“Ativismo que ataca problemas enraizados não é para bunda-moles”, Malcolm Gladwell
A palavra SOLIPSISMO no título
é uma provocação, um termo inusual, incomum ao ouvido.
Solipsismo é a capacidade de a pessoa viver limitada à sua própria realidade, enquadrando o mundo de acordo com
seu ponto de vista. Um perfil comum naqueles
que se conectam nas redes sociais por interesse, afinidade, curiosidade, inveja
ou ódio. São origem ou foco do ativismo
digital que não engaja, não envolve.
Para identifica-los, faça a convocação on line para um evento e compare o número de confirmados e quantos realmente comparecem.
As manifestações políticas são um claro exemplo, onde há uma gritaria
digital, mas ninguém quer participar
além do clique, criando um desvio de percepção.
As pessoas acham que a mobilização é
real, que suas ideias repercutem, que sua ideologia ou filosofia é majoritária.
A contrariedade aos seus desejos cria uma desconfiança de manipulação, alimentada pelos espertos que vivem na
aba do conflito.
A vida on line nos dá muitas
informações e ideias, mas é preciso avaliar
as fontes e a qualidade do conteúdo para transformar
essa potência em conteúdo relevante.
Para a maioria, é mais simples
compartilhar sem pensar, opinar sem conhecer e criticar sem avaliar pela
necessidade de se sentir incluída no
debate, qualquer que seja ele. É o caso do FOMO
(Fear of Missing Out – medo de ficar
de fora), um sentimento que atinge as pessoas que têm vínculos mais fortes com o virtual do que com o mundo
real.
Essa distorção é facilitada
pelo grande poder de mobilização da internet. Você monta um grupo em minutos,
mas falta o salto para a realidade,
levar o discurso e a mobilização ao mundo real. A “participação” é
infinitamente menor que a motivação.
Vivemos a era do ativista touchless, sem envolvimento real,
sem risco, acomodado e sem sacrifícios palpáveis. Tudo é difuso e a conexão é
feita por palavras de ordem e não por pessoas, sem uma liderança carismática com o poder de envolver. São milhares, milhões se expressando, mas o impacto é infinitamente
menor que centenas mobilizadas num
espaço público.
Um exemplo brasileiro é o Congresso Nacional que mesmo com movimentos e
ondas virtuais relevantes contra alguns temas, é pouco impactado pela opinião pública digital. Vale muito mais a pressão
presencial do lobby.
Sua empresa e seu produto devem ter um discurso e posicionamento que engajem realmente seu cliente. Um relacionamento permanente e frutífero,
gerando interações que levem ao amadurecimento e fidelização dessa relação.
O cerco às figuras públicas nos recentes casos dos jogos on line e bitcoins deveriam servir de alerta às pessoas públicas, veículos de
comunicação e empresas.
Ou a derrapada da Riachuelo
com sua roupa listrada lembrando os uniformes dos campos de concentração
nazista.
Se engajar em causas públicas
e tomar partido em temas polêmicos
devem ser avaliados com critério e muito cuidado. Uma mudança de cenário,
quebras de confiança ou desvios de comportamento podem respingar na sua imagem.
Nem sempre o virtual tem conexão
com o real.
Num futuro incerto, a realidade pode ser outra e essas conexões se tornem uma potência transformadora.
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