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on 19 julho 2024

POLÍTICA - NEM TÃO REPUBLICANO

80% dos eleitores norte-americanos acham que os EUA estão saindo do controle

O extremismo político e a ameaça à democracia são os maiores temores dos eleitores nos EUA, segundo pesquisa Reuters/Instituto Ipsos, demonstrando que há uma sombra sobre o sonho americano.

A convenção do Partido Republicano mostrou que o partido foi sequestrado pelo trumpismo.

Ninguém sabe o que fez tradicionais críticos e adversários ferrenhos de Trump aderirem depois de apenas uma conversa. O único compreensível é Vance, virtual candidato em 2028, quando Trump terá 82 anos.

Líderes tradicionais do conservadorismo republicano como George Bush, Dick Cheney, Dan Quayle, Mike Pence, Susan Collins, Paul Ryan, Mitt Rooney e outros históricos não compareceram e nem se manifestaram. A Convenção de Milwaukee marca o fim do partido sonhado por Ronald Reagan e o nascimento do Partido do Trump, sem qualquer vínculo ideológico ou histórico com suas raízes.

Conhecido tradicionalmente como GOP (Great Old Party, Velho Grande Partido) o Partido Republicano sofre uma intervenção nebulosa e perigosa. Fruto da fusão de partidos abolicionistas e conservadores (Whig e Solo Livre), abandona suas origens assumindo um caráter personalista, populista e autocrático.

O extremismo de direita está engolindo a direita democrática em todo o mundo, apesar de Marine Le Pen, na França, e Giorgia Melone, na Itália, tentarem disfarçar fazendo pequenas concessões no discurso, mas que não se concretizam na prática.

É um movimento que começou em 2012, nos EUA, abandonando o debate ideológico e passando ao assédio pessoal à Obama por questões raciais e pessoais. No Brasil, a vítima foi Dilma, a partir de 2013, e serviu para fortalecer o discurso isolacionista da extrema-direita “patriota”. A pandemia do Covid19, em 2020, alavancou sua expansão ao dar oportunidade de união mundial do seu discurso através dos seus métodos preferidos, descrença no sistema, ataque à reputação e manipulação de informações.

Os EUA têm mais de 250 partidos registrados legalmente, mas o sistema foi montado para beneficiar apenas Democratas e Republicanos em nível nacional, um bipartidarismo perigoso.

O general Golbery anteviu esse risco para o Brasil ao fazer a reforma partidária, em 1978, e o momento norte americano mostra que ele tinha razão.

O Capitólio, sem representatividade étnica, cultural e econômica da população atual do país e tomado pela força do dinheiro dos lobbies e bancadas hereditárias, ficará carente, também, de ideologia e propósito político democrático.

Uma sociedade armada e com um líder sem noção é também um perigo à democracia mundial pelo inevitável isolacionismo. Seu único aliado será Putin, pelas ligações comerciais e ideológicas com Trump, e outros líderes menores.

Comunidade Europeia, o Brasil, emergentes árabes, asiáticos e africanos passam a ter um peso decisivo na geopolítica mundial como mostra o aumento de adesão ao BRICs e a reeleição da alemã Ursula Von der Leyen como presidente da Comissão Europeia por mais cinco anos, isolando os extremistas de direita no parlamento europeu.

A China agradece.