80%
dos eleitores norte-americanos acham que os EUA estão saindo do controle
O extremismo político e a ameaça à democracia são
os maiores temores dos eleitores nos EUA, segundo pesquisa Reuters/Instituto
Ipsos, demonstrando que há uma sombra sobre o sonho americano.
A convenção do Partido Republicano mostrou que o partido foi sequestrado pelo trumpismo.
Ninguém sabe o que fez tradicionais críticos e
adversários ferrenhos de Trump aderirem depois de apenas uma conversa. O único
compreensível é Vance, virtual candidato em 2028, quando Trump terá 82 anos.
Líderes tradicionais do conservadorismo
republicano como George Bush, Dick Cheney, Dan Quayle, Mike Pence, Susan
Collins, Paul Ryan, Mitt Rooney e outros históricos não compareceram e nem se
manifestaram. A Convenção de Milwaukee marca o fim do partido sonhado por
Ronald Reagan e o nascimento do Partido do Trump, sem qualquer vínculo
ideológico ou histórico com suas raízes.
Conhecido tradicionalmente como GOP (Great Old
Party, Velho Grande Partido) o Partido Republicano sofre uma intervenção
nebulosa e perigosa. Fruto da fusão de partidos abolicionistas e conservadores
(Whig e Solo Livre), abandona suas origens assumindo um caráter personalista,
populista e autocrático.
O extremismo de direita está engolindo a direita
democrática em todo o mundo, apesar de Marine Le Pen, na França,
e Giorgia Melone, na Itália, tentarem disfarçar fazendo pequenas
concessões no discurso, mas que não se concretizam na prática.
É um movimento que começou em 2012, nos EUA,
abandonando o debate ideológico e passando ao assédio pessoal à Obama por
questões raciais e pessoais. No Brasil, a vítima foi Dilma, a partir de 2013, e
serviu para fortalecer o discurso isolacionista da extrema-direita “patriota”.
A pandemia do Covid19, em 2020, alavancou sua expansão ao dar oportunidade de
união mundial do seu discurso através dos seus métodos preferidos, descrença no
sistema, ataque à reputação e manipulação de informações.
Os EUA têm mais de 250 partidos registrados
legalmente, mas o sistema foi montado para beneficiar apenas Democratas e
Republicanos em nível nacional, um bipartidarismo perigoso.
O general Golbery anteviu esse risco para o
Brasil ao fazer a reforma partidária, em 1978, e o momento norte americano
mostra que ele tinha razão.
O Capitólio, sem representatividade étnica,
cultural e econômica da população atual do país e tomado pela força do dinheiro
dos lobbies e bancadas hereditárias, ficará carente, também, de ideologia e propósito
político democrático.
Uma sociedade armada e com um líder sem noção é
também um perigo à democracia mundial pelo inevitável isolacionismo. Seu único
aliado será Putin, pelas ligações comerciais e ideológicas com Trump, e outros líderes
menores.
Comunidade Europeia, o Brasil, emergentes
árabes, asiáticos e africanos passam a ter um peso decisivo na geopolítica
mundial como mostra o aumento de adesão ao BRICs e a reeleição da alemã Ursula
Von der Leyen como presidente da Comissão Europeia por mais cinco anos,
isolando os extremistas de direita no parlamento europeu.
A China agradece.
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