Cincopes

on 28 setembro 2023

POLÍTICA - TRAGÉDIA ANUNCIADA, OMISSÃO EXPLÍCITA

Com o meio ambiente não existe o que pode ser feito, mas o que tem que ser feito.

Governos teimam em ter visão curta e subalterna ao poder econômico que os sustentam quando se trata de futuro e meio ambiente.

O Estado do Rio Grande do Sul viu uma tragédia anunciada acontecer e governantes e órgãos públicos tentam tirar de seu colo a culpa, não do fato, mas da sua omissão.

O engavetamento de projetos e o abandono de programas fundamentais à sustentabilidade econômica e social são um crime contra a população.

Somos um estado que deve muito ao setor primário, mas não podemos entregar nosso futuro. É hora de cobrar reciprocidade para o acesso aos subsídios e crédito agrícola, como os grandes países fazem. Criticamos EUA e Europa pelos grandes subsídios direcionados ao seu setor primário, mas eles exigem reciprocidade como exportação de excedente (estoque regulador) e segurança ambiental. Por isso têm autoridade de cobrar do Brasil uma política ambiental sustentável.

Avaliar, implantar, revisar, organizar e fortalecer iniciativas como o Zoneamento Ecológico-Econômico, os 25 Comitês de Gerenciamento de Recursos Hídricos e o Sistema Estadual de Recursos Hídricos, o Código Florestal, a preservação e recuperação de nossos biomas e o programa de Reposição Florestal Obrigatória.

O governo Leite criou o Sistema Integrado de Monitoramento e Alerta (Sima) mas num momento crucial, ele não monitorou e não alertou. A situação grave ocorrida no Vale do Taquari foi prevista com dias de antecedência pela Metsul e Cemaden, e cinco dias antes, o estado foi notificado que o volume das chuvas poderia ficar entre 300mm e 500mm. E com 24 horas de antecedência. o Rio das Antas, na região de Veranópolis, mostrou aumento considerável de volume e nada foi feito, mesmo sabendo que o destino dessas águas era o Vale do Taquari.

E quando governos apresentam os investimentos no setor, quase a totalidade dos recursos são usados na reação, no atendimento dos atingidos e muito pouco na prevenção. Uma mudança de mentalidade pode alterar esse quadro, porque o impacto aos atingidos não podem ser medidos apenas pela parte financeira. Econômica, social e psicologicamente há um impacto que não pode ser medido apenas por números.

E o governo pode mostrar preocupação com o assunto, atualizando e enviando à Assembleia Legislativa a Política Estadual de Gestão de Riscos de Desastres Naturais, feita pelo governo Sartori e que até hoje repousa numa gaveta da Casa Civil.

A mudança climática é uma realidade e sentimos em nossa vida seus efeitos. Secas prolongadas e enchentes são apenas seus efeitos mais visíveis.

Com o meio ambiente não existe o que pode ser feito, mas o que tem que ser feito.