Cincopes

on 11 março 2021

PLANEJAMENTO - QUALIFICAÇÃO E PRODUTIVIDADE

Depois de um crescimento do PIB nacional de 2,5% em 2018, e 1,1%, em 2019, a triste previsão de 0,2% do início do ano, se transformou em 4,5% negativos, em 2020. A crise do covid19 transformou um desastre numa tragédia.
O ministro Paulo Guedes, tem razão. Os incentivos que governos anteriores deram à indústria, nunca foram aproveitados para modernizar o parque industrial, a competitividade ou em P&D. Foram para o caixa ou para acionistas/investidores.
Esta realidade está na participação dos produtos manufaturados no comércio exterior. A participação, que era de 59% no ano 2000, caiu para 35% em 2019. Somos um país de commodities. Planta e se não der certo, põe a culpa nos juros, em São Pedro, no clima, na falta de infraestrutura para escoação da safra etc.
O mercado rejeita a expressão política industrial nacional, temendo a intervenção do governo, mas o liberalismo não está resolvendo. O discurso liberal é bom, mas só funciona no Brasil com dinheiro e benesses do governo.
Temos o problema do Custo Brasil? Fato, mas a falta de ousadia, espírito empreendedor e da cultura do capitalismo de risco também são fatos. É mais fácil reclamar, não sair da zona de conforto.
O Fórum Econômico Mundial 2020 teve dois consensos: a necessidade de requalificar os trabalhadores e a importância das empresas participarem desse processo. Tomaram como meta, requalificar 1 bilhão de trabalhadores até 2030.
Entre 2020 e 2022, 42% dos conhecimentos requeridos por profissões atuais serão modificados.
A requalificação eficaz se dá com fortes investimentos e a melhoria da educação porque a necessidade básica será pensar e pensar bem. As exigências nas áreas de raciocínio para tomada de decisão, capacidade de trabalhar em grupo e habilidade para transferir conhecimento serão fundamentais.
De acordo com a OCDE, os países do G20 perderão U$ 11 trilhões na próxima década se não fizerem nada. A inação é mais cara que a ação.
É fundamental que a requalificação aconteça num processo contínuo, evitando o subemprego e a informalidade, sempre um risco para o trabalhador e a sociedade. Qualquer tropeço social ou econômico leva à instabilidade política e ao questionamento do sistema, campo fértil para o surgimento de espertalhões, mitos e líderes populistas, como vemos em muitos lugares do mundo.
No caso específico do Brasil, discutimos o 5G sem ter 3G ou 4G em vários recantos do país. E na educação, métodos do século 19, professores do século 20 e alunos do século 21 convivem cada um em sua realidade, sem política e sem propósito.
As empresas podem aproveitar esse período para reorganizar sistema de trabalho, incentivar a qualificação, rever métodos, buscar a inovação, usar a inteligência estratégica para projetar o futuro. Sair da crise como entrou é morte anunciada.
O Brasil ocupa a posição entre os piores IDH – Índice de Desenvolvimento Humano do mundo. Mais grave, tem a segunda maior concentração de renda do planeta. 1% da população detém 28,3% da riqueza nacional, perdendo apenas para o Catar, onde 1% fica com 29%.
A pandemia está revelando a verdadeira face do Brasil.
Se a gente não se organizar e trabalhar sério, tem tudo para não dar certo.