Um trabalho conjunto realizado por pesquisadores da Universidade de Cambridge, Boston College e advogados da 4Day Week Global analisou o resultado de um projeto implantado em 61 empresas de diversos setores (serviços, bancos, indústria), no Reino Unido, durante seis meses, com a jornada de trabalho semanal de quatro dias.
No final, todas as empresas registraram quedas acentuadas no turnover e absenteísmo, mantendo ou
aumentando a produtividade durante o estudo.
A novidade forçou líderes a melhorar sua capacidade de gestão e as equipes
identificaram gargalos que sabotavam a produtividade. Viagens desnecessárias,
reuniões em excesso ou não essenciais, prazos dilatados, preenchimento de
planilhas em nuvem e relatórios diários foram detectados como atividades que
atrapalham o fluxo de trabalho e foram eliminados para reduzir o estresse e melhorar
a produtividade.
Ninguém trabalhou menos, apenas tornaram a jornada mais eficiente destinando
mais tempo para atividades que gerem mais resultado.
Medir produtividade é complexo porque envolve competências individuais,
ferramentas, fatores externos e variações na disposição física e emocional do
colaborador.
É possível aumentar a produtividade da turma de 40 horas? Talvez. Há limites
para o ser humano manter desempenho satisfatório e concentração permanente, sem
exigir pausas e intervalos. O plus na
jornada multiplica o risco de erro, aumenta o estresse e abala a saúde física e
mental. Já tivemos jornadas de 14 horas ou mais, reduzidas às 40 horas atuais na
maioria das sociedades capitalistas. Tecnologia, processos fluidos,
inteligentes, gestão humanizada e inovação podem reduzi-la ainda mais, sem
prejuízo à produtividade.
A empresa operará apenas 4 dias? Não. As equipes podem definir a jornada,
trabalhando parte dela de segunda à quinta e parte de terça à sexta. Isso abre
espaço para novas equipes.
Como resultado, 46% das empresas mantiveram
os índices de produtividade, 34% relataram uma ligeira melhora e 15% uma melhora significativa. O aumento
médio da receita foi de 47%.
Para o trabalhador, 39% disse estar menos estressado e cerca de metade não
notou mudança. Alguns estavam tão presos à rotina que precisaram de ajuda para
se adaptarem ao novo ritmo, desacostumados que estavam em ter vida fora do
trabalho.
A saúde mental melhorou para quase 50% e 37% observou melhora na saúde
física.
Testes semelhantes começaram a ser feitos nos EUA, Canadá, Austrália, Nova
Zelândia, Islândia e Brasil. A Espanha tem um projeto de pagar às empresas que
participarem do projeto.
A grande maioria das empresas participantes permanecerá com o sistema por mais algum tempo e outras farão
adequações para tornar permanente. O
que iniciou na pandemia do Covi19 como redução do estresse, virou política de produtividade, retenção e recrutamento.
Do resultado, alguns pontos são relevantes, outros merecem análise mais atenta
porque essa não pode ser uma regra geral.
A implantação deve ser precedida da avaliação da pertinência, natureza e
necessidade específica de cada negócio, além da preparação da alta gerência e
líderes à mudança de mentalidade e cultura.
Na transição do mundo VUCA
para o BANI, reviews, planning, daily, meets e planilhas devem ser usadas com mais equilíbrio. Antes de
tomar a decisão de implantar a nova jornada, sugiro avaliar o uso do sistema de
produtividade da Nasa* e a Lei de Parkinson**.
Nada será como antes, porque o RESULTADO
é mais significativo que o ESFORÇO.
*Método Nasa de
Produtividade: produtividade não é fazer mais
rápido, mas na ordem correta.
**Lei de Parkinson: dê uma tarefa e um prazo a alguém e ela lhe entregará no prazo. Se não der prazo, a pessoa fará no menor tempo possível.
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