Cincopes

on 25 agosto 2025

PROSA - UM SOLDADO FILHO DE SOLDADO

No 25 de Agosto, festejamos o Dia do Soldado.

Fiz muitas coisas na vida, mas uma das mais marcantes foi minha passagem pela caserna, porque vem de berço meu respeito e admiração pelo Exército.

Reuniões de família, com meu pai e tios, era como mobilizar uma Brigada com a presença da infantaria, cavalaria, artilharia, engenharia e comunicações.

Meu pai separava o profissional do cidadão e não lembro dele usar expressões, palavras ou termos militares fora do quartel. Tinha vida social, participava das atividades da minha escola e da ordem dos músicos, além de chefe escoteiro e fotógrafo. E torcedor dos filhos, acompanhando minhas atividades e do meu irmão no coral Canarinhos e meus treinos de basquete, no Corinthians de Santa Cruz do Sul. Sempre que podia, assistia os treinos escondido e nos jogos, estava sempre na arquibancada.

Mas, antes de tudo, era um SOLDADO!

Junto aos princípios familiares como amor ao próximo, respeito e fé, seu legado está entranhado em nossas atitudes e propósito, como a verdade, a lealdade, o patriotismo, a responsabilidade e o profissionalismo.

Muitos dizem que os militares se destacam pela hierarquia e disciplina, mas não é diferente da vida civil onde ambas também são fundamentais, seja na família, no trabalho ou nas relações.

Outros dirão que, na caserna, desenvolveram a capacidade de superar a fome, o frio, os exercícios extenuantes, ser superior ao tempo.

Alguns lembrarão da dor, do sono, da roupa molhada, do esforço individual e coletivo.

Nenhum deles se compara aqueles que aprendemos e, sem notar, incorporamos à nossa vida com naturalidade.

Quando incorporei, meu pai alertou que iam me ensinar, mas que, na verdade, valemos pelo que aprendemos. Dentro ou fora da Força, essa é a mais pura verdade!

Nem vou falar do desenvolvimento das competências e habilidades que me ajudaram na vida e na carreira, mas dos aprendizados importantes incorporados ao vestir a farda verde-oliva, como o sentido de pertencimento, o valor do coletivo e da responsabilidade.

Descobri que não há rico, pobre, cor, religião ou filosofia e que o significado de família também está ligado à força da união e do compromisso.

Abandonei o indivíduo pela individualidade ao entender que sempre há alguém melhor do que eu e que vale mais ser o melhor para todos do que o melhor de todos.

Me fortaleci no poder do coletivo, me entendi como parte de uma brasilidade diversa e que sem Nação, não existe Pátria.

Vivi em grupo dividindo tempo e apoio moral, compartilhando força e incentivo.

Vi na prática a diferença entre palavras e exemplos, chefe e líder, ética e moral. Ao cruzar o portão da guarda, alguém será mais moderno e terá o meu respeito tanto quanto o mais antigo.

Compreendi que cair é natural e que os homens se diferenciam na forma como levantam, pouco importando quanto tempo rastejaram.

Vi que o objetivo final é antecedido de vários objetivos intermediários e altos ténicos, importantes porque nos preparam para a grande conquista e a festa justa na vitória.

Entendi como confiar nas pessoas e respeitar subordinados e meus pares.

A caserna é uma casa de amizades, porque ninguém sai de lá sem levar dezenas de amigos de fé para toda a vida e que o tempo não existe para irmãos de tropa. Se nos encontrarmos 10 anos depois, será como se apenas voltássemos de uma patrulha, recordaremos os bons momentos e riremos dos perrengues e dos bisonhos.

Descobri que só um bom ser humano é um bom profissional.

Aprendi que ser justo não é a mesma coisa que justiça.

Aprendi que nada supera o prazer da missão cumprida.

Aprendi a levar a Instituição com respeito e defendê-la contra os ataques externos e internos.

Com ou sem farda, sou um soldado e devo lealdade à instituição, subordinação ao cidadão brasileiro, respeito à sociedade e servir com profissionalismo para ajudar a transformar em confiança a credibilidade que o EB conquistou.

As instituições carregam as virtudes e os defeitos de seus integrantes, cabendo a cada um o esforço de não confundir lealdade com cumplicidade, isolando os maus para manter a dignidade da corporação.

Gratidão ao EB por ter nos proporcionado construir essa família e sempre usarei o legado recebido na defesa e no fortalecimento da Instituição.

Em minha trajetória, os diplomas e medalhas foram apenas prêmios, porque a verdadeira recompensa foi a vida que me deu.

A respeitosa CONTINÊNCIA deste veterano a todos os soldados brasileiros, das FFAA e auxiliares que comungam dos ideais de Caxias.

Pouco importa o posto ou graduação, na ativa ou veterano, um soldado sempre é um soldado!

Viva o SOLDADO, viva o Exército Brasileiro.