Depois de um crescimento do PIB nacional de 2,5% em 2018, tivemos uma queda brutal em função da pandemia com dois soluços de recuperação tímidos e sem consistência, em 2021 e 2022.
O governo federal
finalizou 2022 com saldo em caixa (R$ 57bi), muito mais por não aplicação de recursos do que por
gestão fiscal eficiente.
Entramos 2023 com
um brutal saldo de contas a pagar
(R$ 120bi até fevereiro e R$ 231bi até o final do ano), rombos no orçamento e
sem caixa para honrar compromissos constitucionais com saúde, educação e
assistência social. É como se você não pagasse suas contas num mês (superávit),
gerasse mais custos e empurrasse as dívidas (déficit) para os meses seguintes.
Óbvio que vai faltar salário.
O ex-ministro
Paulo Guedes tem razão. Os incentivos
que governos anteriores deram à indústria, nunca foram aproveitados para
modernizar o parque industrial, a competitividade ou em P&D. Foram para o
caixa ou para acionistas/investidores.
Esta realidade
está na participação dos produtos manufaturados no comércio exterior. A
participação, que era de 59% no ano 2000, caiu para 36% em 2022. Somos um país
de commodities que têm seu maior mercado na China. Os produtos manufaturados se
direcionam aos nossos vizinhos latino americanos.
O mercado rejeita
a expressão política industrial nacional,
temendo a intervenção do governo, mas o liberalismo não está resolvendo sozinho.
O discurso é bom, mas só funciona no Brasil com dinheiro e benesses do governo.
Temos o problema
do Custo Brasil? Fato, mas a falta
de ousadia, espírito empreendedor e da cultura do capitalismo de risco também são fatos.
O
empreendedorismo está apenas em startups e no setor de serviços. Falta ímpeto empreendedor ao setor da
indústria, com raras exceções.
Podemos começar
agregando valor às nossas commodities que são exportadas e voltam ao país como
insumos com preços em dólar, impactando no custo Brasil.
O Fórum Econômico
Mundial 2020 teve dois consensos: a necessidade de requalificar os
trabalhadores e a importância da participação das empresas nesse processo.
Tomaram como meta, requalificar 1 bilhão de trabalhadores até 2030.
Entre 2020 e
2022, 42% dos conhecimentos requeridos por profissões atuais sofreram mudanças.
Dois anos desempregado significa que você perdeu 40% de conhecimento sobre sua
atividade profissional. Em cinco anos, o trabalhador parte do zero dificultando
a recolocação e gerando um alto custo de onboarding
e adaptação à empresa.
A requalificação
eficaz se dá com forte investimento e a melhoria da educação porque a
necessidade básica será pensar e pensar bem. As exigências nas áreas de
raciocínio para tomada de decisão, capacidade de trabalhar em grupo e
habilidade para transferir conhecimento serão fundamentais.
Softskills como ser ágil, horizontal e ter inteligência
fluida serão diferenciais fundamentais no perfil do trabalhador.
De acordo com a
OCDE, os países do G20 perderão U$ 11
trilhões na próxima década se não fizerem nada. A inação é mais cara que a
ação.
É fundamental que
a requalificação aconteça num processo contínuo, evitando o subemprego e a
informalidade, sempre um risco à sociedade. Qualquer tropeço social ou
econômico leva à instabilidade política e ao questionamento do sistema, campo
fértil para o surgimento de espertalhões, mitos e líderes populistas.
No Brasil, chegou
o 5G sem ter 3G ou 4G em vários recantos do país. E na educação, métodos do
século 19, professores do século 20 e alunos do século 21 convivem cada um em
sua realidade, sem política e sem propósito.
As empresas precisam
reorganizar seu sistema de trabalho, incentivar a qualificação, rever métodos,
buscar a inovação, usar a inteligência estratégica para projetar o futuro ou
teremos uma tragédia anunciada.
O trabalhador
precisa se desafiar, buscar novos conhecimentos e desenvolver softskills.
O Brasil ocupa a 7ª posição entre os piores IDH – Índice de Desenvolvimento
Humano do mundo. Em compensação, tem a segunda
maior concentração de renda do
planeta. 1% da população detém 28,3% da riqueza nacional, perdendo apenas para o Catar, onde 1% fica com
29%.
A pandemia e o
discurso de ódio revelaram uma divisão da sociedade brasileira que estava
amordaçada pelo politicamente correto e pelas regras sociais de convivência.
Se a gente não se organizar e trabalhar sério, tem tudo para não dar certo.
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