Será intenso o corre da direita e do centrão nesse final de ano. Papai
Noel não foi bonzinho e, quando acharam que teriam paz, veio a perspectiva de
uma difícil caminhada, em 2026.
Nem vou falar de Lula e Das pesquisas recentes, mas avaliar isoladamente
cada nome na disputa, dentro de seu campo.
A pesquisa publicada esta semana mostrou que o bolsonarismo tem um
séquito fiel, aquilo que o Trump chama de eleitor ardoroso, mesmo que mate
alguém ao vivo, seus adoradores dirão que o ato foi correto e que a vítima é a
culpada.
Flávio Bolsonaro carrega o
nome e a marca da família, é o mais fiel representante do pai e não precisa de
discurso, debates ou projetos. Pode repetir a tática do pai, em 2018, e se
eleger com a estratégia do medo e da polarização. É um discurso vazio que cola em
ideológicos, evangélicos e nos limitados cognitiva e politicamente. Nem
precisará da imagem em papelão do pai, porque é o filho mais parecido
fisicamente com ele. Pode usar a paixão que seu pai desperta em seus seguidores
e se apresentar como o “escolhido” pelo Messias com boa perspectiva de sucesso.
Michele Bolsonaro não está
preocupada com a presidência. Livre do cabresto do marido, sonha em ser
senadora pelo DF e pavimentar sua campanha para sonhos maiores no futuro. Está
livre para criar sua própria bancada e discurso. Se Lula ou seu sucessor não
for capaz, provavelmente tentará reorganizar a direita em torno do seu nome, em
2030.
A família deve avaliar bem as perspectivas. Flávio ainda tem mais quatro
anos de mandato. Carlos Bolsonaro tem eleição ao senado quase garantida, em
Santa Catarina, reduto furiosamente bolsonarista, e deve alavancar Jair Renan,
que ocuparia o lugar de Eduardo como único representante da família na Câmara.
Eduardo Bolsonaro não volta ao país tão cedo, deve cuidar dos negócios internacionais
da família em terras norte-americanas.
Tarcísio de Freitas foi o mais
prejudicado, mostrando que Flávio tem mais cacife eleitoral do que ele.
Tarcísio vive o dilema da reeleição possível e a candidatura quase suicida à
presidência. Enfrentar um candidato à reeleição como o atual presidente é muito
complicado. E ainda tem seus fantasmas que espreitam pelo vão da porta do
armário, despertados por Derrite, PCC e as ações da PF. Aposto que será o
primeiro a embarcar oficialmente na candidatura de Flávio.
Ratinho Júnior é o preferido
de Kassab e alguns caciques, mas tem uma trajetória difícil para se tornar um
nome nacional. Quanto das intenções na pesquisa se deve ao desconhecimento que
se trata do filho e não do pai? Talvez, uma candidatura ao senado seja mais viável
para lhe dar estatura política nacional.
Eduardo Leite é uma pandorga,
pipa ou papagaio, dependendo da região do leitor. Tem mais cacife
administrativo que Ratinho Jr, mas tem perfil personalista e lhe falta traquejo
político. Seu projeto de terceira via é vazio, todos sabem como a extrema-direita
tomou seu governo. Um discurso político sem contundência ou objetividade. Ainda
é um tucano, sempre está no muro.
Ronaldo Caiado está candidato
para marcar posição, sem qualquer chance de aglutinar forças políticas e
econômicas em torno de seu nome. Tem bons números na economia do estado, mas
também tem fantasmas com a justiça, o crime organizado e o judiciário estadual.
Romeu Zema é o típico
candidato folclórico que pode dar certo por isso. Quantas gafes e bobagens dirá
numa campanha intensa e sob o escrutínio permanente da imprensa e dos
opositores a espera de um tropeço. Seu clipe musical com a ideia de
jovialidade, mostrou apenas mau gosto e falta de educação. E também não ajudam
os números de Minas sob seu comando.
De todos os pré-candidatos, Flávio é o único que pode atuar com peso nas
eleições estaduais e proporcionais porque o PL está com o cofre abarrotado e
tem o apoio de dois exércitos, o militar/policial e o evangélico.
A direita e o centrão correm contra o tempo, demoraram demais a agir, se
enredaram no discurso extremista e, agora, talvez não haja outra saída a não
ser seguir no barco bolsonarista. A tática foi reforçar o orçamento secreto
para R$ 61 bilhões para tentar eleger uma bancada numerosa, não necessariamente
qualificada, no próximo mandato.
Com a ajuda de Xandão, Michele foi mais esperta que o centrão e joga seu
próprio jogo.
Faltam 10 meses para a eleição e o calendário pressiona. Num país com as
dimensões, diversidade étnica e cultural do Brasil, a direita precisa urgentemente
tirar um coelho da cartola.
Acabou o jogo de Paciência, agora é Pôquer!

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