“Não adianta dizer ‘nós estamos fazendo o nosso melhor’. Você deve ter sucesso fazendo o que é necessário”, Winston Churchill
Individuo é a unidade pessoal e única em uma comunidade ou grupo. Individual é tudo que o indivíduo carrega consigo e o faz ser único. Ele e suas idiossincrasias.
Desde o final dos anos 90, o mundo assiste a um aumento expressivo de indivíduos que optaram por morar sozinhos, mudando a imagem do ser social carente de companhia.
Cidades foram invadidas por hordas de solteiros convictos e o mercado descobriu que esse segmento consome mais e melhor. Surgiram habitações mais funcionais, condomínios com maiores áreas de lazer e setor de serviços, alimentos em porções individuais, carros compactos, utilidades domésticas, tecnologia, e-commerce, delivery... tudo para atender esse novo consumidor.
É um estilo de vida em que as pessoas têm maior autonomia e liberdade, facilidade em participar de grupos de interesse. Na área do trabalho, se viram livres de amarras profissionais como o tradicional “vestir a camisa da empresa”.
Eles entenderam o espírito da frase de Churchill que encabeça esse texto. Nem sempre o melhor é o bastante. E nem sempre o necessário é o melhor.
Elas não querem se comprometer com sonhos que não sejam os seus.
Os negócios evoluíram passando por várias eras - transformação, produção, eficiência, qualidade, competitividade até chegar ao século XXI com a responsabilidade social. Nesse processo veio a automação, downsizing, reestruturações, terceirizações, downgrade, reengenharia, células ágeis, gestão de alta performance e outros modismos gerenciais, até as pessoas entenderem que elas constroem empresas, mas não são A empresa. Os empregos “para toda a vida” são realidade em nichos muito específicos, desaparecendo dia a dia.
As novas gerações são o calcanhar de Aquiles, um verdadeiro desafio às empresas, porque os jovens são individuais, personalistas, ambiciosos e inquietos. Tem notável inteligência fluida, são horizontais e suas comunidades não têm fronteiras. Seus grupos não são geracionais, independentemente da idade, eles buscam conexões culturais, de propósito, responsabilidade e comprometimento com causas.
Um desafio para executivos e área de recursos humanos que ainda esperam envolvimento e comprometimento com palestras motivacionais, discursos prontos sobre cultura, participação, responsabilidade e comprometimento. Isso pouco importa ao jovem do século XXI, ele está impaciente com o presente e ansioso pelo futuro.
Seu propósito, ao contrário das gerações anteriores, não é ter posses, bens, dinheiro. Ele quer ter uma vida e ser o seu chefe ou o seu concorrente amanhã, fazendo algo que valha a pena.
Seja na vida pessoal, social ou profissional, há o enfraquecimento de vínculos e relações, o comprometimento com instituições, empresas ou comunidades é frágil e temporário.
Depois de vivermos por milênios com a ideia do grupo, família, tribo, comunidades físicas, somos testemunhas de uma inflexão histórica.
A crise do Covid mostrou que podemos viver relativamente bem sem sair de casa e a capacidade de adaptação do ser humano, característica evolutiva, trará soluções para os problemas que temos nesse momento de transição.
A repulsa existencial e filosófica à solidão já não nos afeta como antes. A ideia de que isolamento é uma pena, um castigo, deixa de existir e as sociedades humanas tornarão a presença física não fundamental. Isso é assustador, mas verdadeiro.
As pessoas perderam o medo de viver sozinhas e veem a autonomia sobre suas vidas, a liberdade, o evoluir, pessoal e profissional, e a autorrealização como fatores fundamentais.
Seu capital social é usado em benefício da promoção de sua marca pessoal, vivem sozinhos, mas não estão sós.
Paradoxalmente, estão construindo uma sociedade em que os valores e conceitos serão mais democráticos e universais. Vem aí a consciência de grupo, não mais a pessoal.
O norte ético e moral de sua vida será ter um comprometimento com causas e viver a responsabilidade social. Só estarão satisfeitos se o seu redor também estiver bem.
Para quem parou no tempo, se acha o limite da evolução possível do homem, isso tudo é “mimimi”, mas lamento informar que é a nova realidade, o futuro batendo à nossa porta.
Assim como cremos ser melhores que as gerações passadas, eles são a nossa evolução.
Creio nesse novo ser humano e nesse novo mundo.
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