As AI generativas têm a capacidade de aprender por repetição e criar novas informações a partir de conjuntos de dados pré-existentes. Por melhor que a ferramenta performe, se os dados não forem de qualidade, o resultado será insatisfatório.
Na série de TV ChicagoMed, uma AI orienta uma equipe médica em cirurgias
extremamente delicadas. Num procedimento, o cirurgião qualificado e experiente confronta
a AI, mas é vencido pela pretensa infalibilidade do equipamento e se submete deixando
o equipamento aplicar sua própria solução, o que leva à morte do paciente.
É uma discussão ética de
ficção que temos que trazer para o mundo real porque já temos casos concretos como
a criação de jurisprudência em ações
judiciais e tentativa de sedução e
aliciamento de menores por AI, além das notícias recentes sobre a agressão de um robô a um técnico na
fábrica da Tesla, em Austin, no Texas (EUA). O preocupante foi a descoberta de
vários casos não relatados ocorridos na fábrica de Elon Musk. O levantamento
mostra que 1 a cada 21 dos mais de 20.000 funcionários teve algum tipo de incidente, em 2023.
E o mercado prevê que em 5 anos, os influencers
de carne e osso serão substituídos pelos gerados por AI, como a espanhola
Aitana López (@fit_aitana) e a argentina Maia Lima (@limaiaaa), ambas da
agência espanhola de AI, The Clueless. Aitana já fatura mais de U$ 1,000 por
post e mesmo informando que é digital usando a hashtag #aimodel, sua
credibilidade é crescente, interagindo com mais de 255 mil seguidores.
A iniciativa da empresa jornalística The New York Times em processar a Microsoft e a Open AI por
direitos autorais interessa ao mundo inteiro. Seu argumento é sólido porque a inteligência artificial
não cria, apenas compila numa
velocidade impressionante, dados gerados por milhões de pessoas e empresas. Ela
pode escrever o roteiro de um blockbuster
usando como base dezenas, centenas ou milhares de obras de autoria de
roteiristas de carne e osso, inclusive nossas postagens em redes sociais.
O nó da questão é como criptografar
dados para preservar da concorrência e da liberalidade
da internet. Governança, banco de dados organizados
e higienizados, informação de qualidade, integração, data lake com capacidade de processamento e proteção múltipla são
preocupações que envolvem diretamente a privacidade, o direito autoral e a
segurança individual.
Tão importante quanto obter é saber como coletar, preservar e
usar os dados e isso só é possível com a educação
e disciplina dos usuários. Eles
precisam de orientação sobre gestão
de privacidade e uso de processos específicos como revisão sistemática e
periódica dos acessos, senhas e operações realizadas. A responsabilização deve
ser de todo o ecossistema, seja próprio,
terceirizado ou parceiro.
Quanto melhor o tratamento, melhor a performance, segurança e qualidade do resultado.
Vivemos um momento de transição
onde o cuidado e a responsabilidade individual ganham importância. Lembrando
que 2024 será o primeiro ano pós cookies.
Há grande movimentação em torno de AI, mas pouco conhecimento e nenhum planejamento. Engatinhamos no assunto,
sem uma real dimensão do seu
potencial e limites.
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