A terceirização da segurança conspira contra a democracia.
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O motim do grupo Wagner na
Rússia e a sua não punição deve servir de alerta à comunidade internacional.
Após a Segunda Guerra
Mundial, os países sentiram necessidade de criar organismos internacionais e
regras tentando limitar a barbárie humana em confrontos bélicos.
O genocídio, a perseguição
religiosa, os guetos étnicos, os massacres tribais receberam severas penas e
julgamentos dentro dos países e na Corte de Haia.
A Convenção de Genebra
(1957) já proibia a contratação de mercenários e, em 1988, a proibição foi
ratificada com a Convenção Internacional Contra o Recrutamento, Uso,
Financiamento e Treinamento de Mercenários, mas EUA, Inglaterra, Rússia e outros
países não a assinaram e a burlam contratando mercenários como Empresa Militar
Privada (Private Military Company-CMP).
Os EUA usam a CIA e as
Forças Armadas para contratar essas empresas, muitas vezes com recursos secretos
ou que não podem ser rastreados. A CIA é mais autônoma do que o Exército
norte-americano e ambos são tão poderosos que a lei proíbe que operem dentro do
seu próprio país. O Exército é formado por sete Corpos de Exército, mas apenas
o Terceiro Exército pode atuar dentro do país com anuência do Capitólio e do
governador do estado onde eventualmente atuará, caso este entenda que a Guarda
Nacional, sob seu comando, não possa resolver a situação. Um estudo de 2014
estimou que 31% da comunidade de inteligência norte americana era de empresas
de segurança privadas e. provavelmente, aumentou nos últimos anos.
O Grupo Wagner é conhecido
como o exército de Putin, porque seu comandante responde diretamente a ele, não
como presidente, mas como pessoa física. O Wagner é uma criação de Putin que montou
sua estrutura com veteranos, principalmente do Afeganistão, e bandidos das
cadeias russas.
Na Rússia, além do Wagner, existe o Alpha; nos EUA, os mais conhecidos e atuantes são o Dyn Corp, Titan Corp e o Academi, novo nome da Blackwater, após o escândalo de Abu Ghraib; no Reino Unido, Aegis Defense; na África do Sul, o Executive Outcome; e outros menos
conhecidos espalhados pelo mundo a serviço de corporações, governos e carteis
do crime.
No Brasil, fundada pelo
militar da reserva do Exército, Roberto Escoto (Gen Bda Vet), desde 2016,
existe a Áquila International, atuando exclusivamente no exterior.
Não só norte-americanos e
russos, mas Maduro, Ortega, Erdogan, Bashar
al-Assad, Viktor Orban e
outros autocratas e ditadores pelo mundo usam e outros tentam criar milícias ilegais
para operar fora da lei.
No Brasil, as milícias vêm
se organizando como força armada e sendo reunidas sob um único comando nos
últimos anos, se espalhando pelo Brasil.
Diferente do tráfico de
drogas dividido em facções, sua centralização administrativa e operacional tem
como meta ser um poder armado paralelo e poderoso.
Iniciou como grupos de
extermínio durante a ditadura, passando a fornecedora de segurança e serviços ilegais
e piratas aos pequenos comerciantes e populações da periferia. Nos últimos
anos, aumentou seu poder de fogo e iniciou sua expansão nacional com tráfico de
armas e drogas, biopirataria, mineração, CACs, habitação, serviços e, cooptando
ou se inserindo, nas esferas de poder legal. É hoje uma força com poder
desconhecido, que teve seu poder de crescimento e estruturação diminuído após a
última eleição.
Tenta quebrar a hegemonia
das facções mais conhecidas do tráfico de drogas nos morros do Rio de Janeiro,
criando a Facção Cristã (FC). Vive sobre a órbita do TCP (Terceiro Comando
Puro) facção dissidente do extinto Terceiro Comando, surgido nas cadeias no
final dos anos 70 e início dos anos 80. Seus membros perseguem casas e
seguidores de religiões de matriz africana, comunidade LGBTQIAPN+ e outras
minorias, além de pontos de cultura popular. É uma facção evangélica radical na
defesa da família tradicional e dos bons costumes (sic). É o surgimento do
narcopentecostalismo formado pela união de parte da Tropa de Arão e dos
convertidos por pastores dentro das cadeias e presídios cariocas. O s Soldados
de Salomão denominam a área sob seu controle de Complexo de Israel.
É preciso muita coalizão
política e justiça atuante para barrar o crescimento e fortalecimento dessa
força paralela.
O Brasil não é para
amadores!
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