O Brasil é um player mundial sem a estatura merecida por culpa dos políticos e nossa elite.
Conquistamos esse respeito porque somos a maior democracia e economia da América Latina; a maior democracia social; a segunda maior democracia política dos BRICS; a oitava economia mundial, parceiro político e econômico confiável. Temos poder e capacidade de liderar o Sul Global; reservas de matérias primas desejadas pelo mundo; potencial fármaco imensurável e, fronteira agrícola altamente produtiva sem precisar aumentar um metro quadrado de área.
Infelizmente, o mercado interno é reprimido por políticas sociais
e econômicas definidas por políticos e elite. Em 1998, participei de um curso
com um consultor e empresário do Japão e ele ficou espantado com a falta
de visão do empresariado nacional. Tínhamos o carro 1.0, mas não tínhamos
fogões, geladeiras, freezers e microondas 1.0. E continuamos não tendo.
Participamos do bloco geopolítico-econômico que será o maior em
PIB e população até o meio do século. O BRICS caminha para o comércio comum
com moedas nacionais, abalando a importância econômica e política estadunidense.
E o crescente aumento de países se juntando ao grupo, demonstra a insatisfação
com políticas predatórias às economias dos países.
Faltaram importantes assuntos no curto discurso de Lula na ONU e
tempo não é desculpa, porque ele não usou todo o tempo à sua disposição.
Seu governo está limitado pelos acordos políticos com o agro e o
centrão. Falta contundência nas ações contra o desmatamento, ocupação de
terras indígenas, grilagem de terra, usurpação de patrimônio nacional,
biopirataria e garimpo ilegal. Nossa postura junto à Comunidade Europeia
pedindo adiamento de medidas contra o comércio de produtos com origem em áreas
que não cumprem a legislação ambiental e nem sua função social é lamentável.
Lula falou de vários conflitos e não citou uma única vez a
situação na Venezuela.
O Brasil deve ser mais contundente em seus posicionamentos e participar
mais ativamente da política da América do Sul e da África. Nossos vizinhos e
nossos irmãos além-mar respeitam nossa postura e tem empatia pelo nosso
passado comum.
O Brasil mira o Atlântico de costas para a América Latina, uma postura
descabida. O desenvolvimento do continente impulsiona nossa economia, garante
paz, segurança e a democracia na região. Seus portos na costa do Pacífico encurtam
o caminho até a Ásia.
Nos 54 países da África está a fronteira agrícola do final
do século, importantes reservas de petróleo e minérios, além de um grande
mercado consumidor que se organiza com a progressiva paz na região. E são
vizinhos do maior mercado financeiro e populacional do mundo, a Ásia.
Posicionamento altivo é abandonar o complexo de vira-latas e arrumar
o país investindo em ciência, tecnologia, educação, cultura e na diminuição da
desigualdade, instrumentos reais ao aumento da produtividade, qualidade
de nossos produtos e diminuição do custo Brasil.
O Brasil tenta superar o desarranjo econômico-institucional do governo
anterior, mas encontra forte resistência pela falta de uma coalizão interclassista. A classe média está dividida entre os
que têm pouco e acham que tem muito e os que têm pouco e sabem que nada tem. Os
ricos assistem de camarote e os pobres, aceitam migalhas e lamentam não
poder participar da festa.
Não precisa ser gênio, apenas ler os noticiários e os dados econômicos
para ter certa noção sobre isso. Os parlamentares estão mais preocupados
em fazer discursos anacrônicos e infantis para lacrar nas redes sociais. O
exemplo é a Câmara parada discutindo a sucessão da presidência da Casa, em
fevereiro de 2025, enquanto o país está em chamas e sufocando.
Nossa representação parlamentar é pra lamentar!
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