Ser
sábio não é saber tudo, mas reconhecer os limites de seu conhecimento e saber
perguntar.
Há
tantos ignorantes que se proclamam inteligentes, quando na verdade, são cegos
pela religião, ideologia ou infantilidade.
A
ignorância é um subproduto da síndrome de Peter Pan, a recusa em crescer para
se manter sob um sistema paternalista, usando sua infantilidade como defesa e
fuga da responsabilidade de ter que tomar decisões como um adulto. A ignorância
é o instrumento perfeito para mitos dominarem e surfarem no populismo barato e
perigoso.
Ser
obediente, funcionário submisso, cidadão omisso, eleitor leniente é
extremamente confortável porque você nunca terá que carregar a culpa de suas
decisões, mas pode esbravejar nas redes como se tivesse algum poder moral para
isso.
A
liberdade é perigosa para os fracos, os obriga a encarar não só o lado bom, mas
também o lado mau da realidade.
Ousar
saber nos obriga a conviver com a inquietação do pensamento, usar seu próprio
entendimento com autonomia e correr o risco de ser chamado de subversivo.
Lembro
de uma história do tempo de caserna. Um novo comandante assumiu e resolveu
rever o plano de defesa da unidade. Havia um posto de sentinela que não
justificava a presença de um praça permanente. Resolveu descobrir o porquê da
instalação do posto. Ninguém sabia. Ele resolveu ir a fundo na história e
descobriu que há muitos anos, o banco próximo fora pintado e plantas foram
colocadas em um lugar que os militares usavam para cortar caminho. O comandante
da época colocou um sentinela para manter o pessoal afastado e, por trinta
anos, ninguém ousara questionar a manutenção do posto apesar do banco nem
existir mais e as plantas terem virado um pátio de formatura.
É um exemplo de como nos acomodamos e preferimos o “sempre foi assim”, “tá na bíblia”, “consta no manual”, “foi o fulano que mandou”, sem questionarmos o porquê não mudar, quem escreveu e cadê o fulano.
O
mundo mudou e textos escritos em outra realidade sendo seguidos como dogmas
causam um desconforto social, limitam a liberdade cognitiva e criam seguidores
com visão limitada.
Pensar
é ameaçador e ousar é forçar o limite de premissas que tem raiz na tradição e
não na razão. Pensar liberta e dá força para confrontar aquilo que tentamos
evitar, um ato de coragem e resistência ao adestramento e à dominação.
A
covardia, a desinteligência, a ignorância, a fraqueza moral e a falta de
caráter são grandes riscos ao desenvolvimento, à liberdade e à democracia.
A expressão em latim creditada a Immanuel Kant, SAPERE AUDE (ouse saber), é verdadeira e necessária, porque só os tolos sabem tudo!

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