No 25 de Agosto, festejamos o Dia do Soldado.
Fiz muitas coisas na vida, mas uma das mais marcantes foi minha
passagem pela caserna, porque vem de berço meu respeito e admiração pelo
Exército.
Reuniões de família, com meu pai e tios, era como mobilizar uma Brigada
com a presença da infantaria, cavalaria, artilharia, engenharia e comunicações.
Meu pai separava o profissional do cidadão e não lembro dele usar expressões,
palavras ou termos militares fora do quartel. Tinha vida social, participava
das atividades da minha escola e da ordem dos músicos, além de chefe escoteiro
e fotógrafo. E torcedor dos filhos, acompanhando minhas atividades e do meu
irmão no coral Canarinhos e meus treinos de basquete, no Corinthians de Santa
Cruz do Sul. Sempre que podia, assistia os treinos escondido e nos jogos,
estava sempre na arquibancada.
Mas, antes de tudo, era um SOLDADO!
Junto aos princípios familiares como amor ao próximo, respeito e fé, seu
legado está entranhado em nossas atitudes e propósito, como a verdade, a lealdade,
o patriotismo, a responsabilidade e o profissionalismo.
Muitos dizem que os militares se destacam pela hierarquia e disciplina,
mas não é diferente da vida civil onde ambas também são fundamentais, seja na
família, no trabalho ou nas relações.
Outros dirão que, na caserna, desenvolveram a capacidade de superar a
fome, o frio, os exercícios extenuantes, ser superior ao tempo.
Alguns lembrarão da dor, do sono, da roupa molhada, do esforço individual
e coletivo.
Nenhum deles se compara aqueles que aprendemos e, sem notar, incorporamos
à nossa vida com naturalidade.
Quando incorporei, meu pai alertou que iam me ensinar, mas que, na verdade,
valemos pelo que aprendemos. Dentro ou fora da Força, essa é a mais pura verdade!
Nem vou falar do desenvolvimento das competências e habilidades que me
ajudaram na vida e na carreira, mas dos aprendizados importantes incorporados
ao vestir a farda verde-oliva, como o sentido de pertencimento, o valor do
coletivo e da responsabilidade.
Descobri que não há rico, pobre, cor, religião ou filosofia e que o
significado de família também está ligado à força da união e do
compromisso.
Abandonei o indivíduo pela individualidade ao entender que sempre
há alguém melhor do que eu e que vale mais ser o melhor para
todos do que o melhor de todos.
Me fortaleci no poder do coletivo, me entendi como parte de
uma brasilidade diversa e que sem Nação, não existe Pátria.
Vivi em grupo dividindo tempo e apoio moral, compartilhando
força e incentivo.
Vi na prática a diferença entre palavras e exemplos, chefe e líder,
ética e moral. Ao cruzar o portão da guarda, alguém será mais moderno e terá o
meu respeito tanto quanto o mais antigo.
Compreendi que cair é natural e que os homens se diferenciam na
forma como levantam, pouco importando quanto tempo rastejaram.
Vi que o objetivo final é antecedido de vários objetivos
intermediários e altos ténicos, importantes porque nos preparam para a grande conquista
e a festa justa na vitória.
Entendi como confiar nas pessoas e respeitar subordinados e
meus pares.
A caserna é uma casa de amizades, porque ninguém sai de lá sem
levar dezenas de amigos de fé para toda a vida e que o tempo não existe
para irmãos de tropa. Se nos encontrarmos 10 anos depois, será como se
apenas voltássemos de uma patrulha, recordaremos os bons momentos e riremos dos
perrengues e dos bisonhos.
Descobri que só um bom ser humano é um bom profissional.
Aprendi que ser justo não é a mesma coisa que justiça.
Aprendi que nada supera o prazer da missão cumprida.
Aprendi a levar a Instituição com respeito e defendê-la contra os ataques
externos e internos.
Com ou sem farda, sou um soldado e devo lealdade à instituição,
subordinação ao cidadão brasileiro, respeito à sociedade e servir com
profissionalismo para ajudar a transformar em confiança a credibilidade que o
EB conquistou.
As instituições carregam as virtudes e os defeitos de seus
integrantes, cabendo a cada um o esforço de não confundir lealdade com
cumplicidade, isolando os maus para manter a dignidade da corporação.
Gratidão ao EB por ter nos proporcionado construir essa
família e sempre usarei o legado recebido na defesa e no fortalecimento
da Instituição.
Em minha trajetória, os diplomas e medalhas foram apenas
prêmios, porque a verdadeira recompensa foi a vida que me deu.
A respeitosa CONTINÊNCIA deste veterano a todos os soldados
brasileiros, das FFAA e auxiliares que comungam dos ideais de Caxias.
Pouco importa o posto ou graduação, na ativa ou veterano, um soldado
sempre é um soldado!
Viva o SOLDADO, viva o Exército Brasileiro.
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