Cincopes

on 11 junho 2016

PROSA - EDUCAÇÃO, CULPA E RESPONSABILIDADE

                                               EDUCAÇÃO, CULPA E RESPONSABILIDADE

A infraestrutura e os meios para a educação formal no Brasil nunca foram tratados com o devido cuidado pelos governos. Verdadeiro.
Portanto, a culpa pela situação da nossa educação é do Estado. É e não é. Esse é só um lado da história.
“A educação, direito de todos, dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade”
    Art.205, da Constituição Federal.
Então, está claro que a responsabilidade é nossa.

Educação só se aprende dentro da sala de aula? Basta só mandar os filhos à escola para eles serem educados? Afinal, o que é educação? Eis o nó da questão.
Uma sociedade se faz com cidadãos que agem como tal, fazem valer seus direitos, cumprem com seus deveres e zelam para que cada um faça a sua parte.
Não podemos continuar em silêncio, aceitando, sem protesto e sem alarde, que governantes incompetentes, omissos ou mal-intencionados não façam o trabalho para o qual foram eleitos. Em nossa passividade estamos incorrendo no crime de culpa por passividade e omissão.
Falta ao brasileiro a consciência de que o Estado está a seu serviço. Quando votamos e elegemos alguém é como se o contratássemos para prestar um serviço em nossa casa ou empresa. Você imagina contratar alguém para dirigir uma empresa e o patrão sair de férias e não cobrar resultados?
Se não cumprimos nosso papel como pais, o que esperar de nossa prática cidadã? A sociedade esquecida é que tem o poder de definir prioridades. O Congresso discute várias reformas que são urgentes e necessárias, mas as discussões estão longe da sociedade. As manifestações se dão via entidades, mas o cidadão comum, o mais afetado pelo desrespeito aos seus direitos básicos não participa. Falta um grande movimento de massa que pressione realmente a classe política a ver além do seu horizonte mesquinho e da sua sobrevivência política.
Esse trabalho começa em nossa casa porque não conheço um bom cidadão que não seja também um bom pai ou boa mãe.
Fale com qualquer professor e ele reclamará que seu trabalho vai além do ensino formal, pois muitas crianças chegam à escola carentes de atenção, de carinho, de orientação, de valores, o que acaba se refletindo em atitudes perturbadoras e instáveis. Essa insegurança não é privilégio dos filhos, pois ao falarem com os pais, encontram pessoas desorientadas por não saberem mais como se aproximar, o que dizer e como entrar no mundo dos jovens e definir o limite para seus filhos.
O que estamos fazendo por nós e para nossos filhos e netos. Que mundo estamos legando a eles e que tipo de cidadão será no futuro?
Muitos pais substituem carinho, disciplina, limites, atenção, amor e respeito, por dinheiro, grifes, tecnologia, presentes e liberdade em excesso, o que não compensa, nem jamais substituirá o valor da presença. Disso resultam alguns dos problemas que vivenciamos. O poder da família e do exemplo é que vai lhes dar base sobre princípios, moral, diferenciar o certo do errado. Valores que se perderam na família, no grupo, no convívio social. Senão, que tipo de escolhas farão?
Isso é EDUCAÇÃO. É preciso educar o eleitor, o consumidor, o estudante, o político e o cidadão sobre seus direitos e sobre seus deveres. Saber se organizar, conhecer os limites legais da pressão social, aprender sobre os instrumentos de fiscalização e controle a sua disposição e, principalmente, entender o sentido de espírito público.
Além disso, é preciso uma grande campanha nacional reunindo todos os setores da sociedade para discutir dois assuntos essenciais na educação: paternidade consciente e planejamento familiar.
Planejamento familiar como conscientização da responsabilidade que todos temos em relação à família. A paternidade consciente porque, pesquisas na FASE ou entidades semelhantes, nos mostram que a maioria dos menores infratores pai não declarado ou desconhecido. Em vez de darmos prioridade à questão da maioridade penal – que deve ser discutida -, vamos dar a devida importância ao descaso da sociedade com seus filhos. Por mais duro que seja, educar é sempre fazer o certo e não o mais fácil. Estamos punindo adolescentes que perdemos quando eram crianças.
E por último, mas não menos importante, vamos lutar por uma reforma política dirigida pela sociedade e não pelos políticos. Uma reforma que reorganize o estado – executivo, legislativo e judiciário.

A pressão pública é legítima e salutar para a democracia e crucial para que o eleitor saiba se o discurso de campanha não se perdeu pelos corredores legislativos. Hoje, parece que estamos num país de partido único. Todos são transparentes, querem a reforma política, sonham no bem-estar da população, salários justos para o povo, blá blá blá e blá..., mas a prática é nebulosa, pessoal, obscura, tortuosa e, muitas vezes, criminosa.