Cincopes

on 16 janeiro 2024

PLANEJAMENTO - TUDO SE RESUME EM DADOS

As AI generativas têm a capacidade de aprender por repetição e criar novas informações a partir de conjuntos de dados pré-existentes. Por melhor que a ferramenta performe, se os dados não forem de qualidade, o resultado será insatisfatório.

Na série de TV ChicagoMed, uma AI orienta uma equipe médica em cirurgias extremamente delicadas. Num procedimento, o cirurgião qualificado e experiente confronta a AI, mas é vencido pela pretensa infalibilidade do equipamento e se submete deixando o equipamento aplicar sua própria solução, o que leva à morte do paciente.

É uma discussão ética de ficção que temos que trazer para o mundo real porque já temos casos concretos como a criação de jurisprudência em ações judiciais e tentativa de sedução e aliciamento de menores por AI, além das notícias recentes sobre a agressão de um robô a um técnico na fábrica da Tesla, em Austin, no Texas (EUA). O preocupante foi a descoberta de vários casos não relatados ocorridos na fábrica de Elon Musk. O levantamento mostra que 1 a cada 21 dos mais de 20.000 funcionários teve algum tipo de incidente, em 2023.

E o mercado prevê que em 5 anos, os influencers de carne e osso serão substituídos pelos gerados por AI, como a espanhola Aitana López (@fit_aitana) e a argentina Maia Lima (@limaiaaa), ambas da agência espanhola de AI, The Clueless. Aitana já fatura mais de U$ 1,000 por post e mesmo informando que é digital usando a hashtag #aimodel, sua credibilidade é crescente, interagindo com mais de 255 mil seguidores.

A iniciativa da empresa jornalística The New York Times em processar a Microsoft e a Open AI por direitos autorais interessa ao mundo inteiro. Seu argumento é sólido porque a inteligência artificial não cria, apenas compila numa velocidade impressionante, dados gerados por milhões de pessoas e empresas. Ela pode escrever o roteiro de um blockbuster usando como base dezenas, centenas ou milhares de obras de autoria de roteiristas de carne e osso, inclusive nossas postagens em redes sociais.

O nó da questão é como criptografar dados para preservar da concorrência e da liberalidade da internet. Governança, banco de dados organizados e higienizados, informação de qualidade, integração, data lake com capacidade de processamento e proteção múltipla são preocupações que envolvem diretamente a privacidade, o direito autoral e a segurança individual.

Tão importante quanto obter é saber como coletar, preservar e usar os dados e isso só é possível com a educação e disciplina dos usuários. Eles precisam de orientação sobre gestão de privacidade e uso de processos específicos como revisão sistemática e periódica dos acessos, senhas e operações realizadas. A responsabilização deve ser de todo o ecossistema, seja próprio, terceirizado ou parceiro.

Quanto melhor o tratamento, melhor a performance, segurança e qualidade do resultado.

Vivemos um momento de transição onde o cuidado e a responsabilidade individual ganham importância. Lembrando que 2024 será o primeiro ano pós cookies.

Há grande movimentação em torno de AI, mas pouco conhecimento e nenhum planejamento. Engatinhamos no assunto, sem uma real dimensão do seu potencial e limites.