam o país e comandam os
partidos e o Congresso. E alguns nem estão lá dentro, andam por aí com
tornozeleira eletrônica.
E se fosse de Janja a pergunta, não teria problema algum, porque não era
um encontro oficial, era um bate papo durante um jantar informal com o
presidente da China, uma das donas do Tik Tok.
A resposta de Xi Jinping ao Lula, não à Janja, foi natural e cortês.
Somos um país soberano e devemos fazer cumprir a Constituição e defender os
interesses da Nação. Ele poderia ter feito lobby para que o governo não tomasse
qualquer atitude.
O maior problema com a Janja é sua postura e exposição. Grande parte da
população não está preparada para esse tipo de personalismo e ativismo político
feminino e me espanta que até mulheres esclarecidas, como Andréa Sadi e Natuza
Nery, queiram medir com sua régua pessoal o que Janja deve ou não fazer. Suas
posturas diminuem o valor de seus argumentos em outros temas e momentos. Quando
será que estão se posicionando de acordo com suas convicções pessoais?
Acrescente-se ao cenário a tentativa de mostrar que Lula já não tem o
vigor de antes, além de estar casado com uma mulher muito mais jovem que faz o
que quer dele.
Lula tem 79 anos, foi preso aos 71 anos, passou 580 dias preso, se
manteve altivo, confiante no sistema, mostrou energia numa campanha eleitoral
radical e doentia, superou uma tentativa de golpe, fez cirurgia delicada e se
recuperou rapidamente, caiu, bateu com a cabeça, convive com lobos, governa um
país e anda por aí, leve e fagueiro, com sua jovem e participativa mulher a
tiracolo. Ele mostra ter mais saúde e energia que seu pretenso adversário
político, quase 10 anos mais novo e com histórico de atleta, que diz que vai
morrer se for preso.
Teimamos em ser um país conservador que mantém no imaginário a mulher
passiva, submissa, recatada e do lar.
Toda mulher é independente para ser empoderada, recatada, profissional, do
lar ou qualquer outro rótulo aplicado pela sociedade.
O Brasil está cheio de Janjas incomodando. Ainda bem!
As mulheres evoluíram, a sociedade não.
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