A política nacional cuida de sua vida, a política municipal cuida da sua casa.
A eleição de 2024 terá como característica a tentativa de nacionalizar o
debate marcando diferenças ideológicas
e a guerrilha urbana pessoal ou de
pequenos grupos nos municípios.
No discurso, teremos o debate
ideológico e no combate aproximado,
o buraco da esquina.
Só quem não conhece a complexidade
de uma disputa eleitoral e não convive com o mercado da tecnologia pode afirmar que a campanha ficou barata. Ao contrário,
ficou bem mais cara.
A equipe de audiovisual tinha que se preocupar apenas com os comerciais e
programas do horário eleitoral, com
direito a um respiro no domingo. Hoje, produz incessantemente para várias plataformas. Mesmo que o tema seja o
mesmo, a forma e o formato devem ser diferentes exigindo uma equipe ágil e qualificada. E os canais
– facebook, instagram, youtube, whatsapp, site, tiktok, telegram, blog e outros, devem ser abastecidos
e monitorados nas 24 horas com
programas, programetes, clipes, memes, cards,
copys, comerciais, depoimentos,
testemunhais, pronta-respostas, argumentos, gráficos e jingles.
Nas minhas primeiras campanhas, a gente acompanhava o horário eleitoral,
assistia os telejornais do final de noite, conferia as manchetes dos jornais do
dia seguinte, encaminhava a pauta e ia dormir. Hoje, você pode ser atingido por
um torpedo enquanto dorme. E a interatividade exige equipes em
permanente rodízio no monitoramento e pronta-resposta,
dia e noite.
E no mundo virtual, geralmente você só dá a partida porque o ritmo da campanha é definido pela
disputa. Ações dos adversários, notícias, boatos, fake news, debates e pesquisas podem fazer você ter que se reposicionar ou fortalecer a presença virtual e física em curtíssimo prazo.
Posso garantir que é um custo
muito mais elevado do que os velhos showmícios. São muitos mais profissionais e
muito mais caros, além do custo com máquinas, ferramentas e softwares.
Na disputa municipal, o discurso nacional pode causar ruídos nas questões que tocam e motivam as pessoas na decisão
do voto.
Uma forma de superar ou minimizar esse impacto é a personalização do discurso. Direcionar ao cidadão identificando o
problema e apresentando a solução. A velha mania de falar das filas, do buraco
ou do mal atendimento, não comove o eleitor porque ele é expert em sofrer essa dor. Muitas vezes, ele percebe que a
indignação do candidato é mais falsa
que nota de R$3.
E a prestação de contas periódica
ratifica sua postura e dá credibilidade
porque o eleitor sabe onde você estava quando os problemas aconteciam ou os projetos eram discutidos ou votados.
Uma campanha é uma corrida de longo
curso e devem ser definidas várias metas
no percurso e sua intensidade deve ser crescente.
E outra certeza é a necessidade de suporte
profissional porque lealdade é artigo raro em eleições, traições
acontecerão.
No Brasil, os políticos e partidos ainda não têm foco em comunicação política objetiva. Tudo é
resolvido no período eleitoral, quando você disputa a atenção do eleitor com
centenas de outros candidatos, o que encarece o trabalho, aumenta seu esforço e
diminui o alcance da mensagem.
O bom político é aquele que se move e depois se deixa ver.
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