Cincopes

on 08 janeiro 2024

POLÍTICA - ELEIÇÕES 2024, DEBATE E COMBATE

A política nacional cuida de sua vida, a política municipal cuida da sua casa.

A eleição de 2024 terá como característica a tentativa de nacionalizar o debate marcando diferenças ideológicas e a guerrilha urbana pessoal ou de pequenos grupos nos municípios.

No discurso, teremos o debate ideológico e no combate aproximado, o buraco da esquina.

Só quem não conhece a complexidade de uma disputa eleitoral e não convive com o mercado da tecnologia pode afirmar que a campanha ficou barata. Ao contrário, ficou bem mais cara.

A equipe de audiovisual tinha que se preocupar apenas com os comerciais e programas do horário eleitoral, com direito a um respiro no domingo. Hoje, produz incessantemente para várias plataformas. Mesmo que o tema seja o mesmo, a forma e o formato devem ser diferentes exigindo uma equipe ágil e qualificada. E os canais – facebook, instagram, youtube, whatsapp, site, tiktok, telegram, blog e outros, devem ser abastecidos e monitorados nas 24 horas com programas, programetes, clipes, memes, cards, copys, comerciais, depoimentos, testemunhais, pronta-respostas, argumentos, gráficos e jingles.

Nas minhas primeiras campanhas, a gente acompanhava o horário eleitoral, assistia os telejornais do final de noite, conferia as manchetes dos jornais do dia seguinte, encaminhava a pauta e ia dormir. Hoje, você pode ser atingido por um torpedo enquanto dorme. E a interatividade exige equipes em permanente rodízio no monitoramento e pronta-resposta, dia e noite.

E no mundo virtual, geralmente você só dá a partida porque o ritmo da campanha é definido pela disputa. Ações dos adversários, notícias, boatos, fake news, debates e pesquisas podem fazer você ter que se reposicionar ou fortalecer a presença virtual e física em curtíssimo prazo.

Posso garantir que é um custo muito mais elevado do que os velhos showmícios. São muitos mais profissionais e muito mais caros, além do custo com máquinas, ferramentas e softwares.

Na disputa municipal, o discurso nacional pode causar ruídos nas questões que tocam e motivam as pessoas na decisão do voto.

Uma forma de superar ou minimizar esse impacto é a personalização do discurso. Direcionar ao cidadão identificando o problema e apresentando a solução. A velha mania de falar das filas, do buraco ou do mal atendimento, não comove o eleitor porque ele é expert em sofrer essa dor. Muitas vezes, ele percebe que a indignação do candidato é mais falsa que nota de R$3.

E a prestação de contas periódica ratifica sua postura e dá credibilidade porque o eleitor sabe onde você estava quando os problemas aconteciam ou os projetos eram discutidos ou votados.

Uma campanha é uma corrida de longo curso e devem ser definidas várias metas no percurso e sua intensidade deve ser crescente.

E outra certeza é a necessidade de suporte profissional porque lealdade é artigo raro em eleições, traições acontecerão.

No Brasil, os políticos e partidos ainda não têm foco em comunicação política objetiva. Tudo é resolvido no período eleitoral, quando você disputa a atenção do eleitor com centenas de outros candidatos, o que encarece o trabalho, aumenta seu esforço e diminui o alcance da mensagem.

O bom político é aquele que se move e depois se deixa ver.