Há tantas variedades de habilidades e competências no ser humano, mas vou
me deter em duas – inteligência e esperteza.
Todos têm ambas em proporções distintas. Há os inteligentes e espertos. Há os mais inteligentes que espertos. Há os mais espertos que inteligentes. Há os que se acham inteligentes por serem espertos. Há os espertos que parecem inteligentes.
Explico, porque o ponto onde quero chegar é como essas habilidades são
usadas no domínio da narrativa, usando o preconceito e a inveja, atributos que
os espertos usam com inteligência.
Baseado em minha experiência na comunicação, na política e na comunicação política, cito como exemplo a manchete malandra da Folhapress do dia 05 de setembro, repercutida por vários veículos.
TEXTO: A manchete está correta apesar da redação dúbia.
CONTEXTO: Primeiro, o Brasil tem no exterior 139 embaixadas,
52 consulados-gerais, 11 consulados, 8 vice-consulados, 12 missões ou
delegações e 3 escritórios. Poucos estão sediados em imóveis próprios e o custo
de manutenção, de acordo com a matéria, gira em R$ 200 milhões/mês.
Segundo, a viagem de Lula ainda não aconteceu.
Terceiro, houve um corte no orçamento de todos os órgãos federais e os gestores estão tentando recuperar uma parte dos recursos contingenciados.
SUBTEXTO: Pura maldade colocar em pauta uma possibilidade distante presente na vida de todos aqueles que compram um imóvel ou pagam aluguel, o risco de despejo por inadimplência. Manipula o leitor de manchetes a crer que o Brasil deve essa quantia em aluguéis de nossas embaixadas e escritórios consulares e comerciais e que o despejo é iminente, quando a reportagem informa claramente que são verbas para o bimestre agosto-setembro.A colocação de forma atemporal quanto a viagem de Lula, insinua que ele
já fez a viagem e que deixou a dívida. Obviamente, a verba está prevista porque
a presença do presidente brasileiro na abertura da Assembleia Geral da ONU, em
setembro, é protocolar e permanente, desde 1955. Apenas em 1983 e 1984, Ronald
Reagan, presidente EUA, exigiu a primazia e desbancou João Figueiredo.
É uma manchete viral que alimentará o mundo da pós verdade ao ser
repostada por incautos de má-fé ou aqueles de boa-fé ungidos pela ignorância
política.
Educação pode mudar o Brasil, e não falo da formal de livros e bancos escolares, mas a civilizatória e humanista.
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