Há séculos se
distorce o sentido de honra. Como pode ter honra a morte?
Talvez meu modo de
defender a honra seja ultrapassado, mas sigo vivendo bem com meus valores e
princípios.
Defendo minha honra
quando mostro aos meus filhos e netos o valor do respeito, da luta contra o
preconceito, da equidade entre gêneros, da defesa intransigente da democracia e
do prazer de ser humano e solidário.
Defendo quando tento
mostrar que não é possível ser justo e democrático apoiando causas paradoxais
em seu sentido e prática.
Nem sempre tenho
sucesso porque alguns insistem em negar suas próprias idiossincrasias.
Matar em defesa da
honra é alegar defender o que não tem.
A morte que não seja
no estrito direito a sua sobrevivência imediata é nojenta, degradante, covarde
e criminosa.
A decisão do STF de proibir
a alegação de “legítima defesa da honra” como justificativa ou atenuante para
homicídios poderia ter sido derrubada há anos se o corpo de jurados não tivesse
o pensamento médio de uma sociedade caricata, preconceituosa, patriarcal, machista,
racista, patronal.
Sou jurado e nunca
atuei em um caso que houvesse essa alegação, mas bastaria aos jurados
responderem sempre NÃO ao
questionamento do juiz.
E acho que nosso
sistema de corpo de jurados deveria progredir para o modelo americano de deliberação
entre os membros ao invés de apenas Sim ou Não. Nem sempre o mundo é preto ou
branco.
O maior mentiroso, e
um perigo para a sociedade, é aquele que professa fé em Deus e age contra o ser
humano seja por sua etnia, gênero, classe, condição social, filosofia,
ideologia, poder ou por apenas ser diferente de você.
Os últimos quatro
anos nos mostraram que o inimigo estava escondido dentro de nossa família, no
vizinho, no nosso círculo de amizades e à mesa ao lado no trabalho.
Na última eleição, conseguimos diminuir a marcha para o caos, mas a luta continua necessária e precisa de uma sociedade alerta.
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