Cincopes

on 30 dezembro 2025

POLÍTICA - EMBARALHOU

Será intenso o corre da direita e do centrão nesse final de ano. Papai Noel não foi bonzinho e, quando acharam que teriam paz, veio a perspectiva de uma difícil caminhada, em 2026.

Nem vou falar de Lula e Das pesquisas recentes, mas avaliar isoladamente cada nome na disputa, dentro de seu campo.

O lançamento da candidatura do zeroum reposicionou e abriu discussões sobre viabilidade eleitoral, com impacto nas candidaturas e composições estaduais e parlamentos.

A pesquisa publicada esta semana mostrou que o bolsonarismo tem um séquito fiel, aquilo que o Trump chama de eleitor ardoroso, mesmo que mate alguém ao vivo, seus adoradores dirão que o ato foi correto e que a vítima é a culpada.

Flávio Bolsonaro carrega o nome e a marca da família, é o mais fiel representante do pai e não precisa de discurso, debates ou projetos. Pode repetir a tática do pai, em 2018, e se eleger com a estratégia do medo e da polarização. É um discurso vazio que cola em ideológicos, evangélicos e nos limitados cognitiva e politicamente. Nem precisará da imagem em papelão do pai, porque é o filho mais parecido fisicamente com ele. Pode usar a paixão que seu pai desperta em seus seguidores e se apresentar como o “escolhido” pelo Messias com boa perspectiva de sucesso.

Michele Bolsonaro não está preocupada com a presidência. Livre do cabresto do marido, sonha em ser senadora pelo DF e pavimentar sua campanha para sonhos maiores no futuro. Está livre para criar sua própria bancada e discurso. Se Lula ou seu sucessor não for capaz, provavelmente tentará reorganizar a direita em torno do seu nome, em 2030.

A família deve avaliar bem as perspectivas. Flávio ainda tem mais quatro anos de mandato. Carlos Bolsonaro tem eleição ao senado quase garantida, em Santa Catarina, reduto furiosamente bolsonarista, e deve alavancar Jair Renan, que ocuparia o lugar de Eduardo como único representante da família na Câmara. Eduardo Bolsonaro não volta ao país tão cedo, deve cuidar dos negócios internacionais da família em terras norte-americanas.

Tarcísio de Freitas foi o mais prejudicado, mostrando que Flávio tem mais cacife eleitoral do que ele. Tarcísio vive o dilema da reeleição possível e a candidatura quase suicida à presidência. Enfrentar um candidato à reeleição como o atual presidente é muito complicado. E ainda tem seus fantasmas que espreitam pelo vão da porta do armário, despertados por Derrite, PCC e as ações da PF. Aposto que será o primeiro a embarcar oficialmente na candidatura de Flávio.

Ratinho Júnior é o preferido de Kassab e alguns caciques, mas tem uma trajetória difícil para se tornar um nome nacional. Quanto das intenções na pesquisa se deve ao desconhecimento que se trata do filho e não do pai? Talvez, uma candidatura ao senado seja mais viável para lhe dar estatura política nacional.

Eduardo Leite é uma pandorga, pipa ou papagaio, dependendo da região do leitor. Tem mais cacife administrativo que Ratinho Jr, mas tem perfil personalista e lhe falta traquejo político. Seu projeto de terceira via é vazio, todos sabem como a extrema-direita tomou seu governo. Um discurso político sem contundência ou objetividade. Ainda é um tucano, sempre está no muro.

Ronaldo Caiado está candidato para marcar posição, sem qualquer chance de aglutinar forças políticas e econômicas em torno de seu nome. Tem bons números na economia do estado, mas também tem fantasmas com a justiça, o crime organizado e o judiciário estadual.

Romeu Zema é o típico candidato folclórico que pode dar certo por isso. Quantas gafes e bobagens dirá numa campanha intensa e sob o escrutínio permanente da imprensa e dos opositores a espera de um tropeço. Seu clipe musical com a ideia de jovialidade, mostrou apenas mau gosto e falta de educação. E também não ajudam os números de Minas sob seu comando.

De todos os pré-candidatos, Flávio é o único que pode atuar com peso nas eleições estaduais e proporcionais porque o PL está com o cofre abarrotado e tem o apoio de dois exércitos, o militar/policial e o evangélico.

A direita e o centrão correm contra o tempo, demoraram demais a agir, se enredaram no discurso extremista e, agora, talvez não haja outra saída a não ser seguir no barco bolsonarista. A tática foi reforçar o orçamento secreto para R$ 61 bilhões para tentar eleger uma bancada numerosa, não necessariamente qualificada, no próximo mandato.

Com a ajuda de Xandão, Michele foi mais esperta que o centrão e joga seu próprio jogo.

Faltam 10 meses para a eleição e o calendário pressiona. Num país com as dimensões, diversidade étnica e cultural do Brasil, a direita precisa urgentemente tirar um coelho da cartola.

Acabou o jogo de Paciência, agora é Pôquer!