Cincopes

on 25 setembro 2024

POLÍTICA - RESPEITO, POR FAVOR

O Brasil é um player mundial sem a estatura merecida por culpa dos políticos e nossa elite.

Conquistamos esse respeito porque somos a maior democracia e economia da América Latina; a maior democracia social; a segunda maior democracia política dos BRICS; a oitava economia mundial, parceiro político e econômico confiável. Temos poder e capacidade de liderar o Sul Global; reservas de matérias primas desejadas pelo mundo; potencial fármaco imensurável e, fronteira agrícola altamente produtiva sem precisar aumentar um metro quadrado de área.

Infelizmente, o mercado interno é reprimido por políticas sociais e econômicas definidas por políticos e elite. Em 1998, participei de um curso com um consultor e empresário do Japão e ele ficou espantado com a falta de visão do empresariado nacional. Tínhamos o carro 1.0, mas não tínhamos fogões, geladeiras, freezers e microondas 1.0. E continuamos não tendo.

Participamos do bloco geopolítico-econômico que será o maior em PIB e população até o meio do século. O BRICS caminha para o comércio comum com moedas nacionais, abalando a importância econômica e política estadunidense. E o crescente aumento de países se juntando ao grupo, demonstra a insatisfação com políticas predatórias às economias dos países.

Faltaram importantes assuntos no curto discurso de Lula na ONU e tempo não é desculpa, porque ele não usou todo o tempo à sua disposição.

Seu governo está limitado pelos acordos políticos com o agro e o centrão. Falta contundência nas ações contra o desmatamento, ocupação de terras indígenas, grilagem de terra, usurpação de patrimônio nacional, biopirataria e garimpo ilegal. Nossa postura junto à Comunidade Europeia pedindo adiamento de medidas contra o comércio de produtos com origem em áreas que não cumprem a legislação ambiental e nem sua função social é lamentável.

Lula falou de vários conflitos e não citou uma única vez a situação na Venezuela.

O Brasil deve ser mais contundente em seus posicionamentos e participar mais ativamente da política da América do Sul e da África. Nossos vizinhos e nossos irmãos além-mar respeitam nossa postura e tem empatia pelo nosso passado comum.

O Brasil mira o Atlântico de costas para a América Latina, uma postura descabida. O desenvolvimento do continente impulsiona nossa economia, garante paz, segurança e a democracia na região. Seus portos na costa do Pacífico encurtam o caminho até a Ásia.

Nos 54 países da África está a fronteira agrícola do final do século, importantes reservas de petróleo e minérios, além de um grande mercado consumidor que se organiza com a progressiva paz na região. E são vizinhos do maior mercado financeiro e populacional do mundo, a Ásia.

Posicionamento altivo é abandonar o complexo de vira-latas e arrumar o país investindo em ciência, tecnologia, educação, cultura e na diminuição da desigualdade, instrumentos reais ao aumento da produtividade, qualidade de nossos produtos e diminuição do custo Brasil.

O Brasil tenta superar o desarranjo econômico-institucional do governo anterior, mas encontra forte resistência pela falta de uma coalizão interclassista.  A classe média está dividida entre os que têm pouco e acham que tem muito e os que têm pouco e sabem que nada tem. Os ricos assistem de camarote e os pobres, aceitam migalhas e lamentam não poder participar da festa.

Não precisa ser gênio, apenas ler os noticiários e os dados econômicos para ter certa noção sobre isso. Os parlamentares estão mais preocupados em fazer discursos anacrônicos e infantis para lacrar nas redes sociais. O exemplo é a Câmara parada discutindo a sucessão da presidência da Casa, em fevereiro de 2025, enquanto o país está em chamas e sufocando.

Nossa representação parlamentar é pra lamentar!