Cincopes

on 03 agosto 2023

PROSA - UM NOVO ENSINO E APRENDIZAGEM

Por que os donos de big techs afastam seus filhos do excesso de tecnologia?

A Suécia pretende diminuir e até eliminar o uso de computadores e telas voltando ao uso de livros, cadernos, lápis e canetas, devido a queda brutal da capacidade de leitura e escrita dos alunos, num país com excelente cobertura tecnológica, índices de desenvolvimento excelentes e fácil acesso a bens de consumo.

Em seis anos, caiu de 7º (556 pontos) para 13º (544 pontos), no PIRLS (Estudo Internacional de Progresso em Leitura, sigla em português), pesquisa mundial que avalia a capacidade de leitura, compreensão, coleta de informações, compreensão de contexto e capacidade de expressão de estudantes das séries iniciais.

O programa de digitalização visava aproveitar a tecnologia e adaptar o cérebro à velocidade, mas o resultado foi a diminuição das competências de aprendizado, dependência de informação pronta, preguiça de investigar, perda da escrita, diminuição na capacidade de leitura, queda do coeficiente intelectual, danos à saúde mental e dificuldades em se expressar e memorizar.

O governo entendeu como um PROBLEMA NACIONAL com sérias consequências no acesso à informação e grandes dificuldades no relacionamento interpessoal.

Textos curtos, linguagem cifrada, importância da desimportância, impaciência para debates, aulas, documentários ou filmes, vídeos relâmpagos e efêmeros, imediatismo e dificuldade de concentração transformaram a ansiedade em um grande problema mundial. E já há estudos mostrando que a troca da escrita pela oralidade “zapiana” está gerando perda da memória.

Como resultado, estamos criando uma geração capenga, sem as capacidades básicas para conviver com a tecnologia e encarar o mundo.

Manuel Castells, sociólogo espanhol, afirma que 97% das informações necessárias do planeta estão digitalizadas e 80% delas estão disponíveis na rede.

Não é banir a tecnologia, mas preparar o jovem para usar essa fonte com inteligência e propósito. E também preparar os professores para conviver com ela, aperfeiçoando as competências pedagógicas e os métodos de ensino.

O Brasil, um país onde o acesso à tecnologia é discriminatório e caro, sem equipamentos para todos e sem sinal de internet confiável e estável na maioria dos municípios do país e com 419 pontos (52ª) no PIRLS tem um estado, São Paulo, que anuncia a eliminação dos livros didáticos.

A decisão de São Paulo é uma mudança radical sem passar pela fase de transformação das estruturas físicas e pedagógicas, qualificação de professores e adaptação de alunos, além de ser uma decisão que deve ser discutida e compartilhada entre poder público e sociedade.

Nem levo em conta que o secretário de educação de São Paulo é dono da empresa que vendeu quase R$ 200 milhões para o MEC em computadores e telas no governo anterior.

As escolas atuais devem abandonar o padrão de perpetuar valores e estruturas de poder e iniciar o aprofundamento de pesquisas e conteúdos que provoquem mudanças, desafiem os jovens, quebrem paradigmas, discutam o mundo e capacitem a criação de filtros uma vez que qualquer informação recebida pode ser confrontada com pesquisa em bancos de dados de bibliotecas, institutos de pesquisa e universidades do mundo inteiro.

E desenvolver políticas que aprimorem a socialização e interação entre seus alunos incentivando a convivência, solidariedade, empatia e debate crítico.

Cabe a ela formar indivíduos numa evolução do ensino à aprendizagem. Formar mão de obra é um problema para o sistema S.

Como leigo, entendo que ensino é dar as ferramentas básicas ao aluno. Aprendizagem é saber usar estas ferramentas para aumentar seu conhecimento. No ensino, o aluno é o objeto. Na aprendizagem, ele é o sujeito.

Mas estou aberto ao debate.


Link para matéria citada na arte;

https://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/12/tecnologia/1468352196_911950.html