EDUCAÇÃO, CULPA E RESPONSABILIDADE
A infraestrutura
e os meios para a educação formal no Brasil nunca foram tratados com o devido cuidado pelos governos.
Verdadeiro.
Portanto, a culpa
pela situação da nossa educação é do Estado. É e não é. Esse é só um lado da
história.
“A educação, direito de todos, dever do Estado e
da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade”
Art.205, da Constituição Federal.
Então, está claro
que a responsabilidade é nossa.
Educação só se aprende
dentro da sala de aula? Basta só mandar os filhos à escola para eles serem
educados? Afinal, o que é educação? Eis o nó da questão.
Uma sociedade se
faz com cidadãos que agem como tal, fazem valer seus direitos, cumprem com seus
deveres e zelam para que cada um faça a sua parte.
Não podemos continuar
em silêncio, aceitando, sem protesto e sem alarde, que governantes incompetentes,
omissos ou mal-intencionados não façam o trabalho para o qual foram eleitos. Em
nossa passividade estamos incorrendo no crime de culpa por passividade e omissão.
Falta ao
brasileiro a consciência de que o Estado está a seu serviço. Quando votamos e
elegemos alguém é como se o contratássemos para prestar um serviço em nossa
casa ou empresa. Você imagina contratar alguém para dirigir uma empresa e o
patrão sair de férias e não cobrar resultados?
Se não cumprimos
nosso papel como pais, o que esperar de nossa prática cidadã? A sociedade
esquecida é que tem o poder de definir prioridades. O Congresso discute várias
reformas que são urgentes e necessárias, mas as discussões estão longe da
sociedade. As manifestações se dão via entidades, mas o cidadão comum, o mais
afetado pelo desrespeito aos seus direitos básicos não participa. Falta um
grande movimento de massa que pressione realmente a classe política a ver além
do seu horizonte mesquinho e da sua sobrevivência política.
Esse trabalho começa
em nossa casa porque não conheço um bom cidadão que não seja também um bom pai
ou boa mãe.
Fale com qualquer
professor e ele reclamará que seu trabalho vai além do ensino formal, pois
muitas crianças chegam à escola carentes de atenção, de carinho, de orientação,
de valores, o que acaba se refletindo em atitudes perturbadoras e instáveis. Essa
insegurança não é privilégio dos filhos, pois ao falarem com os pais, encontram
pessoas desorientadas por não saberem mais como se aproximar, o que dizer e
como entrar no mundo dos jovens e definir o limite para seus filhos.
O que estamos
fazendo por nós e para nossos filhos e netos. Que mundo estamos legando a eles
e que tipo de cidadão será no futuro?
Muitos pais
substituem carinho, disciplina, limites, atenção, amor e respeito, por dinheiro,
grifes, tecnologia, presentes e
liberdade em excesso, o que não compensa, nem jamais substituirá o valor da
presença. Disso resultam alguns dos problemas que vivenciamos. O poder da
família e do exemplo é que vai lhes dar base sobre princípios, moral, diferenciar
o certo do errado. Valores que se perderam na família, no grupo, no convívio
social. Senão, que tipo de escolhas farão?
Isso é EDUCAÇÃO. É preciso educar o eleitor, o
consumidor, o estudante, o político e o cidadão sobre seus direitos e sobre
seus deveres. Saber se organizar, conhecer os limites legais da pressão social,
aprender sobre os instrumentos de fiscalização e controle a sua disposição e,
principalmente, entender o sentido de espírito público.
Além disso, é
preciso uma grande campanha nacional reunindo todos os setores da sociedade
para discutir dois assuntos essenciais na educação: paternidade consciente e
planejamento familiar.
Planejamento
familiar como conscientização da responsabilidade que todos temos em relação à
família. A paternidade consciente porque, pesquisas na FASE ou entidades
semelhantes, nos mostram que a maioria dos menores infratores pai não declarado
ou desconhecido. Em vez de darmos prioridade à questão da maioridade penal –
que deve ser discutida -, vamos dar a devida importância ao descaso da
sociedade com seus filhos. Por mais duro que seja, educar é sempre fazer o
certo e não o mais fácil. Estamos punindo adolescentes que perdemos quando eram
crianças.
E por último, mas
não menos importante, vamos lutar por uma reforma política dirigida pela
sociedade e não pelos políticos. Uma reforma que reorganize o estado –
executivo, legislativo e judiciário.
A pressão pública
é legítima e salutar para a democracia e crucial para que o eleitor saiba se o
discurso de campanha não se perdeu pelos corredores legislativos. Hoje, parece
que estamos num país de partido único. Todos são transparentes, querem a reforma
política, sonham no bem-estar da população, salários justos para o povo, blá blá blá e blá..., mas a prática é
nebulosa, pessoal, obscura, tortuosa e, muitas vezes, criminosa.
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