O
povo carioca está feliz!
Depois da exitosa operação na Penha, o tráfico sumiu, a droga
desapareceu, a sensação de segurança voltou e a polícia prendeu os chefes.
Sem o tráfico, menores e adolescentes voltaram às escolas e conseguiram empregos, as mães nem lembram mais do sangue nas calçadas, não ouvem os gritos dos estupros ou o som dos tiros cortando o silêncio da noite.
A polícia avaliou a operação, vai treinar mais para evitar repetir erros,
as famílias daqueles que tombaram em serviço estão amparadas, prenderam quem
vazou a operação e todos os que recolhiam o “arrego” foram presos e demitidos
do serviço público.
Os fabricantes, mercadores e importadores de armas foram presos, as
fábricas fechadas, os estoques nos grandes condomínios da zona nobre foram
descobertos e a fiscalização nos aeroportos e portos da região finalmente
funcionam.
O Estado está presente e atuante e o sobrenome da Penha agora é paz.
Só que não!
A elite carioca e o resto do país, distantes dos fatos, acham tolerável
assistir ao vivo os combates urbanos em zona densamente povoada, corpos
empilhados e gritos de mães desesperadas, mas se exasperam ao ouvir a palavra
massacre ou matança.
Há mais de 50 anos, desde que Nixon resolveu iniciar uma guerra às drogas
para seus concidadãos esquecerem a fragorosa derrota no Vietnam, que o modelo é
o mesmo.
O que mudou?
Surgiram barões do tráfico, carteis, quadrilhas internacionais e o lobby
das armas prosperou. O consumo só aumentou e não houve um milímetro de recuo em
direção a solução do problema.
Essa semana, passou no Canal Brasil um documentário sobre a violência e o
crime nas comunidades cariocas e um miliciano disse o que eu pensei quando vi a
ação da polícia.
“Há um acordo tácito entre polícia e
milícias. Eles invadem e amaciam e a gente vem e toma conta”, disse ele.
No Rio de Janeiro está assim, o crime se associa ao estado para dominar
comunidades. E o modelo se espalha com políticos defendendo abertamente
criminosos e os financiadores do crime. A tal liga da paz dos governadores é
isso. O PCC entrou nesses governos e usa o poder do estado para enfrentar o
Comando Vermelho. Basta acompanhar os noticiários e ver sua presença nos
tribunais, assembleias, secretarias e câmaras municipais, pessoalmente ou
através de prepostos.
O crime perdeu a vergonha e acabou com os intermediários. Criminosos se
apresentam como candidatos e tomam congresso, tribunais, assembleias,
prefeituras, câmaras e templos na lavagem de dinheiro, doutrinação e domínio de
territórios.
A falta de fiscalização e liberalidade regulatória legada pelo governo
anterior permitiu que chegassem aos negócios, dividindo espaço e câmaras
setoriais com empresários e banqueiros.
Para diferenciar um empresário ou banqueiro milionário dessa caterva,
basta perguntar se aceita pagar um pouco de imposto e verão a diferença.
A imprensa, sedenta por manchetes, ajuda o povo a ficar mais preocupado
com semântica do que com a realidade.
Os termos “matança” e “massacre” usados por Lula doeram tanto porque tocaram consciências.

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