Cincopes

on 19 junho 2016

POLÍTICA - EM BUSCA DOS VOTOS DOS ELEITORES DESINTERESSADOS - III

CAMPANHAS PROPORCIONAIS

EM BUSCA DOS VOTOS DOS ELEITORES DESINTERESSADOS
Parte Final

SUPERANDO O DESINTERESSE

É fato que cerca de 90% do eleitorado não tem preferência nominal cerca de seis meses antes da eleição proporcional, enquanto 50% já tem voto preferencial (não cristalizado ou definitivo) para o executivo.

Durante um ano eleitoral, este desinteresse gradualmente diminui em razão da campanha e da cobertura da mídia, mas de forma muito distinta em relação a eleição ao executivo. 


O eleitor precisa ter seu interesse provocado à eleição legislativa, porque ela é menos atraente, comprovado pelo alto número de votos em branco ou na legenda. O legislativo é um poder acessório e sua ação é coletiva. Além disso, há muitos ganhadores, pois estão em disputa dezenas de cadeiras.

Nossa cultura é paternalista e personaliza o executivo como o real líder, senhor do bem e do mal e responsável pela solução dos “meus problemas”.

Os últimos dias de campanha são importantes, porque os 90% sem candidato dos seis meses que antecedem a eleição diminuíram para cerca de 65%, um percentual que vai às urnas sem candidato definido à proporcional. Como se eleger com um eleitorado tão desinteressado?

Há três coisas imprescindíveis numa campanha eleitoral, dinheiro, organização e participação do candidato.

Vontade e dinheiro superam a falta de organização. Vontade e organização superam a falta de dinheiro. Porém, dinheiro e organização não resolvem a ausência do candidato.


Propaganda

Se já é difícil votar em quem você conhece, imagina num desconhecido. Não basta que seus amigos ou eleitores potenciais mais próximos saibam, mas é fundamental chegar ao maior número de eleitores, reiterando esta informação de maneira forte e insistente.

É preciso criatividade, muito trabalho e agilidade, além de bom e farto material de campanha - impressos claros e objetivos - e pessoal motivado e treinado.

A campanha é uma corrente, sempre partindo de alguém que conhece alguém, que conhece outro e fala com outro, gerando novos apoios e difusão pública. Muitos candidatos acham que a internet pode dar a visibilidade necessária, mas sua finalidade é específica.

A internet tem o papel do microfone nos velhos comícios, fazendo mais gente ouvir o que você tem a dizer, mas não é plataforma para captação de votos. O grande cabo eleitoral é o candidato, através do contato pessoal, porque na internet você é apenas mais um. Se você não fez um trabalho competente antes da eleição - conteúdo político, participação comunitária, propostas coerentes, não será durante a partida que você vai virar o jogo.

O material e o discurso a ser transmitido pela corrente e no material gráfico deve ter a "marca" de sua candidatura. Ela deve expressar a sua pessoa e os seus projetos. A marca deve ter o poder de sintetizar tudo isto e ser usada sempre, mesmo fora do período eleitoral.

 

Identidade

Crie uma identidade que tenha nexo com sua vida pessoal e foco no interesse público. Elas devem ser estratégicas, realizáveis e prioritárias para o seu eleitor ou para a comunidade. Destaque para o número e foto, atividades, posição política e temas importantes para o eleitorado que vota, pode votar ou ser replicador de suas ideias.

Seja claro quanto as suas propostas, pois elas devem aproximá-lo do cidadão, ainda que não seja seu eleitor, de maneira que o convencimento ou persuasão seja possível. Não prometa o que está fora da esfera de competência do vereador.

Delimite sua área de atuação física e temática. Crie equipes enxutas e com grande mobilidade para atuar permanentemente, dando visibilidade e ocupando espaços. A ação presencial do candidato é crucial para potencializar a comunicação. Por mais competente que seja a equipe de panfletagem, o resultado de seu trabalho pode ser afetado pela ausência do candidato e pela ação da concorrência.