Depois de um
crescimento do PIB nacional de 2,5% em 2018, e 1,1%, em 2019, a triste previsão
de 0,2% do início do ano, se transformou em 4,5% negativos, em 2020. A crise do covid19 transformou um desastre numa tragédia.
O ministro Paulo
Guedes, tem razão. Os incentivos que governos anteriores deram à indústria,
nunca foram aproveitados para modernizar o parque industrial, a competitividade
ou em P&D. Foram para o caixa ou para acionistas/investidores.
Esta realidade
está na participação dos produtos manufaturados no comércio exterior. A
participação, que era de 59% no ano 2000, caiu para 35% em 2019. Somos um país
de commodities. Planta e se não der certo, põe a culpa nos juros, em São Pedro,
no clima, na falta de infraestrutura para escoação da safra etc.O mercado rejeita
a expressão política industrial nacional,
temendo a intervenção do governo, mas o liberalismo não está resolvendo. O
discurso liberal é bom, mas só funciona no Brasil com dinheiro e benesses do
governo.
Temos o problema
do Custo Brasil? Fato, mas a falta
de ousadia, espírito empreendedor e da cultura do capitalismo de risco também são fatos.
É mais fácil reclamar, não sair da zona de conforto.
O Fórum Econômico
Mundial 2020 teve dois consensos: a necessidade de requalificar os
trabalhadores e a importância das empresas participarem desse processo. Tomaram
como meta, requalificar 1 bilhão de trabalhadores até 2030.
Entre 2020 e
2022, 42% dos conhecimentos requeridos por profissões atuais serão modificados.
A requalificação
eficaz se dá com fortes investimentos e a melhoria da educação porque a
necessidade básica será pensar e pensar bem. As exigências nas áreas de
raciocínio para tomada de decisão, capacidade de trabalhar em grupo e
habilidade para transferir conhecimento serão fundamentais.
De acordo com a
OCDE, os países do G20 perderão U$ 11 trilhões na próxima década se não fizerem
nada. A inação é mais cara que a ação.
É fundamental que
a requalificação aconteça num processo contínuo, evitando o subemprego e a
informalidade, sempre um risco para o trabalhador e a sociedade. Qualquer
tropeço social ou econômico leva à instabilidade política e ao questionamento
do sistema, campo fértil para o surgimento de espertalhões, mitos e líderes
populistas, como vemos em muitos lugares do mundo.
No caso
específico do Brasil, discutimos o 5G sem ter 3G ou 4G em vários recantos do
país. E na educação, métodos do século 19, professores do século 20 e alunos do
século 21 convivem cada um em sua realidade, sem política e sem propósito.
As empresas podem
aproveitar esse período para reorganizar sistema de trabalho, incentivar a
qualificação, rever métodos, buscar a inovação, usar a inteligência estratégica
para projetar o futuro. Sair da crise como entrou é morte anunciada.
O Brasil ocupa a 7ª posição entre os piores IDH – Índice de Desenvolvimento
Humano do mundo. Mais grave, tem a segunda
maior concentração de renda do
planeta. 1% da população detém 28,3% da riqueza nacional, perdendo apenas para o Catar, onde 1% fica com
29%.
A pandemia está
revelando a verdadeira face do Brasil.
Se a gente não se
organizar e trabalhar sério, tem tudo para não dar certo.
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