Os modismos beiram a insanidade.
O caso dos bebês e o surgimento de clínicas de parto reborn em Santa Catarina, alertam para um problema de saúde mental que vem se agravando em todo o mundo nos últimos tempos, principalmente por adesão ou fuga aos extremismos. Seja na oração ao pneu, comunicação com alienígenas ou medo do comunismo, no Brasil, o radicalismo abriu as portas do hospício. Políticos, pastores, coachs e influencers, surfam na onda ganhando muito dinheiro.
Um dos donos da “clínica”, é separado, paga pensão para o filho reborn e
diz que foi com ele que descobriu o amor. Vai entender!
Não sou psicólogo ou psiquiatra, mas meu rapport diz que essa necessidade
de transferir afeto de pets às bonecas, incluindo toys e robôs, se deve ao medo
de assumir responsabilidades das conexões humana com seus naturais conflitos.
Sempre houve “reborn” na vida das pessoas, só que de outras maneiras e
com outros nomes.
Lembro das histórias de um amigo sobre seu relacionamento com Deise, uma
diva loira voluptuosa.
Em dia de jogo do seu time, pegava a parceira e ia assistir o jogo no
motel.
Adorava ouvir os comentários do Ruy Carlos Ostermann. Dizia que após
ouvir o colega e professor podia discutir com qualquer um sobre o jogo sem ter
ouvido ou assistido. Ruy comentava com lirismo e verdade, dizia ele.
A preliminar do jogo era entre lençóis e, se o Grêmio vencesse, tinha
banho de hidro depois. Em caso de derrota, colocava a amiga no porta-malas e ia
para o bar do Capacete esbravejar e beber.
O problema era a emoção ou a fúria do meu amigo durante o jogo. Fumante
inveterado, eventualmente, queimava a parceira.
Sua salvação era um borracheiro no bairro Azenha que primava pela
discrição e fazia um trabalho digno de um cirurgião, com cicatrizes quase
invisíveis.
Nunca vou esquecer do dia que me enviou por e-mail a matéria de um jornal
japonês sobre a empresa Ningen Love Dolls que faz funerais para bonecas sexuais
antes de enviá-las para reciclagem. A Human Love Dolls, fabricante de bonecas de
amor ou sexuais (eu não sabia que tinha diferença!), vende seus produtos com vários
planos funerários opcionais, alguns com direito a memorial. A Ningen faz
cerimoniais semelhantes de despedida para pets e robôs domésticos. Os
cerimonias são realizados em santuários e templos que acreditam que com a
convivência, pets, robôs domésticos e bonecas sexuais, adquirem alma.
Ele chegou a desenhar um business plan para reproduzir a ideia em Porto
Alegre e me garantiu que tinha mercado. Começou a listar nomes e descobri que havia
até uma comunidade para trocar ideias e impressões.
Infelizmente, não resistiu ao covid e nem sei o destino de sua parceira,
mas imagino o que faria ao ler as noticias das “loucuras” reborn.
Daria uma grande tragada em seu cigarro de filtro amarelo, ergueria a
cabeça, soltaria vários anéis de fumaça, ergueria seu copo com Trigo Velho e,
entre risos, diria:
- Sabe
nada, inocentes!
Acho que precisamos voltar às origens e renascer como seres humanos porque não é normal a transferência e o medo de expressar e assumir sentimentos.
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