Com o meio ambiente não existe o que pode ser feito, mas o que tem que ser feito.
Governos teimam em ter visão curta e subalterna ao poder econômico que os
sustentam quando se trata de futuro e meio ambiente.
O Estado do Rio Grande do Sul viu uma tragédia anunciada acontecer e
governantes e órgãos públicos tentam tirar de seu colo a culpa, não do fato,
mas da sua omissão.
O engavetamento de projetos e o abandono de programas fundamentais à
sustentabilidade econômica e social são um crime contra a população.
Somos um estado que deve muito ao setor primário, mas não podemos
entregar nosso futuro. É hora de cobrar reciprocidade para o acesso aos subsídios
e crédito agrícola, como os grandes países fazem. Criticamos EUA e Europa pelos
grandes subsídios direcionados ao seu setor primário, mas eles exigem reciprocidade
como exportação de excedente (estoque regulador) e segurança ambiental. Por
isso têm autoridade de cobrar do Brasil uma política ambiental sustentável.
Avaliar, implantar, revisar, organizar e fortalecer iniciativas como o Zoneamento
Ecológico-Econômico, os 25 Comitês de Gerenciamento de Recursos Hídricos e o
Sistema Estadual de Recursos Hídricos, o Código Florestal, a preservação e
recuperação de nossos biomas e o programa de Reposição Florestal Obrigatória.
O governo Leite criou o Sistema Integrado de Monitoramento e Alerta
(Sima) mas num momento crucial, ele não monitorou e não alertou. A situação grave
ocorrida no Vale do Taquari foi prevista com dias de antecedência pela Metsul e
Cemaden, e cinco dias antes, o estado foi notificado que o volume das chuvas poderia
ficar entre 300mm e 500mm. E com 24 horas de antecedência. o Rio das Antas, na
região de Veranópolis, mostrou aumento considerável de volume e nada foi feito,
mesmo sabendo que o destino dessas águas era o Vale do Taquari.
E quando governos apresentam os investimentos no setor, quase a
totalidade dos recursos são usados na reação, no atendimento dos atingidos e
muito pouco na prevenção. Uma mudança de mentalidade pode alterar esse quadro,
porque o impacto aos atingidos não podem ser medidos apenas pela parte financeira. Econômica, social e
psicologicamente há um impacto que não pode ser medido apenas por números.
E o governo pode mostrar preocupação
com o assunto, atualizando e enviando à Assembleia Legislativa a Política
Estadual de Gestão de Riscos de Desastres Naturais, feita pelo governo Sartori
e que até hoje repousa numa gaveta da Casa Civil.
A mudança climática é uma realidade e sentimos em nossa vida seus
efeitos. Secas prolongadas e enchentes são apenas seus efeitos mais visíveis.
Com o meio ambiente não existe o que pode ser feito, mas o que tem que ser feito.
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