Cincopes

on 16 março 2023

PROSA - CAMARADAGEM OU CUMPLICIDADE

Muitas práticas comuns no Exército, ficaram mais transparente à sociedade nos últimos anos.

Uma delas é o sentido de camaradagem, quando irmãos de armas compartilham princípios como honra, lealdade e verdade, sendo confundido com cumplicidade, compactuar com irresponsáveis, criminosos e traidores.

Outra é a tibieza e conivência de líderes e comandantes cuja omissão beira a indisciplina, quando um militar avisa ao seu superior que vai cometer uma transgressão e nada acontece. Como mau exemplo e como incapacidade de liderança é extremamente grave.

Nos anos 80, o Exército passou pano nas estrepolias, insubordinações e crimes do capitão com a ajuda do STM (Superior Tribunal Militar). Um cidadão com seu perfil jamais poderia ser reabilitado pelas FFAA. No plano militar é um ex-presidiário, descondenado, terrorista confesso, mau oficial, péssimo militar, insubmisso, amotinado e mentiroso. Na esfera civil é misógino, preconceituoso, fariseu, entreguista, mau político, fisiologista e corrupto confesso. Não podia ser a figura escolhida por generais golpistas para liderar um movimento.

E mostra como alguns generais resgataram do poço essa figura. Mesmo sendo parlamentar por 28 anos, só recebeu o certificado de seu curso inconcluso da ESAO quando foi eleito presidente. Por décadas, o Exército o manteve em seu lugar, no ostracismo das fileiras verde oliva.

Talvez tenham sido bons generais, mas são péssimos cidadãos e políticos, colocando a integridade do país, a paz social e a democracia em risco.

Tinha tudo pra não dar certo e deu!

Fantasmas da ditadura ainda rondam por aí porque nunca punimos os golpistas devidamente.

Na época da Comissão da Verdade, um oficial superior de uma das turmas da década de 70 me disse que não podiam permitir revolver o passado para preservar a memória dos veteranos, “proteger nossos velhinhos” foi a expressão que usou.

Essa mentalidade evita que a verdadeira história seja escrita, os covardes conhecidos e os golpistas punidos, mantendo o país no limbo por décadas.

O espírito não belicoso brasileiro faz com que o golpismo seja brasa adormecida reativada periodicamente por malucos. É preciso jogar água abundantemente nessa chama e ter uma legislação rescaldo, reagindo com rapidez e rigor toda vez que doidos tentarem reaviva-la.

É preciso um corte, um basta, um golpe de mão objetivo e efetivo que não permita sobressaltos periódicos à sociedade, afaste as ameaças à democracia e dê paz duradoura ao país.

Todo o brasileiro consciente e do bem deve assistir o filme argentino, 1985, com inveja e muita vergonha.